O próprio embrião pode guardar o segredo para o desenvolvimento de novos tratamentos para fertilidade -  (crédito: Freepik)

O próprio embrião pode guardar o segredo para o desenvolvimento de novos tratamentos para fertilidade

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O embrião é o início da vida humana. Essa estrutura, formada a partir do encontro do óvulo com o espermatozoide, se implanta no útero para se desenvolver e gerar a gravidez. Mas esse processo está longe de ser simples. “Inúmeros fatores podem atrapalhar a concretização da gravidez, incluindo uma má qualidade do óvulo ou do espermatozoide e, consequentemente, do embrião, além de problemas relacionados à implantação do embrião no útero”, explica o especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita, Fernando Prado.

 

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Não à toa, cada vez mais casais estão buscando tratamentos como a Fertilização In Vitro (FIV). “As taxas de sucesso da FIV são de 50% a 55% em cada tentativa em mulheres jovens, mas reduzem com a idade, especialmente após os 40 anos, podendo chegar a menos de 10% aos 42 anos”, afirma o médico. Mas, segundo estudo publicado em junho na revista Cell, o próprio embrião pode guardar o segredo para o desenvolvimento de novos tratamentos para fertilidade, inclusive para melhorar o sucesso da FIV.

 

O foco da pesquisa foi estudar, em camundongos, células do embrião chamadas de endoderme primitiva ou hipoblasto, camada mais interna do embrião que, segundo os pesquisadores, teria a capacidade de refazer um embrião por conta própria quando isolada. “Quando o embrião começa a se desenvolver, consiste em uma única célula que, com o tempo, torna-se um aglomerado de diversas células: enquanto as mais externas formarão a placentas, as células mais internas se desenvolverão no embrião em si, incluindo a endoderme primitiva”, explica o médico, que afirma que a endoderme é a responsável por fornecer nutrição e suporte para o embrião. “Além disso, evidências recentes sugerem que essa endoderme é a principal associada com o sucesso da implantação do embrião no útero”, acrescenta.

Agora, os pesquisadores observaram que, se todas essas células em torno fossem retiradas, a endoderme, de alguma maneira, é capaz de lembrar como criar um embrião. Dessa forma, os pesquisadores conseguiram cultivar essas células-tronco da endoderme primitiva em laboratório para formar “modelos de embriões” chamados de blastoides, uma espécie de embrião inicial. “Esses blastoides podem ser ferramentas muito importantes para desenvolvimento de novos métodos e medicamentos para melhorar a fertilidade e os resultados de procedimento de Fertilização In Vitro”, diz o especialista.

 

E, além de ajudar na conquista da gravidez, a endoderme primitiva também pode, antes de tudo, ajudar a entender o motivo pelo qual um casal está tendo dificuldades em conceber. “Por exemplo, uma possibilidade levantada pelos pesquisadores é que a dificuldade de algumas mulheres em engravidar pode estar relacionada com defeitos na endoderme primitiva, pois ela não apenas fornece nutrientes para o embrião, mas também pode ter um papel importante no reparo de danos”, destaca Fernando Prado.

O estudo foi realizado com embriões de camundongos, mas os pesquisadores estão ansiosos para realizar pesquisas similares com células-tronco de humanos. “Mas mais estudos são necessários para entender o funcionamento dessa endoderme primitiva para que, no futuro, possam ser desenvolvidos novos tratamentos de fertilidade e aprimoramentos para técnicas de Fertilização In Vitro”, aponta Fernando Prado.