As patologias mais comuns que afetam crianças são os resfriados, a bronquiolite viral aguda e as pneumonias virais ou bacterianas -  (crédito: Freepik)

As patologias mais comuns que afetam crianças são os resfriados, a bronquiolite viral aguda e as pneumonias virais ou bacterianas

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Até 22 de setembro, quando termina o inverno, é marcado o período de sazonalidade das doenças respiratórias, quando há grande circulação dos vírus. Dados do Boletim InfoGripe, acompanhamento semanal feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado em 19 de julho, registram nas últimas seis semanas tendência de aumento nos estados do Sudeste, à exceção do Rio de Janeiro, da internação de crianças pequenas para tratamento de infecções causadas pelos vírus influenza (gripe), sincicial respiratório e rinovírus.


De acordo com a pneumologista pediátrica e professora do curso de Medicina da Faseh, Lais Meirelles Nicoliello Vieira, as patologias mais comuns que afetam crianças são os resfriados, a bronquiolite viral aguda e as pneumonias virais ou bacterianas. “Em especial, esse ano, estamos vivendo um aumento expressivo de casos de coqueluche e pneumonia atípica”, explica.

 


 

A docente destaca que é normal uma criança que frequenta escola ou creche ter de oito a dez resfriados por ano. “Ela pode apresentar tosse e coriza de forma frequente, porque está sempre em contato com os vírus. Mas, se tiver febre por mais de três dias, cansaço e dificuldade para respirar, deve ser levada para a avaliação de um pediatra”.
 

Nos casos de asma, bronquite, bronquiolite ou pneumonia, os sintomas são um pouco diferentes. “Nestas condições, as crianças podem ter, além de tosse e da congestão nasal, por vezes febre e também cansaço, esforço ou dificuldade para respirar, utilizando a barriguinha para auxílio na respiração. Pode ser difícil do ponto de vista leigo diferenciar, mas é importante que os pais reconheçam os sinais de alarme e que seja feita a avaliação médica adequada”, enfatiza a especialista.


Fatores de risco e tratamentos

Laís aponta os principais fatores de risco para os pequenos: crianças prematuras ou que nasceram com baixo peso (menos de 2,5 quilos); que apresentem alguma comorbidade (diabetes, hipertensão, fibrose cística, anemia falciforme) e aquelas que frequentam creche antes de dois anos de idade. “Elas são mais vulneráveis e às vezes podem apresentar quadros mais graves”. A professora realça que também são considerados fatores de risco “a convivência com pessoas tabagistas inclusive na fase intraútero, e com aglomerações, ambientes fechados e em locais com muita poeira e partículas finas”.

 

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Como as patologias do sistema respiratório são múltiplas e podem se apresentar em diversas formas e gravidade, a docente ressalta que o tratamento deve ser individualizado a partir do diagnóstico médico. “Quando o paciente apresenta um quadro simples de resfriado comum com tosse, febre baixa e o nariz escorrendo secreção bem clarinha e sem sinais de alarme, habitualmente, a causa é por vírus”.
 

Não existem remédios que matam os vírus, apenas para controle dos sintomas. “Nessas condições, a recomendação é lavar exaustivamente o nariz da criança e medicar em caso de dor e febre. Os casos de dificuldade e esforço para respirar devem ser avaliados pelo pediatra para receber o diagnóstico correto e o tratamento adequado”.
 

Quando procurar atendimento?

Lais reforça que pais e responsáveis não precisam buscar atendimento médico para os casos de resfriados comuns. “A família deve levar para consulta quando a criança tiver febre por mais de três dias, para avaliar se trata de um quadro bacteriano. E, antes disso, se apresentar manchas no corpo, crise convulsiva, dificuldade e esforço para respirar, não estiver aceitando nada de líquido ou alimentos e parar de urinar”.

 

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A pneumologista evidencia a importância do vínculo da relação médico-paciente. “O pediatra que faz o acompanhamento da criança já sabe das doenças prévias, o que facilita a assistência”.
 

Prevenção

A docente afirma que a maneira mais eficaz de evitar as gripes é a prevenção. “Cuidados como a lavagem das mãos, o uso de máscara em pacientes sintomáticos, a limpeza nasal e o afastamento da escola das crianças que apresentem sintomas, além de manter a vacinação em dia e priorizar atividades ao ar livre durante este período mais frio”.
 

Lais frisa que é essencial manter o calendário vacinal em dia, “incluindo as vacinas contra a COVID-19 e a Influenza (vírus da gripe). Pais e responsáveis devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) e solicitar a conferência do cartão de vacina para saber se está tudo em dia”.
 

A professora reforça a importância da higienização nasal com uso de soro fisiológico nos casos sintomáticos. “Como a secreção nasal contém grande carga viral, é fundamental lavar as narinas da criança com uso de soro fisiológico de uma forma gentil, ou seja, com volume, mas sem pressão, para evitar o risco de otite”, ensina.