Quando o indivíduo expressa o desejo de tirar a própria vida é fundamental acolhê-lo e tratá-lo em seu sofrimento -  (crédito: Freepik)

Quando o indivíduo expressa o desejo de tirar a própria vida é fundamental acolhê-lo e tratá-lo em seu sofrimento

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O Brasil vive um problema silencioso que cresce vertiginosamente entre os jovens, e abrir o diálogo é o primeiro passo para a prevenção. De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o suicídio é a segunda principal causa de mortes de adolescentes de 15 a 19 anos. Dados da Secretaria de Vigilância em Saúde mostram que houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade por suicídio nesse grupo etário, entre 2016 e 2021.

 

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Especialistas afirmam que o problema de saúde pública é multifatorial, mas em um mundo cada vez mais conectado é impossível não refletir sobre os impactos das redes sociais na ideação suicida. “O suicídio está fundamentado em diversos fatores, entre eles, sofrimento mental, condições de existência e causas ambientais. Entretanto, é uma incógnita como cada sujeito reage frente às exigências da vida. As redes sociais influenciam diversos aspectos da vida e de forma singular cada usuário. Logo, podem ser um estímulo para a decisão de exterminar a própria vida, como também uma forma de buscar uma saída melhor para o sofrimento mental”, reflete o psicanalista, professor de psicologia da Estácio BH, Leonardo Azevedo. 

 

   


O psicanalista complementa que cada sujeito é único e o ponto central é como ele irá receber e processar o conteúdo acessado nas redes sociais. “Isso está relacionado ao seu aparelho psíquico, seu modo de funcionamento subjetivo, então as mensagens podem ter diferentes consequências para diferentes sujeitos. Elas podem produzir algum alívio momentâneo ou até dar uma solução substancial. Rigorosamente falando, não sabemos os efeitos que as redes sociais podem ter em cada indivíduo a curto e longo prazo. Podem ser reconfortantes em um primeiro momento, mas podem ser a razão da decisão de auto extermínio no momento seguinte. O aparelho psíquico é dinâmico e seu funcionamento não pode ser padronizado”, pondera.

 

 

Leonardo lembra que as mídias sociais podem ser uma ferramenta de auxílio para quem experimenta algum tipo de sofrimento mental ou alguma dificuldade na existência. “Assim como os grupos presenciais, as comunidades online são uma referência positiva. Mas é fundamental que a atividade ou comunidade de ajuda – presencial ou virtual – seja conduzida por uma pessoa com conhecimento (não necessariamente acadêmico) e/ou experiência com esse tipo de trabalho. Nas diferentes formas de organização grupal o que importa é que seja um espaço de apoio para cada um estar, falar e realizar alguma atividade que lhe seja própria, de modo a encontrar uma solução para o seu sofrimento e um novo modo de se enlaçar com a vida. Contudo, nada disso substitui o suporte e a orientação profissional de um psicólogo ou psiquiatra”, ressalta.

 
Segundo o professor, quando o indivíduo expressa o desejo de tirar a própria vida é fundamental acolhê-lo e tratá-lo em seu sofrimento. “Isso nos dá a possibilidade de intervir e buscar um enlaçamento com a vida. Em parte, as redes sociais podem se constituir como um instrumento para o enlaçamento com a vida, mas a saída também está fora do ambiente digital, nas atividades sociais diversas, na rede de apoio e no auxílio profissional”.