Chegou o inverno e, com ele, vem também aquela preocupação extra com a saúde respiratória. Nesta nessa época do ano, há um aumento significativo no que diz respeito às consultas e à procura por auxílio médico devido ao aumento de sintomas gripais. Nesse cenário, ocorre também uma série de confusões sobre o que é correto ou não fazer, ou se determinado hábito pode ser prejudicial.
Prova disso é um registro compartilhado pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, indicando a incidência de 134 mil pessoas procurando assistência médica para tratar problemas dessa espécie apenas entre maio e junho de 2024. Isso quer dizer que foi registrada a média de 1 atendimento a cada 40 segundos a residentes da capital mineira.
Em meio a tantas ocorrências, o otorrinolaringologista do Hospital Felício Rocho, Eduardo Rossi, destaca que o aumento no número de consultas durante o período se deve a propagação de doenças que atingem desde crianças até os idosos. “O tempo seco casado com as instabilidades climáticas e ainda somado às aglomerações em ambientes fechados, contribuem para a propagação de doenças como gripes e resfriados. Essas enfermidades atingem todas as faixas etárias. Além disso, há muitas dúvidas sobre com a estação mais fria do ano pode acometer a saúde. A soma desses fatores explica o aumento no número de atendimentos”.
Tais questionamentos, quando não solucionados por um profissional especializado, possibilitam a propagação crescente de fake news, fazendo com que as pessoas acabem tirando conclusões precipitadas sobre o assunto. “Não são raras as ocasiões em que pacientes chegam ao consultório com conclusões completamente equivocadas sobre determinados hábitos. Geralmente dizem que “ouviram dizer”, por exemplo, que o fato de andar descalço ou dormir com o cabelo molhado provoca resfriado, o que não é verdade”, lembra Rossi.
Ao contrário do que muita gente imagina, existem sim alguns mitos e verdades no que diz respeito ao inverno e sua ligação com as infecções de vias respiratórias e, claro, é importante que todos esses tópicos sejam esclarecidos.
O médico do Hospital Felício Rocho desmitifica algumas dessas dúvidas. Veja as principais:
O frio provoca gripe?
Mito. Gripes e resfriados são causados por vírus e não pelo frio. No entanto, as temperaturas frias e a baixa umidade prejudicam o sistema de defesa respiratório e deixam o organismo mais vulnerável à ação desses micro-organismos.
Gripe é o mesmo que resfriado?
Mito. Os sintomas da gripe são mais intensos, com febre alta e possibilidade de pneumonias. Além disso, o agente causador também é diferente. A gripe é promovida pelo vírus INFLUENZA enquanto os resfriados são provocados por vírus como RINOVIRUS e ADENOVIRUS.
Antibiótico trata a gripe?
Mito. As gripes e resfriados são promovidas por vírus. Antibiótico é um medicamento que combate bactérias. Deste modo, não se trata gripes ou resfriados com antibiótico. Caso sejam utilizados nesse contexto, tendem a fazer mais mal do que bem ao paciente.
O inverno aumenta a ocorrência de doenças respiratórias?
Verdade. No inverno, as pessoas passam mais tempo em ambientes fechados, com menos circulação de ar, o que facilita a propagação de vírus. Além disso, o tempo frio e seco altera os mecanismos de defesa, facilitando a infecção por esses micro-organismos.
Andar descalço provoca resfriados?
Mito. Ninguém adoece por andar descalço, e sim por estar em contato com outras pessoas que estão resfriadas. Contato com gotas de saliva, não lavar corretamente as mãos ou espirrar perto das outras pessoas são alguns dos fatores responsáveis pelo contágio.
Cabelo molhado provoca resfriado?
Mito. Secar o cabelo é importante para se sentir mais confortável ou evitar a quebra dos fios durante a noite, por exemplo. Mas cabelo molhado não provoca gripe!
A desidratação é menor no frio?
Mito. A produção de suor é menor durante o inverno, mas há um aumento na produção de urina. Com isso, a necessidade de se hidratar continua durante esse período.
A sensação de sede é menor no inverno?
Verdade. A sensação de sede é menor durante o inverno e por isso se bebe menos água. Mas atente-se: a desidratação ocorre do mesmo modo. Logo, o ideal na estação é manter a ingestão de dois a três litros de água por dia.