Rebeca Andrade crava a pontuação de 14.166 na disputa do solo da ginástica artística na Olimpíada de Paris e leva o ouro -  (crédito: Leandro Couri/EM/DA Press)

Imagens da apresentação de Rebeca Andrade no solo em Paris, nesta segunda-feira (5/8)

crédito: Leandro Couri/EM/DA Press

JOÃO PESSOA, PB (FOLHAPRESS) - Antes de subir no pódio das Olimpíadas de Paris para ganhar ouro no solo, prata no individual geral e no salto, e bronze por equipes, e se tornar a maior medalhista da história do Brasil, a ginasta Rebeca Andrade passou por três cirurgias para corrigir rompimentos no ligamento do joelho direito.

 

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Os ligamentos são tecidos fibrosos fortes que "amarram" os ossos entre si. O ligamento cruzado anterior (LCA) é um dos quatro ligamentos do joelho e fica localizado na parte frontal. Ele liga o osso da panturrilha (tíbia) ao osso da coxa (fêmur).

 

A principal função do LCA é controlar o movimento de rotação do joelho, além de auxiliar na aceleração e desaceleração do corpo. Ele trabalha em conjunto com outros três ligamentos - cruzado posterior e dois colaterais - para que o joelho não saia do eixo natural.

 

 

Em giros e torções muito abruptas, como ocorre na ginástica e no futebol, um ou mais ligamentos podem se romper e causar dor e inchaço intensos. Isso aconteceu com Rebeca três vezes.

 

A primeira foi em 2015, aos 16 anos, quando rompeu o LCA do joelho direito. Na época, ela ficou fora dos Jogos Pan-Americanos. Dois anos depois, em 2017, teve outra lesão no mesmo local e precisou passar por uma nova cirurgia.

 

Faltando um ano para as Olimpíadas de Tóquio (ainda não adiada), Rebeca teve que operar o joelho direito pela terceira vez, em 2019.

 

 

Segundo o ortopedista Marcus Luzo, chefe do departamento de ortopedia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), quando ocorre um rompimento assim, a pessoa deve procurar atendimento médico imediatamente e uma cirurgia de reconstrução pode ser necessária.

 

"A reconstrução pode ser feita utilizando o tendão patelar, localizado na frente do joelho, ou os tendões do isquiotibiais, na parte de trás da coxa. A cirurgia é realizada por artroscopia, um procedimento pouco invasivo com o uso de uma câmera", explica.

 

Durante o procedimento, são criados túneis no fêmur e na tíbia, onde o enxerto com tendões é inserido para reconstruir o ligamento rompido.

 

 

De acordo com Luzo, a cirurgia é muito comum no Brasil em razão da alta frequência de lesões nos ligamentos. Após a cirurgia, o paciente deve fazer fisioterapia e reabilitação por pelo menos seis meses.

 

Se não for feita a cirurgia, a lesão pode levar a uma instabilidade persistente no joelho. Isso limita a capacidade de realizar atividades físicas e esportivas.

 

Luzo alerta que o rompimento pode ocorrer não apenas entre atletas de alto desempenho, mas também no dia a dia em atividades que envolvem torções, como jogar beach tennis ou ao escorregar no chão.

 

 

"Por isso é importante fortalecer e alongar os músculos antes de qualquer atividade. Isso ajuda a prevenir pequenos estresses ou lesões. Não significa que vai eliminar os riscos completamente, mas vai ajudar a reduzir as chances de problemas", diz.

 

Veja perguntas e respostas sobre lesões no ligamento cruzado anterior (LCA)

 

  • Quais são os principais sintomas de uma lesão no LCA e como evitá-las?

Os sintomas incluem dor intensa, estalido doloroso, sensação de falseio no joelho, inchaço significativo e dificuldade em realizar movimentos de rotação.


A prevenção inclui fortalecer e alongar a musculatura do joelho, realizar trabalho muscular prévio para qualquer atividade física e estar preparado para o esporte ou exercício que será praticado.

 

Essas recomendações não vão eliminar os riscos completamente, mas ajudam a reduzir ou adiar lesões.

 

  • Qual o perfil de pessoa mais afetado por lesões no LCA?

A lesão do ligamento cruzado anterior atinge principalmente atletas, especialmente em esportes de alto impacto que envolvem giros e torções, como a ginástica e o futebol.


Algumas pessoas têm predisposição a romper o LCA, segundo o ortopedista Marcus Luzo. Um dos fatores está relacionado ao formato do osso do fêmur, que pode favorecer lesões.

 

O aspecto genético também pode interferir, já que algumas pessoas possuem um ligamento mais "frouxo".

 

  • O que fazer após romper o ligamento?

Após o rompimento, é possível caminhar, porém com dificuldade. O paciente pode sentir instabilidade e falseio no joelho, especialmente durante movimentos de rotação. Diante da lesão, é essencial procurar atendimento médico imediatamente.

 

Exames de raio-x e ressonância magnética podem ser feitos para comprovar o rompimento. Caso confirmado, a cirurgia de reconstrução é indicada.

 

  • Como é feito o tratamento para lesões do LCA?

O tratamento geralmente envolve cirurgia para reconstrução do ligamento, seguido de um período de reabilitação que inclui fisioterapia para restaurar a força e a estabilidade do joelho.

 

A cirurgia é feita utilizando o tendão patelar, localizado na frente do joelho, ou os tendões do isquiotibiais, na parte de trás da coxa.


A artroscopia é a técnica utilizada, um procedimento pouco invasivo com o uso de uma câmera.

 

O tempo de recuperação varia de seis meses a um ano, dependendo da reabilitação do paciente e do grau da lesão.

 

  • O que pode acontecer se a cirurgia para o LCA não for realizada?

 

Se não for feita a cirurgia, a lesão pode levar a uma instabilidade persistente no joelho, dor crônica e um aumento no risco de outras lesões, como artrose precoce, em razão do desgaste do menisco e da cartilagem.

 

Isso limita a capacidade de realizar atividades físicas e esportivas.