Homem segura vape, produto cuja venda é proibida no Brasil pela Anvisa -  (crédito: Lindsay Fox/Wikimedia Commons)

O uso de vapes causa níveis de intoxicação mais severos do que os cigarros tradicionais

crédito: Lindsay Fox/Wikimedia Commons

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal adiou a votação do Projeto de Lei nº 5.008/2023, de autoria da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que propõe a regulamentação do uso e da venda de cigarros eletrônicos no Brasil, também conhecidos como "vapes". O pleito, segundo a CAE, será dia 3 de setembro. 

 

A decisão tem gerado polêmica, em especial, em razão de estudos recentes que revelam que o uso de vapes causa níveis de intoxicação mais severos do que os cigarros tradicionais. A pesquisa da Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde de São Paulo, em parceria com o Instituto do Coração (Incor) e o Laboratório de Toxicologia da Universidade de São Paulo (USP), divulgou em junho passado, os resultados do estudo com dados de 200 usuários de cigarros eletrônicos.   

 

 

Os resultados detectaram que os níveis de nicotina nesses indivíduos eram de três a seis vezes superiores aos encontrados em fumantes de cigarros convencionais

 

 

O cardiologista e especialista em cardio-oncologia Flávio Cure alerta para o uso do cigarro eletrônico que pode aumentar o risco de desenvolver insuficiência cardíaca em até 19%, e em casos mais graves, o paciente pode necessitar de um transplante de coração. “Além da insuficiência cardíaca, os cigarros eletrônicos também estão associados a um aumento na probabilidade de ocorrência de infarto do miocárdio”, adverte.


 

Essa é também a posição da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que reitera que a liberação desses dispositivos seria prejudicial à saúde da população. A SBC opõe-se à regulamentação dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), baseando-se, entre outros fatores, em pesquisas que indicam uma relação direta entre o uso de cigarros eletrônicos e o aumento do risco cardiovascular.

 

De acordo com a SBC, a presença de nicotina nesses dispositivos está relacionada ao aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial e intensificação do estresse oxidativo. Além disso, o uso regular de DEFs está associado à inflamação, disfunção endotelial, lesões vasculares e desenvolvimento de aterosclerose. 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.