'Não se trata de combater o envelhecimento, mas de trazer ganhos que permitam aproveitar melhor essa etapa da vida' -  (crédito: Freepik)

A medicina preventiva pode levar a uma redução dos custos de saúde a longo prazo

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No início do século 20, a expectativa de vida era significativamente mais baixa do que hoje em dia. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 1950, a expectativa de vida era de 46 anos. Já entre 2019 e 2021, chegou aos 71,4 anos. Para 2050, a expectativa de vida deve aumentar para 78,1 anos, de acordo com o estudo detalhado na revista The Lancet.

Com a evolução da medicina e da tecnologia médica ao longo dos séculos e até hoje, a expectativa de vida aumentou significativamente e as condições de saúde também mudaram. O envelhecimento da população e a maior prevalência de doenças crônicas trouxeram como resultado estilos de vida menos saudáveis, além de outros fatores, a exemplo da incidência de doenças como câncer e Alzheimer.


 

Além disso, em muitas partes do mundo as pessoas enfrentavam condições de vidas mais difíceis, com acesso limitado a cuidados básicos, condições sanitárias inadequadas, falta de higiene e nutrição deficiente. Com isso, muitas pessoas morreram de doenças infecciosas, desnutrição, e outras complicações decorrentes das condições de vida precárias. “É correto afirmar que, dadas as condições da época, certas doenças crônicas como câncer e Alzheimer eram menos prevalentes, simplesmente porque as pessoas não viviam o tempo suficiente para desenvolvê-las”, afirma o médico Luís Carlos Silveira, fundador do spa médico Kurotel. 


Portanto, embora seja verdade que as pessoas viviam menos, e que as doenças crônicas eram menos comuns no início do século 20, não significa que essas doenças não existissem. “O aumento da expectativa de vida e os avanços na medicina nos permitiram identificar e tratar essas condições de forma mais eficaz, mas também nos apresentaram novos desafios da saúde que nós precisamos enfrentar”, ressalta o especialista em medicina preventiva. 


No entanto, para ele, a medicina tradicional tem focado no tratamento de doenças depois que elas se manifestaram. Por isso, ele destaca a importância de identificar e mitigar os fatores de risco antes que as doenças ocorram. 


Como ele também cita, estudos e estatísticas têm demonstrado que muitas doenças crônicas e condições de saúde podem ser prevenidas ou retardadas com a adoção de algumas medidas, como prevenção primária, que visa evitar o desenvolvimento de doenças, e a prevenção secundária, que detecta e trata doenças precocemente.

 

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Para a prevenção de doenças crônicas, são fundamentais intervenções, como:

 

  • Promoção do estilo de vida saudável

  • Alimentação equilibrada

  • Exercícios físicos regulares

  • Abandono do tabagismo

  • Programas de rastreamento de saúde, como a vacinação

  • Gestão do estresse

  • Controle de fatores de risco, como pressão e colesterol alto


Além disso, a medicina preventiva também pode levar a uma redução dos custos de saúde a longo prazo, já que prevenir doenças, geralmente, é mais eficiente economicamente do que tratar condições que já se desenvolveram.


As mudanças no estilo de vida podem, inclusive, diminuir ou eliminar o uso de medicamentos - cujos efeitos colaterais podem variar de leves a graves, e podem afetar as pessoas de maneiras diferentes. “Integrar mudanças de estilo de vida em conjunto com o tratamento médico pode não apenas reduzir a necessidade de medicamentos, mas melhorar os resultados de saúde a longo prazo”, afirma.  


 Luís Carlos também alerta para o risco da demonização dos fármacos, já que existem condições em que o uso de drogas químicas pode ser necessário e benéfico, especialmente em condições graves ou emergências médicas. “Nesses casos, é importante que os medicamentos sejam prescritos e administrados adequadamente com um monitoramento cuidadoso por conta dos efeitos colaterais."

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.