O câncer de próstata ocupa a segunda posição entre os tipos mais frequentes de câncer no país. Entre os homens, é o câncer mais incidente no Brasil e em todas as regiões. Em 2020, ocorreram 15.841 óbitos por câncer de próstata, equivalentes ao risco de 15,30 mortes a cada 100 mil homens. Mas o que pouca gente sabe é que o tratamento para o tumor eleva os riscos para doenças cardíacas.

 

Segundo o cardiologista coordenador do Centro de Estudos do Hospital CopaStar e responsável pelo serviço de cardio-oncologia da Rede D’Or, Flávio Cure, dos pacientes com câncer de próstata apenas 13% morrem do câncer - a maior parte falece por doenças cardíacas. “Isso acontece porque a terapia de privação androgênica que leva a redução dos níveis de testosterona circulantes realizada no tratamento oncológico pode gerar uma série de alterações metabólicas, como dislipidemia, diabetes, resistência à insulina, entre outras patologias que comprometem a saúde do coração. Além disso, estão relacionadas à formação ou crescimento de placas de aterosclerose (placas de gordura) já existentes, culminando com o aumento do risco de eventos coronarianos e mortalidade cardiovascular nessa população”, explica o médico.

 



 

Estudo publicado no Jornal do Colégio Americano de Cardiologia (JACC) mostra que o tratamento de pacientes com câncer de próstata avançado com ADT (privação de androgênio) pode causar o risco de eventos cardiovasculares entre homens com doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD). A pesquisa constatou que esse risco pode ser menor ao se usar um antagonista de GnRH em comparação com um agonista de GnRH.

 

“É importante salientar que essa terapia de privação androgênica é eficiente e tem impacto no prognóstico do câncer de próstata, sendo capaz de reduzir a mortalidade dos pacientes com câncer de próstata em 40%”, alerta o médico.

 

Leia: Saúde recomenda atenção para casos de febre Oropouche no país

 

O cuidado multidisciplinar é fundamental para a otimização dos resultados do paciente e a manutenção da qualidade de vida nessa crescente população vulnerável. A doença cardiovascular (DCV) e o câncer são as principais causas de morte em todo o mundo, sobretudo entre a população idosa em rápido crescimento. A DCV é uma das principais causas de mortalidade entre os sobreviventes de câncer, muitas vezes acelerada pelos tratamentos contra o câncer associados a cardiotoxicidade de curto ou longo prazo.

 

Leia: Câncer de mama na gestação: entenda caso da cantora Camila Campos

 

De acordo com a publicação, existe uma relação dinâmica entre DCV, câncer e envelhecimento, caracterizada por fatores de risco compartilhados e características biológicas, que desempenham um papel importante no cuidado dos idosos, na otimização das abordagens de tratamento e no desenvolvimento de estratégias preventivas. E nesse caso é preciso individualizar o tratamento de idosos com câncer. “É preciso um tratamento multidisciplinar para a otimização dos resultados do paciente e a manutenção da qualidade de vida nesta faixa etária”, explica o especialista.

compartilhe