O Dia da Pessoa com Deficiência Intelectual, nesta quinta-feira (22/8), tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância da detecção precoce, inclusão e do respeito às pessoas com deficiência intelectual. No Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2022, estima-se que 18,6 milhões de pessoas de dois anos ou mais vivam com alguma deficiência, o que corresponde a 8,9% da população nesta faixa etária.  Entre o total de brasileiros com mais de dois anos, ao menos 4,1% é formado por crianças de dois a nove anos que possuem alguma deficiência física ou intelectual.

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O psiquiatra e diretor do Censa Betim, Centro Especializado Nossa Senhora D´Assumpção, que atua no atendimento a adultos com deficiência intelectual e autismo severo, André Luís Pires, explica a condição. Segundo ele, a deficiência intelectual caracteriza-se por importantes limitações, tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, expresso nas habilidades conceituais, sociais e práticas e tem início antes dos 18 anos de idade. “Frequentemente, ela se manifesta através de atrasos no desenvolvimento do indivíduo, como dificuldades na fala, na socialização e na aprendizagem. A percepção e o diagnóstico da deficiência intelectual dependem da observação desses atrasos, especialmente nos primeiros anos de vida”.



 

O especialista alerta que, ao contrário de outras deficiências, a deficiência intelectual nem sempre é visível, o que denomina-se deficiência oculta. “Essa condição muitas vezes pode levar a sociedade a julgar os comportamentos inadequados ou negligenciar o direito das pessoas com deficiência.  A essa prática, dá-se o nome de capacitismo. O dia 22 de agosto é também um dia importante no combate ao capacitismo”.

De acordo com André Luís, os sinais de deficiência intelectual podem variar bastante de pessoa para pessoa e podem se manifestar de forma mais evidente em algumas áreas do desenvolvimento do que em outras. “Alguns sinais, no entanto, são mais comuns e podem ajudar na identificação precoce. Dentre eles podemos citar: atrasos no desenvolvimento, seja ele motor, de linguagem, social, cognitivo; dificuldades de aprendizagem; problemas de comportamento tais como hiperatividade, dificuldades de controlar as emoções, tendências a repetir comportamentos; dificuldades de adaptação (lidar com mudanças e situações novas, por exemplo) e dificuldades com percepção visual e auditiva”.

A presença de um ou alguns desses sinais, segundo o psiquiatra, não significa necessariamente que a pessoa tenha deficiência intelectual. Outros fatores como problemas de visão ou audição, transtornos do espectro autista (TEA) ou dificuldades emocionais, também podem causar atrasos no desenvolvimento.

 

O diagnóstico de deficiência intelectual é feito por uma equipe multidisciplinar que inclui médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais especializados. “Essa equipe realiza uma avaliação completa do indivíduo, considerando diversos fatores, como o histórico familiar, o desenvolvimento neuropsicomotor e o desempenho em testes cognitivos”, destaca o médico.

Embora a deficiência intelectual seja comumente confundida com o espectro autismo, os dois não são a mesma coisa. André Luís explica que o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação social, interação social e comportamentos repetitivos. “Pessoas com autismo podem ter níveis de inteligência desde muito alto até abaixo da média. Já a deficiência intelectual é uma condição caracterizada por limitações significativas tanto nas funções intelectuais quanto nas habilidades adaptativas, como comunicação, cuidados pessoais e habilidades sociais”, acrescenta.

Isso quer dizer que, embora possam coexistir, as características da deficiência intelectual e do autismo são diferentes. No entanto, estima-se que cerca de 40% das pessoas com autismo também tenham deficiência intelectual. “É fundamental detectar precocemente a deficiência intelectual para garantir que as crianças se tornem adultos mais preparados para a vida em comunidade e para que recebam o suporte necessário para o seu desenvolvimento. Essa intervenção precoce, pode promover a autonomia, a inclusão social e a qualidade de vida dessas pessoas”, aponta o especialista.

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