ROTERDÃ, HOLANDA (FOLHAPRESS) - O uso da semaglutida, conhecida popularmente pelos nomes comerciais Ozempic ou Wegovy, pode levar indiretamente a um déficit de nutrientes ou de proteínas em pacientes. A perda de massa magra também pode ser um problema desencadeado pela substância.
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Os efeitos, no entanto, não são diretamente causados pelo medicamento -outros remédios com a mesma função ou mesmo dietas de baixo consumo calórico podem levar a complicações parecidas.
Indicada inicialmente para tratamento de diabetes tipo 2, a semaglutida demonstrou também eficácia para o tratamento de obesidade (na fórmula comercializada pelo nome Wegovy). Isso porque a substância age como um análogo do hormônio GLP-1, que atua na regulação de saciedade ou de apetite. Desse modo, o paciente passa a sentir menos vontade de comer, resultando numa queda no consumo calórico.
Por causar uma queda no apetite, e consequentemente o peso, a semaglutida pode estar relacionada indiretamente a alguns problemas para pacientes. Um deles é o déficit no consumo de nutrientes. "Se a pessoa usa o medicamento e não tem uma preocupação específica sobre consumo de proteína, vitaminas, nutrientes e assim por diante, ela pode ter alguma deficiência", afirma Bruno Halpern, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica).
A especialista também ressalta que esse possível desfecho não é causado diretamente pelo remédio, mas porque existe uma redução no consumo de caloria quando um tratamento com semaglutida é feito. Dietas que focam no menor consumo de calorias, por exemplo, podem apresentar efeitos parecidos.
Fabio Moura, diretor da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), afirma que o paciente que usa medicamentos para tratamento de obesidade precisa estar atento a algumas alterações no seu organismo, como queda de cabelos, fragilidade das unhas e diminuição da força muscular, entre outros. "Todos estes sintomas podem sugerir deficiências nutricionais e devem ser relatados imediatamente ao médico", afirma.
Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), explica que a perda de massa magra pode surgir também em usuários em tratamento contra obesidade. Esse tipo de massa é aquela que não contém gordura em sua composição e não faz parte da estrutura óssea.
Importante para saúde e qualidade de vida, a massa magra sempre tende a cair, mesmo que em uma proporção menor do índice de gordura, quando ocorre uma perda significativa de peso ou também com o envelhecimento. "Estudos mostram que essa perda de massa magra está associada ao aumento do risco de mortalidade e redução da expectativa de vida", completa o médico.
Tanto o déficit de nutrientes, vitaminas e proteínas quanto a queda na massa magra podem ocasionar problemas de saúde, como a redução na capacidade de resposta do sistema imunológico, osteoporose e riscos de fraturas e quedas.
COMO EVITAR?
Embora a redução na ingestão de alimentos causada por medicamentos como a semaglutida possa levar a esses déficits, Halpern reitera que os benefícios são superiores no caso de pessoas com indicação médica para uso do medicamento. Mesmo assim, o acompanhamento com profissionais é importante para averiguar níveis de proteínas, vitaminas, nutrientes e massa magra nos usuários do remédio.
A Novo Nordisk indica a importância de contar com ajuda profissional. "A empresa recomenda que os pacientes em uso de semaglutida sigam as orientações de seus médicos quanto à alimentação e à prática de atividades físicas, visando sempre uma abordagem integral e segura para o manejo", informa.
A adoção de suplementos alimentares ricos em nutrientes e proteínas também pode ser uma solução em casos específicos. No entanto, os especialistas consultados pela reportagem apontam que é mais interessante dar prioridade a alimentos minimamente processados.
No caso daquelas pessoas que usam a semaglutida sem um quadro clínico de obesidade, é necessário ter ainda mais atenção. "A perda de massa muscular tende a ser maior em pessoas que têm menos peso no início [do tratamento], o que aumenta os riscos de complicações nessa parcela de usuários", diz Halpern.
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