As patologias psiquiátricas que mais são associadas à tontura e ao zumbido no ouvido certamente provêm da ansiedade com diferentes transtornos -  (crédito: Freepik)

As patologias psiquiátricas que mais são associadas à tontura e ao zumbido no ouvido certamente provêm da ansiedade com diferentes transtornos

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As emoções definitivamente estão ligadas ao comportamento humano, mas elas também podem agravar problemas de saúde. A ansiedade, por exemplo, pode ser maléfica e agravar problemas como tontura e zumbido. “As patologias psiquiátricas que mais são associadas à tontura e ao zumbido no ouvido certamente provêm da ansiedade com diferentes transtornos, como Transtorno de Ansiedade Generalizada e Síndrome do Pânico. Além disso, a depressão também costuma ser mais prevalente nesses pacientes. Mas não podemos afirmar que a ansiedade, isoladamente, seja a causa da tontura e do zumbido. No entanto, ela com certeza agrava os problemas e é agravada por eles, já que pacientes com zumbido e tontura não tratadas podem ter piora do quadro de saúde mental”, diz a médica otorrinolaringologista e especialista em tontura e zumbido, Nathália Prudencio.

Segundo a médica, não há dúvidas de que, nos tempos atuais, há maior demanda emocional e temas como ansiedade e estresse estão em alta nas discussões acadêmicas, na mídia, na internet e nas conversas do dia a dia. “As emoções são também uma expressão da nossa fisiologia e já sabemos que a sobrecarga no trabalho, nos estudos e nas relações, por exemplo, pode gerar efeitos diversos na saúde. Mas, no caso da tontura e do zumbido, precisamos identificar a real causa para tratar tontura e zumbido de maneira assertiva. E, claro, a ansiedade também deverá ser tratada, pois ela é um agravante”, conta a médica.

Qual a relação da ansiedade com a tontura?

O que se sabe, explica a especialista, é que o estresse crônico, a maior demanda emocional e a ansiedade podem funcionar como gatilhos ou piorar a percepção do sintoma, principalmente em doenças crônicas causadoras de tontura, como a TPPP (Vertigem Fóbica), a Enxaqueca Vestibular e a Doença de Ménière.

 

 

“As alterações que observamos durante uma crise de ansiedade, como inquietação, apreensão, palpitação e respiração acelerada, são decorrentes de uma grande liberação de adrenalina no organismo. Em alguns casos, o aumento da frequência cardíaca e a hiperventilação podem diminuir o fluxo sanguíneo no cérebro e provocar tonturas ou sensação de atordoamento durante a crise. Quando o sintoma é persistente, porém, é provável que exista alguma anormalidade no sistema vestibular ? responsável por regular o nosso equilíbrio, a nossa coordenação e a nossa orientação espacial ?, ou problemas hormonais e metabólicos associados”, esclarece a otoneurologista. No entanto, a tontura, sim, pode gerar ansiedade, especialmente no início do quadro, devido ao seu caráter imprevisível, segundo Nathália.

E no caso do zumbido? Como a ansiedade pode influenciá-lo?

De acordo com a médica, essa relação entre ansiedade e zumbido é muito comum e pode dar algumas pistas sobre o quadro do paciente e, principalmente, sobre como ele se relaciona com o zumbido. “Sabemos, hoje, que apenas um em cada dez pacientes apresenta o zumbido como um incômodo importante. Nessas pessoas, o sintoma pode ser um fator determinante para o surgimento ou agravamento de transtornos do humor, como a ansiedade e a depressão. Por outro lado, observamos também que períodos de maior estresse ou demanda emocional podem influenciar a maneira como o paciente vivencia o sintoma. Nesses momentos, as pessoas tendem a atribuir maior atenção ao som e aos seus impactos no dia a dia”, diz Nathália.

 

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Não são os fatores emocionais, isoladamente, que desencadeiam esse quadro, reforça. Na maioria das vezes, há vários outros fatores envolvidos e o fator emocional acaba funcionando como um gatilho para aparecimento do zumbido no ouvido no paciente, que já tinha outros motivos para tê-lo. A médica acrescenta que o zumbido também pode ser desencadeado por infecções, transtornos do labirinto, cerume impactado, medicamentos, alterações vasculares e desordens funcionais.

 

Conforme Nathália, pacientes cujo zumbido está relacionado à disfunção da articulação temporomandibular (que controla o movimento de abrir e fechar a boca), por exemplo, podem experimentar uma piora do sintoma em momentos de tensão, pois esse estado pode gerar maior apertamento dentário e contraturas musculares próximas ao ouvido.

 

“Pessoas com mordida errada, bruxismo ou que realizaram procedimentos dentários também podem apresentar zumbido no ouvido pelo mesmo motivo. Na maior parte dos casos, o que observamos é que os fatores emocionais influenciam diretamente a percepção do paciente sobre o zumbido e as características do zumbido em si, como o aumento da intensidade do som”, explica.

 

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“Quando analisamos a relação entre zumbido no ouvido e ansiedade, o que mais nos preocupa são os impactos do sintoma na saúde mental do paciente e não o oposto. A maioria das pessoas que apresentam o zumbido tendem a se habituar ao sintoma e não o percebem como um incômodo importante. Para a minoria que sofre com a presença do som, porém, o zumbido pode afetar significativamente sua qualidade de vida. Se comparamos um grupo de pessoas sem zumbido com um grupo de pessoas que têm o sintoma, observamos uma prevalência maior de transtornos de humor entre aqueles que apresentam o zumbido”, diz a médica.

O que fazer?

É necessário entender que esses sintomas precisam ser investigados por um médico otorrinolaringologista ou um otoneurologista (otorrino especialista em zumbido e tontura) para obter um diagnóstico confiável. “Existem vários tratamentos, de acordo com a causa, que podem melhorar os sintomas. No caso da ansiedade, o acompanhamento psicológico também pode ajudar e diminuir o peso desse agravante”, indica a médica otoneurologista.