É importante parar de achar que só por envelhecer acontecem os esquecimentos -  (crédito: Freepik)

É importante parar de achar que só por envelhecer acontecem os esquecimentos

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A mãe de Ana Lucia, já falecida, tinha 80 anos quando foi diagnosticada com Alzheimer. Ela conta que os primeiros sinais se manifestaram através de um medo exacerbado, insônia, palavras desconexas, esquecimentos constantes, mudança de humor repentino.

 

“À medida que a doença foi evoluindo, tudo que ela já estava sentindo tomou dimensões superlativas. Era um medo irracional de ficar sozinha e sair de casa, não tinha sono hora nenhuma, palavras sem sentido diariamente, esquecia fogão aceso e na comida colocava açúcar ao invés de sal, não terminava as coisas que tentava fazer.”

 

 

O comportamento dela e dos irmãos foi de não a deixar sozinha e, nas crises, a princípio poucas, depois mais constantes, aprenderam a terapia do abraço, palavras de amor e calma. O tratamento foi realizado com a ajuda de um geriatra para ela e diálogo psicológico para os familiares e cuidadores. Com a medicação correta e atenção necessária, ela sobreviveu oito anos com a doença.  

 

A história da mãe de Ana vem de encontro com a data comemorativa que acontece em setembro, mês mundial do Alzheimer. Com o tema É hora de agir pelas pessoas com demência, neste ano a campanha busca conscientizar sobre o impacto da demência e promover uma sociedade inclusiva e informada.

 

Segundo a médica geriatra da empresa especializada em home care, Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, a doença é neurodegenerativa progressiva e responsável por 60% dos casos de demência. Ela se caracteriza por uma deterioração gradual da memória, raciocínio e habilidades cognitivas, afetando a capacidade de realizar atividades cotidianas.

 

 

As causas exatas, de acordo com a médica, não são completamente conhecidas, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais desempenham papéis importantes. “Os sintomas iniciais incluem esquecimento de fatos recentes, dificuldade em encontrar palavras e problemas para resolver tarefas cotidianas. Com o avanço da doença, os sintomas se agravam, com episódios de confusão, desorientação espacial e temporal, dificuldade para reconhecer familiares, alterações de comportamento e perda da autonomia.”

Diagnóstico

 

O diagnóstico precoce é fundamental. A geriatra conta que é feito por meio de avaliações clínicas. Informações do histórico médico, alguns exames neurológicos, testes de função cognitiva e exames de imagem, como tomografia ou ressonância magnética contribuem para a definição. Casos especiais de quadros iniciais de perda de memória podem se beneficiar de exames específicos para doença de Alzheimer.

Fases da doença

 

O Alzheimer, relata a especialista, é dividido em fases. A leve corresponde aos esquecimentos, dificuldades para lembrar nomes ou palavras; a moderada, que tem a ver com um desafio maior para realizar atividades cotidianas, confusão,  desorientação espacial/temporal e necessidade de supervisão; e a avançada, com perda de memórias antigas, incapacidade de realizar tarefas básicas e comunicação muito limitada.

Tratamentos

 

Embora ainda não haja cura, o tratamento pode ajudar a aliviar sintomas, tornar a progressão da doença mais lenta e melhorar a qualidade de vida. Inclui medicamentos como inibidores da acetilcolinesterase (donepezila, rivastigmina e galantamina) e memantina; terapias não farmacológicas, como atividades cognitivas e físicas; suporte psicossocial; cuidados paliativos nas fases avançadas, para controle dos sintomas e conforto.

 

Conscientização

 

A conscientização sobre o Alzheimer, ressalta Simone, é crucial para reduzir o estigma, promover diagnósticos precoces e fornecer suporte às pessoas afetadas e suas famílias. “Este ano, o foco é incentivar políticas públicas que ampliem o acesso a serviços de saúde especializados, suporte para cuidadores e iniciativas comunitárias para inclusão e proteção de pacientes com demência. Vamos parar de achar que só por envelhecer esquecemos coisas. Desta forma, deixamos de dar o diagnóstico de forma precoce e ajudar na qualidade de vida do paciente e sua família”.

 

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