A campanha “Agosto Laranja” acontece durante todo o mês com o objetivo de reforçar a importância do diagnóstico precoce da esclerose múltipla (EM) - doença inflamatória crônica que gera danos nas células do sistema nervoso: os neurônios. E, ainda que as ações ocorram durante todo agosto, 30/8 é marcado como o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla para enfatizar os sintomas característicos da condição, como perda de sensibilidade, formigamento e dormência. 



De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2013, a esclerose múltipla (EM) é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central, afetando o cérebro e a medula espinhal. Atualmente, cerca de três milhões de pessoas em todo o mundo têm EM. Estima-se que só no Brasil, cerca de 40 mil pessoas vivem com a enfermidade, que costuma acometer frequentemente adultos jovens na faixa etária entre os 20 e 50 anos de idade - principalmente mulheres.

 

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A doença é causada por uma combinação de fatores, incluindo predisposição genética e fatores ambientais, tais como infecções virais, deficiência de vitamina D, tabagismo e obesidade. Segundo o neurocirurgião do Hospital das Clínicas, Kleber Duarte, a esclerose múltipla pode causar dor, perda de funções e de habilidade. Sem cura, a EM pode ser progressiva e demandar muitos anos de tratamento.

 





O neurocirurgião Kleber Duarte explica que existem alguns sintomas decorrentes da esclerose múltipla, como fraqueza muscular, dificuldade de locomoção, tremores, problemas visuais, problemas cognitivos, entre outros, que vão exigir um tratamento especializado.

 

"Há a possibilidade de surgir um tremor que pode ser intenso e difícil de tratar. Já tivemos que operar pessoas com EM que apresentaram esse tremor. O surgimento de tecnologias permite que a interrupção das vias nervosas que causam o tremor possa ser realizada sem invadir o crânio. É um grande avanço no tratamento para essas pessoas”, avalia.



Outra queixa importante é a dor na face provocada pela neuralgia do nervo trigêmeo, informa o especialista. “Às vezes a medicação não é o suficiente para controlar os sintomas e procedimentos podem ser realizados por meio da punção com uma agulha e eletródio e a aplicação modulada de radiofrequência. O procedimento pode ser feito usando a técnica de neuronavegação guiada por tomografia e/ou ressonância magnética.



A radiocirurgia também pode ser um recurso nestes casos. Portanto, há diversas opções de tratamento e todas devem ser pensadas em conjunto: médico, paciente e família. “Os tratamentos medicamentosos disponíveis para esclerose múltipla buscam reduzir a atividade inflamatória e os surtos ao longo dos anos, contribuindo para a redução do acúmulo de incapacidades durante a vida do paciente. Não há um único tratamento que sirva para todos os sintomas”.

 



As possibilidades de tratamentos praticadas em vários países - que têm embasamento científico e comprovação clínica, estão aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e disponíveis no Brasil. “O intuito da ciência é desenvolver melhores tratamentos, para oferecer conforto e alívio dos sintomas; neste quesito houve grandes progressos, avanços no tratamento, visando não somente o controle, mas também focando na possibilidade de cura”.



Mesmo ainda não havendo a cura para Esclerose Múltipla, os tratamentos disponíveis podem modificar o curso da doença e certos cuidados são essenciais para manter a qualidade de vida:

 

  • Descansar quando em fadiga
  • Realizar atividade física regularmente
  • Manter a alimentação saudável e equilibrada
  • Evitar situações exageradas de estresse e calor excessivo


Cerca de 85% dos casos de esclerose múltipla é conhecida como surto-remissão ou remitente-recorrente, devido aos chamados surtos que melhoram após o tratamento (ou espontaneamente). Geralmente ocorre nos primeiros anos da doença que podem ter recuperação completa ou deixar sequelas.


“Tenho pacientes muito bem controlados e com mínimos sintomas e sequelas, mesmo após décadas de diagnóstico, com tratamento bem conduzido. Fazer o acompanhamento com um bom médico e uma escolha adequada de tratamento, de forma individualizada, faz diferença no bem estar dos pacientes”, comenta o neurocirurgião.

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.

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