Com o início dos jogos paralímpicos, a palavra “superação” resume a trajetória da maioria dos atletas, já que, para participar do evento, é necessário ter uma deficiência. “Existem dificuldades específicas que são superadas pelo esporte. Por exemplo, pessoas com restrições oculares costumam ter mais dificuldades em realizar exercícios, especialmente se o problema for em ambos os olhos. Mas, mesmo com essa condição, os jogos possibilitam a interação social e o sentimento de pertencimento”, diz o especialista em cirurgia refrativa no Oftalmos - Hospital de Olhos, em Santa Catarina, Fernando Ramalho.
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O especialista explica que qualquer pessoa pode praticar atividade física e, caso não saiba qual modalidade escolher, é preciso entender quais são as suas necessidades e comparar com as adaptações desse esporte. “O atletismo é um exemplo de que é possível adequar cada prova de acordo com a exigência daquela pessoa. É muito comum ver atletas com deficiência parcial e total da visão correndo. Algumas etapas podem ser feitas isoladamente, enquanto outras permitem correr com um guia. Especialmente para pessoas cegas, há o atletismo com salto, que identifica o momento necessário para o impulso e salto”, comenta Fernando Ramalho.
Além do atletismo, existem outros esportes adaptados para atender pessoas com dificuldade ou com a visão comprometida. “Tanto o futebol, natação, e, em alguns casos, o judô, são capazes de proporcionar lazer, e até trabalho para pessoas com problemas na visão”, ressalta o médico. “Conhecer a origem da condição ocular ajuda na escolha da modalidade, pois, além do problema visual, em alguns casos, a mesma pessoa tem outra necessidade”, complementa.
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Geralmente, a deficiência visual é provocada por alguma condição. “As doenças mais conhecidas que podem levar à perda da visão são: glaucoma (problema que atinge o nervo óptico dos olhos, provocando a perda de células da retina, podendo ocorrer desde a infância, como no glaucoma congênito), doenças degenerativas (a mais comum é a degeneração macular relacionada à idade, que afeta a região central da retina, comprometendo a visão), diabetes (que causa alteração na visão e, dependendo do estágio, pode levar à cegueira), e, por último, os tumores oculares, como o retinoblastoma (câncer ocular mais comum em crianças, comprometendo a visão parcial ou total de ambos os olhos)”, explica Fernando.
“Praticar esporte não se limita à deficiência. Quando existe uma condição ocular que impede a realização de alguma atividade, existem outras que são capazes de suprir essa ausência. Além de ajudar fisiologicamente, realizar atividades físicas proporciona uma interação social e, especialmente para pessoas com deficiência visual, contribui para a saúde psicológica”, aponta o especialista.