Estima-se que a esclerose múltipla afeta aproximadamente 2,8 milhões de pessoas no mundo -  (crédito: Freepik)

Estima-se que a esclerose múltipla afeta aproximadamente 2,8 milhões de pessoas no mundo

crédito: Freepik

Esta sexta-feira (30/8), no Brasil, marca o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, uma data que dá visibilidade a essa doença neurológica crônica e autoimune. A esclerose múltipla (EM) ocorre quando o sistema imunológico ataca o sistema nervoso central, provocando lesões no cérebro e na medula espinhal. Embora a EM não tenha cura, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 

De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), cerca de 40 mil brasileiros convivem com a doença, sendo 85% mulheres jovens, predominantemente brancas, entre 18 e 30 anos. Mundialmente, estima-se que a EM afeta aproximadamente 2,8 milhões de pessoas. O diagnóstico precoce é essencial para permitir um tratamento mais eficaz, retardando a progressão dos sintomas.

 

A importância de identificar a doença cedo

O diagnóstico precoce da esclerose múltipla é um desafio, fundamental para garantir um tratamento eficaz. A complexidade da EM reside na diversidade de sintomas, que muitas vezes são confundidos com outras condições de saúde. Segundo o neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Edson Issamu, estar atento aos primeiros sinais é essencial. "Identificar a doença em seus estágios iniciais permite que o tratamento seja iniciado o quanto antes, aumentando as chances de controlar os sintomas e retardar a progressão da doença."

Técnicas de imagem, especialmente a ressonância magnética, desempenham um papel fundamental na detecção precoce. "A ressonância magnética é uma ferramenta que nos permite visualizar as lesões no sistema nervoso central, ajudando a confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado mais cedo", acrescenta.

Um quadro variado e debilitante

A esclerose múltipla pode se manifestar de diversas formas, dependendo da localização das lesões. Entre os sintomas mais comuns estão:

 

- Fraqueza muscular: a perda de força nos músculos pode dificultar atividades cotidianas, impactando a independência do paciente

- Problemas de coordenação: a falta de equilíbrio e a coordenação motora prejudicada são sinais frequentes da doença

- Dores articulares: desconfortos nas articulações, frequentemente confundidos com outras doenças reumatológicas

- Disfunções intestinais e da bexiga: problemas no controle das funções corporais são sintomas importantes

- Alterações visuais: visão turva ou perda parcial da visão são sinais que não devem ser ignorados

- Fadiga intensa: um dos sintomas mais debilitantes, que pode interferir drasticamente na vida diária dos pacientes

- Depressão: a EM pode afetar o estado emocional, levando a quadros de depressão que necessitam de acompanhamento psicológico

Edson Issamu alerta sobre a importância de reconhecer esses sintomas para que a investigação médica seja realizada o mais rápido possível. "A diversidade de sintomas pode retardar o diagnóstico, mas a consciência dos sinais de alerta pode acelerar o processo, proporcionando aos pacientes uma oportunidade de iniciar o tratamento antes que a doença avance."

Fatores ainda não totalmente compreendidos

As causas exatas da esclerose múltipla permanecem desconhecidas, mas acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos contribui para o desenvolvimento da doença. "Não podemos apontar uma causa única para a EM, mas sabemos que fatores como a predisposição genética e a exposição a determinados vírus, como o Epstein-Barr, desempenham um papel importante", explica Edson Issamu.

 

O caminho para uma vida com mais qualidade

Embora a doença ainda não tenha cura, existem opções de tratamento que ajudam a controlar os sintomas e a melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento geralmente inclui:

- Medicamentos imunomoduladores: esses medicamentos ajudam a reduzir a frequência e a gravidade das recaídas. "Os imunomoduladores são a base do tratamento da EM, pois atuam diretamente no sistema imunológico, controlando a resposta autoimune que causa as lesões no sistema nervoso central", detalha Edson Issamu.

- Corticosteróides: utilizados principalmente durante os surtos agudos, os corticosteróides reduzem a inflamação e aceleram a recuperação dos sintomas.

- Terapias de reabilitação: fisioterapia, terapia ocupacional e suporte psicológico são elementos cruciais no manejo da EM. "As terapias de reabilitação são personalizadas para cada paciente, focando na manutenção da mobilidade, força muscular e independência nas atividades diárias", afirma o especialista.

A abordagem multidisciplinar é essencial para o manejo eficaz da esclerose múltipla. "Não podemos tratar a EM de forma isolada. É necessário um time de profissionais, incluindo fisioterapeutas, psicólogos e neurologistas, trabalhando juntos para garantir que o paciente tenha a melhor qualidade de vida possível."

Conscientização e inclusão

"Conscientizar a sociedade é fundamental para combater o estigma e promover um ambiente mais inclusivo para os pacientes", destaca Edson Issamu. "Quanto mais informada estiver a população, maiores serão as chances de um diagnóstico precoce e de um tratamento eficaz, que pode transformar a vida de quem convive com a EM."

Ao aumentar a visibilidade do tema, a sociedade pode oferecer um apoio mais robusto para aqueles que convivem com a doença. A conscientização também impulsiona o apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de novos tratamentos, que podem trazer esperanças renovadas para pacientes em todo o mundo.