SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A morte de um indiano de 14 anos por Nipah vírus e a identificação de 60 pacientes com alto potencial de infecção deixou autoridades do país em alerta neste domingo (21/7). Os casos aconteceram no estado de Kerala, onde o governo trabalha para identificar e isolar pessoas infectadas.
O Nipah é classificado como um patógeno prioritário pela OMS (Organização Mundial da Saúde) pelo seu potencial de desencadear uma epidemia. Não existe vacina nem tratamento para combater o vírus.
Veja a seguir o que é o vírus e como é dada a sua transmissão.
Originário em morcegos, surtos do vírus são registrados na Ásia. Ele deixa alguns pacientes assintomáticos e outros com sintomas graves, como infecções respiratórias agudas e encefalite (uma inflamação no cérebro que pode levar a lesões cerebrais permanentes e morte), de acordo com a OMS. Também infecta e mata animais.
Febre, dor de cabeça, dor muscular, dor de garganta e vômitos podem aparecer nas fases iniciais da infecção. Seguidas de tontura, sonolência, e alterações do estado de consciência, sintomas de encefalite. O paciente também pode ter pneumonia e problemas respiratórios, e, em quadro severos, convulsões, de acordo com a OMS.
A taxa de fatalidade humana do Nipah é de 40% a 75%, variando pela capacidade de monitoramento de autoridades e a qualidade do tratamento médico, de acordo com a OMS.
Ele foi descoberto em 1999 durante um surto de infecção entre fazendeiros de porcos na Malásia. Bangladesh e o leste da Índia têm surtos periódicos da doença, de acordo com a OMS.
COMO ELE TRANSMITE ENTRE HUMANOS?
O Nipah é transmissível entre animais e humanos, por meio de contato com animais, pessoas e alimentos infectados. A exposição à secreção de porcos, por exemplo, e o consumo de frutas contaminadas com urina ou saliva de morcegos com o vírus são as causas mais prováveis da doença, de acordo com a OMS.
Entre humanos, grande parte das transmissões registradas acontecem pelo contato entre pacientes e prestadores de cuidados, como parentes e profissionais da saúde. O período de incubação da doença é de quatro a 14 dias, de acordo com a OMS.
Os sintomas pouco específicos do vírus dificultam seu diagnóstico, controle e combate, de acordo com a organização. Ele é principalmente detectado por meio de testes RT-PCR (também usados para detectar o coronavírus) e ELISA (que analisa a presença de anticorpos no paciente).
QUAIS AS FORMAS DE PREVENÇÃO?
O monitoramento e quarentena de animais infectados é o principal método de prevenção recomendado pela OMS, além da limpeza e desinfecção contínua de fazendas de porcos. Equipamentos de proteção devem ser usados para manusear animais com o vírus. Também é importante diminuir o acesso de morcegos à comidas frescas, que devem ser fervidas ou lavadas antes do consumo.
Entre humanos, o contato com pacientes infectados deve ser limitado, e aqueles que o fizerem devem lavar as mãos após contatos e visitas. Prestadores de cuidados devem usar equipamentos de proteção.
EXISTE O RISCO DE UMA EPIDEMIA CHEGAR AO BRASIL?
Os riscos de uma epidemia no Brasil são baixos. Os surtos do Nipah até agora ficaram contidos em suas regiões de ocorrência, de acordo com especialistas.
Mesmo assim, um estudo de 2023 feito por pesquisadores da Ufrj (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e do Instituto Evandro Chagas afirma que o Brasil tem um sistema de vigilância muito ativo e estruturado para o combate de uma eventual pandemia de Nipah vírus.