Cerca de 50 milhões de brasileiros têm doenças oculares, sendo muitas evitáveis com cuidados e tratamento precoce (Imagem: PeopleImages.com - Yuri A | Shutterstock) -  (crédito: EdiCase)

Em fases iniciais, a miopia pode ser confundida com outras condições oculares

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A miopia irá atingir metade da população global, ou seja, cerca de 4,7 bilhões de pessoas, até 2050, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E, o distúrbio visual não se restringe apenas os adultos. As crianças, principalmente após a pandemia, também sofrem com o problema, em especial, por conta do uso de telas e falta de exposição solar.

 

A miopia é um erro refrativo onde a pessoa tem dificuldade para enxergar objetos distantes com clareza. Isso ocorre porque a luz que entra no olho é focalizada antes da retina, em vez de ser focada diretamente sobre ela. "Essa condição é frequentemente causada por um alongamento excessivo do globo ocular ou por uma curvatura excessiva da córnea”, explica o oftalmologista Tiago Cesar.

 

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Na infância, a doença pode ser um problema significativo, pois interfere no desenvolvimento visual e nas atividades diárias, como a leitura, o desempenho escolar e a prática de esportes. “Crianças míopes podem não perceber que têm um problema de visão, o que pode atrasar o diagnóstico e tratamento. Além disso, em fases iniciais, a miopia pode ser confundida com outras condições oculares, como astigmatismo ou hipermetropia, e até com dificuldades de aprendizado ou falta de atenção, já que a criança pode evitar atividades que exigem visão à distância”, revela.


 

A boa notícia é que hoje o mercado conta com lentes que podem desacelerar o avanço da miopia ainda na infância. Atualmente, estão disponíveis vários tipos de lentes para esse fim, que funcionam ao mudar o foco da luz periférica, o que ajuda a controlar o alongamento do globo ocular, principal causa da progressão da miopia.

 

"As novas tecnologias podem oferecer uma redução média de 40% a 60% na progressão da miopia, podendo ser recomendadas para crianças com miopia em crescimento rápido. No entanto, é importante lembrar que cada tratamento tem suas particularidades, e deve ser discutido com um oftalmologista especializado”, esclarece o sócio-diretor da rede de óticas Centro Visão, Fernando Cardoso.

 

Essas lentes utilizam uma tecnologia que cria uma desfocagem periférica "miópica" na retina. Isso significa que, além de corrigir a visão central, as lentes também geram um desfoque controlado na periferia da retina. A teoria por trás dessa abordagem é que a desfocagem periférica desencoraja o alongamento do globo ocular, que é o principal responsável pela progressão da miopia.

 

 

"Essa estratégia tem se mostrado eficaz em vários estudos clínicos, oferecendo uma ferramenta valiosa para o controle da miopia, especialmente em crianças. Essa abordagem no controle da miopia é fundamental para prevenir complicações futuras, como o aumento do risco de doenças oculares graves, como glaucoma e descolamento de retina, que estão associadas a altos graus de miopia", explica o oftalmologista.  

 

Além das lentes mencionadas, há também opções de lentes de contato que ajudam a reduzir a progressão da miopia, porém, não se recomenda para crianças, já que o uso de lentes de contato requer maiores cuidados, entre elas, lentes de contato multifocais suaves, desenhadas para alterar o foco da luz na visão periférica de forma semelhante às lentes de óculos especializadas, e as lentes da ortoqueratologia, lentes rígidas usadas durante a noite para remodelar temporariamente a curvatura da córnea, que ajudam a controlar a progressão da miopia em longo prazo.