O oncologista André Murad, ex-professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi entrevistado pela reportagem do Estado de Minas, nesta quinta-feira (4/7), para explicar os desdobramentos do pronunciamento do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Nomam, que anunciou estar em tratamento de um linfoma abdominal. “Não é por que ele (Fuad Noman) está tratando esse câncer que ficará recluso”, disse Murad.



 

Depois de destacar que não tem os detalhes do câncer do prefeito e também pré-candidato à reeleição, o oncologista afirmou, no entanto, que sua experiência de 35 anos baseada nos avanços da ciência, pode atestar que, hoje, esse tipo de tumor maligno conta com diversos tipos de tratamento que garantem ao paciente não só uma chance de cura considerada alto - em torno de 90% -, como também uma qualidade de vida que o mantém proativo durante o tratamento.

 

 

Apesar dos sintomas da doença e efeitos colaterais - entre eles diarreia, sensação de empachamento, náuseas, indisposição e baixa resistência a infecções -, segundo Murad, a medicina dispõe de tratamento terapêutico auxiliar para reduzir o mal-estar e consequências do combate ao linforma - cirurgia, quimioterapia, imunoterapia, radioterapia, transplante de medula, entre outros.

 

 

Murad disse ainda que é até recomendável para o sucesso do tratamento, nesse caso, manter o paciente proativo. “Eu estimulo meus pacientes a manter a funcionalidade, pois, psicologicamente, mantê-los reclusos pode causar depressão”, afirmou.

 

Campanha eleitoral


De acordo com Murad, não há empecilho para Fuad levar adiante o projeto de reeleição na disputa eleitoral deste ano. "Se fosse uma disputa estadual, com grandes deslocamentos, eu até poderia não recomendar. Mas em uma eleição municipal, não há necessidade disso. No dia de alguma aplicação, eu não recomendo, mas, caso contrário, não há contraindicação".

 

O que é Linfoma abdominal

 

O oncologista explica que os linfomas são tumores raros, se comparados a outros tipos de câncer – entre eles o de mama e pulmão, por exemplo -, e trata-se de um tumor ou tumores do sistema linfático que são tecidos responsáveis pelas defesas do corpo.

“Os mais comuns são os linfonodos que, para o leigo, são as ínguas (na axila, por exemplo). Eles também podem surgir na barriga”, esclarece o médico. Ele acrescentou ainda que os linfonodos podem ser detectados - por exame de imagem – em várias partes do abdômen (estômago, intestino e baço), com chance de crescimento, enquanto não são tratados, comprimindo os órgãos dessa parte do corpo. Daí a sensação de empachamento (de comer além da conta) e a barriga fica com aparência de inchada.

 

Mais comum

 

Esse tipo de linfoma, além de geralmente começar pelo estômago, pode estar relacionado à infecção por Helicobacter pylori, a mesma bactéria que causa úlcera, mas também pode aparecer no pulmão, na tireoide, nas glândulas salivares e nos tecidos em volta dos olhos.

Outro fator que aumenta o risco de contrair a doença, segundo Murad, é o vírus Epstein Barr, que provoca outras complicações: anemia hemolítica e pancitopenia, cânceres nasofaríngeo e gástrico, linfoma Burkitt, encefalites, meningites e condições neurológicas.

Cansaço excessivo, mal-estar, coceira no corpo, febre, falta de ar e tosse podem ser outros sintomas presentes em pacientes com linfoma.

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