O ator Tony Ramos revelou, nesta terça-feira (27), que os hematoma intracranianos que o acometeram em maio deste ano foram motivados pelo vírus Epstein–Barr. A declaração foi dada ao programa Mais Você, da TV Globo.
"Não bati, não caí, não quebrei, não houve nada. Tive uma extração de liquor da espinha, um exame que vai com a agulha e retira da espinha... e por ali se faz uma cultura, com esse liquor. E chegaram à conclusão de que eu tinha o Epstein–Barr, uma virose que todos nós temos no corpo, é o que causa a catapora, a mononucleose. Eu devia estar com a imunidade muito vulnerável e consequentemente o Epstein–Barr despertou, se aproveitou e gerou isso", contou o ator, que completou 76 anos nesta terça.
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No dia 16 de maio, o ator passou mal, foi hospitalizado e passou por uma cirurgia para estancar o sangramento na região entre o crânio e o cérebro. Três dias depois, no domingo, foi submetido a uma nova cirurgia após apresentar os hematomas que também são conhecidos, nesse caso, como hematomas subdurais.
De acordo com o neurologista Flávio Sekeff Sallem, esse tipo de hematoma costuma estar localizado em uma parte específica do crânio. "O sangramento cerebral é potencialmente fatal: depende do local e da quantidade. Muitas vezes ele necessita de cirurgias para descompressão craniana", explica
Nos hematomas subdurais agudos, há a formação de coágulo na parte de fora do cérebro, nas membranas que o cobrem, por rompimentos de pequenas veias.
Qual é a relação do vírus Epstein-Barr e o sangramento intracraniano?
Segundo Flávio Sallem, a literatura médica não demonstra uma relação exata entre o vírus Epstein-Barr e os hematomas subdurais. No entanto, existem duas possibilidades clínicas, segundo o especialista: o Epstein-Barr ser detectado, por coincidência, ao mesmo tempo que o hematoma ou o sangramento ocorrer por uma doença cerebral causada pelo vírus, como linfoma e angiite primária do Sistema Nervoso Central (SNC), que afeta os vasos sanguíneos do cérebro.
Dentre as outras complicações neurológicas estão encefalite, convulsões, meningite viral, mielite (inflamação aguda das substâncias cinzenta e branca do cérebro), além de Síndrome de Guillain-Barré em casos raros.
Além disso, o vírus pode provocar a ruptura do baço, obstrução de vias respiratórias superiores, icterícia ou elevações de enzimas mais graves.
Sinais de atenção dos hematomas intracranianos
Além do caso do ator Tony Ramos, o hematoma intracraniano também pode ser crônico e se desenvolver ao longo de dias ou semanas, após pequenas batidas na cabeça, hipertensão ou má formação vascular. No caso de hemorragias desenvolvidas por hipertensão, a prevenção passa pelo controle da pressão arterial.
Os cuidados são ainda mais importantes com o avanço da idade, porque as veias do cérebro se tornam mais frágeis. Por isso os casos de sangramento intracraniano são mais frequentes em pacientes idosos, segundo artigo da Sociedade Escocesa de Radiologia.
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Tony Ramos já apresentava sintomas faz um tempo. Segundo a colunista Mariana Morais, do jornal Correio Braziliense, ele começou a ter fortes dores de cabeça e mudanças bruscas de humor – alguns dos sintomas característicos da condição – quando gravava participação na novela "Terra e Paixão", exibida até 19 de janeiro deste ano. Segundo Sekeff, o problema nem sempre vem acompanhado de sintomas e a dor de cabeça é específica.
"Dor de cabeça nova, que o paciente nunca teve igual, intensa, a 'pior da vida', pode ser um sinal de atenção para pessoas que não são hipertensas. Já para quem tem hipertensão acima de 40 anos, qualquer dor de cabeça mais frequente pode ser um alerta", explica.
Quando há sintomas, os mais comuns são:
- Dor de cabeça intensa de surgimento repentino
- Confusão mental
- Vômito
- Mudança de humor
- Fala arrastada
- Apatia
- Sonolência excessiva
Dados do Data SUS mostram que mais de 34 mil pessoas foram internadas com hemorragia intracraniana apenas em hospitais da rede pública de saúde brasileira em 2023. Desse total, pouco mais de 20% das pessoas morreram.