Dermatite -  (crédito: Getty Images)

Durante os primeiros anos da criança, as lesões aparecem principalmente nas bochechas e nas "dobrinhas" dos braços,

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É uma alergia. É uma irritação passageira. São frases como essas que pais e mães de crianças com dermatite atópica (DA) escutam com frequência até chegarem ao diagnóstico correto. A dermatite atópica é uma doença crônica e sistêmica, e entre 1,9 a 6,9% das crianças entre seis meses e cinco anos de idade apresentam a forma grave da doença.

 

 

 

 

Conviver com a DA é um desafio, e para as crianças mais ainda, considerando a falta de maturidade e discernimento em relação aos sintomas. Nos casos mais graves da DA, as lesões aparecem em vários locais do corpo principalmente nas dobras, deixando a pele avermelhada, com rachaduras e uma coceira intensa que não dá trégua nem à noite - o que pode impactar o sono.

 

 

Segundo Silvia Soutto Mayor, dermatologista pediátrica, além dos sinais que a pele apresenta, alguns outros sintomas podem se manifestar ao longo da fase de crescimento. “Caso a dermatite atópica não seja diagnosticada precocemente e os sinais e sintomas da doença não sejam tratados de forma rápida, o quadro pode evoluir para o seu nível mais grave com inflamação persistente e acometimento respiratório, como bronquite, asma, rinite”.

 

Para conhecer melhor sobre a doença e como ajudar as crianças que têm o diagnóstico, veja a seguir alguns dos principais fatos sobre DA em crianças, explicados pela Silvia Soutto.

 

1. Coceira excessiva

 

A doença é caracterizada principalmente por uma pele extremamente seca e uma coceira (prurido) intensa, que evolui para lesões inflamatórias (eczema). No caso das crianças pequenas, muitas coçam excessivamente e podem arrancar a pele e piorar as lesões. A coceira é comum e mais intensa nos casos moderados a graves da doença.

 

Durante os primeiros anos da criança, as lesões aparecem principalmente nas bochechas e nas “dobrinhas” como as do pescoço, dos braços, punhos e atrás dos joelhos, que são também regiões de maior transpiração, e o suor pode agravar a coceira, o eczema e causar dor.    

 

2. Dificuldade para dormir

 

As lesões da DA frequentemente evoluem para feridas e infecções da pele  que podem gerar dor e incômodo, principalmente na hora de dormir. Isso acontece devido à coceira intensa, que costuma piorar durante a noite e impede a criança de conseguir ter um sono contínuo o que, consequentemente, atinge seus pais e cuidadores. “Outros fatores também podem gerar mais incômodo na pele da criança, como mudanças bruscas de temperatura, ar-condicionado, ventilador com poeira,” explica Silvia.

 

3. Bullying e isolamento social

 

Adolescentes entre 14 e 17 anos perdem, em média, 26 dias de aula por ano em consequência dos sintomas causados pela DA devido à vergonha, sensação de rejeição e até bullying.

 

Quando diagnosticados na fase inicial da doença, muitos pacientes com DA têm quadros leves e conseguem manejar os sintomas com hidratação e uso de corticoides tópicos. Os sintomas tendem a melhorar ao longo da fase de crescimento.

 

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Porém, há uma parcela menor de pacientes que apresenta a forma grave da doença, cujo quadro costuma demorar mais para receber o diagnóstico e o tratamento adequado. “Para os casos moderados a graves, o diagnóstico precoce é mais importante ainda para definir o tratamento adequado, que nesses casos, geralmente exige o uso de terapias mais avançadas como imunobiológicos, já que esses pacientes não costumam responder bem aos tratamentos inicialmente recomendados” explica a dermatologista.  


O conhecimento sobre a doença serve de alerta para que os pais procurem um pediatra ou dermatologista assim que notarem os primeiros sinais e sintomas da DA a fim de obterem o diagnóstico correto e iniciarem o tratamento precoce.

 

Silvia enfatiza que a DA é tratável: “Coceira excessiva, pele muito seca e áspera, eczema na face e nas dobras, sono perturbado e mudanças bruscas de humor não são normais. Por isso, é essencial que os pais procurem um especialista e ajudem seus filhos a ter uma melhora na qualidade de vida. Seja qual for a gravidade da doença, é possível controlar os sintomas com o tratamento adequado”.

 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.