O Brasil não chega a ser um país de cegos. Segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano passado, essa população é de aproximadamente 506 mil pessoas, o equivalente a 0,25% dos brasileiros. Mas, a se considerar a quantidade de indivíduos que sofrem com glaucoma, corre-se o risco de ver esse número aumentar nos próximos anos. A Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) estima que mais de 2,5 milhões de pessoas sofram com a doença no Brasil, e que cerca de 70% delas simplesmente desconhecem que são portadores.
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Um desses casos veio à tona recentemente, quando o cantor sertanejo Marrone, que forma dupla com Bruno, ganhou o noticiário após perder a visão periférica em decorrência de um agravamento do glaucoma. Operado às pressas dos dois olhos, o músico vinha passando por tratamento com colírios, mas que não foi suficiente para conter o avanço da doença, que, no caso dele, teria origem hereditária. Para a oftalmologista da NEO Oftalmologia, Erika Yumi, problemas como o de Marrone são recorrentes, e suas consequências poderiam ser facilmente evitadas.
“O problema é que o glaucoma é uma doença inicialmente bastante silenciosa. Não há nenhum tipo de manifestação, e só quando surge a sensação de perda visual, é que os pacientes começam a se preocupar, acreditando que é algo mais sério. Se houvesse uma consciência preventiva, definitivamente os riscos de perda de visão provocados pelo glaucoma seriam menores no Brasil e em qualquer outra parte do mundo”, lamenta a médica. Ela conta que, na clínica, a equipe médica se depara com casos de pacientes que buscaram uma solução já tardiamente.
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O glaucoma caracteriza-se por uma lesão no nervo óptico, cujo principal fator de risco para essa lesão é a pressão dos olhos mais aumentada. O nervo é composto por diversas fibras que têm a função de conectar as informações visuais captadas pelo olho e transmiti-las ao cérebro. À medida que a idade avança, muitas pessoas podem começar a sofrer perdas dessas fibras, o que é considerado um processo natural do envelhecimento. Entretanto, aqueles que sofrem de glaucoma se submetem a um desgaste mais acelerado das fibras nervosas.
“Existe cirurgia, laser e existe também o uso de colírios para controlar a pressão sobre o nervo. A escolha de qual procedimento ou técnica será realizada durante o tratamento vai depender do grau de acometimento do nervo óptico”, explica Erika Yumi. “A intervenção busca controlar a pressão, ou seja, não é voltada para corrigir algum problema no nervo óptico. Mas, quanto antes identificarmos que há um problema a ser tratado, mais rapidamente conseguimos conter a progressão da doença, que pode levar à cegueira”, adverte a oftalmologista.