Mulher faz diálise -  (crédito: Mike Cohea/Brown University)

Há milhares de pacientes que precisam deslocar-se muitas vezes duas, três, quatro horas por dia para chegar a uma clínica

crédito: Mike Cohea/Brown University

Cerca de 155 mil pessoas no Brasil são diagnosticadas com alguma doença renal crônica e dependem da terapia de diálise - tratamento que substitui o trabalho realizado pelos rins, quando eles param de funcionar. A importância da terapia foi reconhecida pelo Congresso Nacional que criou o Dia Nacional da Diálise, exaltado anualmente na última quinta-feira do mês de agosto, visando alertar para as condições de melhorias necessárias. Em 2024, a data acontece nesta quinta-feira (29). 

 

À medida que a ciência evolui, novas tecnologias surgiram trazendo mais bem estar aos renais em todo o mundo. E o maior desafio no Brasil é acompanhar essa evolução. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que 87% da oferta do tratamento para os pacientes do SUS no Brasil é realizada por meio do atendimento em clínicas particulares conveniadas, em sua maioria representadas pela Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplantes (ABCDT). Mas as clínicas dependem dos recursos recebidos para melhorarem a qualidade do tratamento.



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Por isso, em 2024, a campanha da ABCDT pela conscientização da importância da diálise no Brasil ganha uma nova fase. Com o mote #ADiáliseNãoPodeEsperar, a entidade pretende mobilizar gestores públicos, sociedades, profissionais e o setor de saúde, além de gestores de clínicas e pacientes renais para uma realidade: o tratamento que garante a vida de milhares de brasileiros não pode esperar.

 

 

 

De acordo com Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), pelo menos 20 milhões de brasileiros sofrem de alguma disfunção renal. Com isso, a campanha pede mais recursos para melhorar os serviços de diálise e abrir mais vagas em clínicas. 

 


"Nos últimos dois anos, o Ministério da Saúde se sensibilizou e nos concedeu dois reajustes, nos deu auxílio para adquirir equipamentos, mas ainda assim, enfrentamos dificuldades financeiras e não conseguimos fazer investimentos, por exemplo, para ampliar o número de vagas nas clínicas. Cada vez mais recebemos relatos de clínicas que estão há dois, três, quatro, cinco meses sem receber pelo tratamento já concedido ao paciente", esclarece o presidente da ABCDT, Yussiff Ali Mere Júnior.

 

"Há milhares de pacientes que precisam deslocar-se muitas vezes duas, três, quatro horas por dia para chegar a uma clínica. Isso três vezes na semana. E essa rotina inviabiliza a qualidade de vida e a possibilidade de essas pessoas poderem trabalhar, por exemplo", complementa.

 


Estima-se que 50 mil pessoas morram antes mesmo de descobrirem a doença renal. Hoje, cerca de duas mil pessoas estão dialisando em hospitais, permanentemente internadas, e correndo riscos do ambiente hospitalar, em razão da falta de vagas. O presidente da ABCDT informa que o Brasil ainda precisa avançar muito nos cuidados com a saúde dos rins da população.

 

 

"Aqui as pessoas têm dificuldade em cuidar de doenças que levam à doença renal, como diabetes e hipertensão, não conseguem diagnosticar a doença precocemente, afim de se evitar a fase terminal que leva à diálise ou transplante. Isso pode ser feito por um exame simples e barato de medição de creatinina no sangue e posteriormente, quando doentes, enfrentam dificuldades para conseguir dialisar. Doença renal é muito grave e precisamos avançar nos cuidados", esclarece Yussif Ali. 

 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.