Com a diminuição do estrogênio no hipotálamo, qualquer variação de temperatura ativa o centro termorregulador e o faz querer perder calor -  (crédito: bearfotos/ freepik)

O ar seco facilita a suspensão de partículas de poeira, poluição e alérgenos, podendo piorar condições como asma, rinite e bronquite

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Os recentes alertas do Ministério da Saúde a respeito das ondas de calor extremo, informadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), têm sido motivo de preocupação entre os brasileiros. E, junto às elevadas temperaturas, vem os cuidados para evitar desidratação, sintomas de insolação, distúrbios digestivos, como náuseas e vômitos, além de queimaduras de pele. 


Mateus Malta de Moraes, médico de família da Rede Meu Doutor Novamed, traz uma série de orientações para adultos e crianças se protegerem. Alimentação, exposição solar, atividades físicas e rotina durante o dia estão entre os temas abordados na entrevista abaixo:

 

  1. Qual a melhor maneira de consumir líquidos ao longo do dia para manter-se hidratado de forma eficiente?


A melhor maneira de consumir líquidos ao longo do dia, é manter sempre uma garrafa de água próximo e algum dispositivo que permita a hidratação com alguma frequência. É importante compreendermos que a necessidade de líquidos para cada pessoa varia de acordo com algumas condições, como peso e idade, temperatura e umidade do ambiente, frequência e intensidade da atividade física, número de vezes que vamos ao banheiro, entre outros fatores.

 

 

Eliminamos os líquidos através de transpiração, suor, urina e fezes, principalmente. Ingerimos líquidos não apenas através da ingestão de água, mas também de outros, como sucos, refrigerantes e leite, e também pela ingestão de alimentos sólidos e líquidos, como sopas e caldos, entre outros. O total de água ingerido vai incluir a somatória de todas essas substâncias.

 

Uma das formas mais importantes de nos guiarmos é através da sede, que nunca deve ser desconsiderada. Precisamos respeitar esse instinto de sobrevivência, que é tão fundamental na nossa vida. Mas também podemos antecipá-lo, mantendo uma ingestão regular e frequente de líquidos.

 

Para muitas pessoas, a ingestão de dois litros de água por dia será suficiente. Mas temos que lembrar que, quanto maior o peso, a altura, a transpiração, a atividade física, a temperatura do ambiente, quanto menor a umidade e outras condições em que a perda de água esteja aumentada, maior será a necessidade de ingestão de líquidos. Mesmo a ingestão excessiva de sucos naturais não é recomendada, devendo preferir a ingestão de frutas in natura.

 

      2. Como ajustar a prática de atividades físicas durante o calor intenso?

 

Para ajustar a prática da atividade física ao calor intenso, devemos considerar a sua intensidade, o condicionamento físico e a sensibilidade de cada pessoa, além do tipo de esporte a ser praticado. Precisamos aprender a escutar nosso corpo e a respeitar os seus limites, sem forçá-lo em excesso.

 

É interessante praticar atividades em temperaturas mais amenas, como ao início e ao final do dia. Graduar a intensidade do exercício de acordo com a intensidade do calor, especialmente se a atividade for em ambientes externos, expostos ao sol. Devemos redobrar a atenção com a ingestão de água, para evitar a desidratação antes, durante ou após o exercício.

 

 

 

Em caso de atividades mais prolongadas, seria interessante a utilização de bebidas apropriadas para tal, como bebidas isotônicas desenvolvidas para esse fim. Devemos optar por utilizar roupas mais leves, de cores claras, com tecidos que permitam a eliminação adequada de suor e que permitam a ventilação. Não sobrecarregar o corpo, buscando ultrapassar nossos limites. Caso contrário, poderemos gerar o aumento da temperatura corporal, com possíveis riscos à nossa saúde.


Caso o exercício seja em local exposto ao sol, devemos proteger a pele com protetores solares, especialmente pessoas com peles mais claras. Para a proteção dos olhos e da face, é importante utilizar bonés e óculos de sol. Podemos optar ainda por locais adequados, como parques que possuem sombra, áreas mais ventiladas, academias climatizadas, dentro que for possível para cada pessoa.

 

É muito importante aprendermos a identificar sintomas, como tonturas, fraquezas, dores de cabeça, cãibras musculares, dores localizadas em algumas estruturas do corpo ou outros sintomas de preocupação.

 

       3. Qual é o fator de proteção solar mais adequado, mesmo longe da praia?

 

O tema da proteção solar é muito importante para a prevenção do desenvolvimento do câncer de pele. Tema abordado no período do dezembro laranja. A Sociedade Brasileira de Dermatologia desenvolveu um guia recentemente com muitas orientações e detalhes acerca da importância desse hábito. Nessa cartilha, somos orientados que os protetores solares com cor protegem mais do que os tradicionais. E aqueles com fator de proteção solar nº 30 já funcionam bem. Mas grupos com maior sensibilidade devem utilizar fatores de 50 a 70.

 

Dentre os grupos mais sensíveis, temos as pessoas com pele, cabelos e olhos claros, pessoas com familiares com histórico de câncer de pele e pessoas com facilidade de apresentar queimaduras solares, apresentando manchas, pintas ou sardas.

 

É fundamental recordarmos que não é apenas o protetor solar que é importante. Devemos fazer uso de barreiras físicas, como chapéus, bonés, barracas, guarda-sol, óculos de sol e roupas com proteção ultravioleta. Estas recomendações não servem apenas para quem vai à praia, mas para todas as pessoas que fazem exposição regular ao sol, principalmente quem trabalha exposto sob longas horas.

 

        4. Por que é importante priorizar alimentos leves e ricos em água durante a onda de calor?

 

A ingestão de alimentos leves e ricos em água em períodos de onda de calor tem relação com a necessidade de hidratação do corpo e a importância de não o sobrecarregar com excessos alimentares. Nesta circunstância, o corpo precisa lidar com o calor excessivo e, ao facilitarem a digestão, beneficiamos o seu funcionamento.

 

A ingestão de saladas, incluindo verduras e legumes, frutas e outros alimentos mais leves, facilita a digestão. Boa parte desses alimentos também é rica em água, o que contribui para o estado de hidratação do corpo, além de fornecer minerais importantes que podemos perder nos períodos de maior transpiração.

 

Alimentos ricos em água, como melancia, pepino, alface, melão, além de outras frutas e verduras, também ajudam a regular a temperatura corporal, refrescando o corpo.

 

         5. Como o tempo quente e seco pode afetar as vias aéreas e quais cuidados são recomendados para evitar problemas respiratórios?

 

Nossas vias respiratórias incluem as cavidades do nariz, da boca, nossa laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos. Essas estruturas lembram uma árvore oca, que fica voltada de cabeça para baixo, com troncos e galhos, por onde o ar flui ao fazermos movimentos de inalação e exalação. Em suas paredes, temos células que revestem essas vias aéreas e que apresentam uma importante quantidade de muco e cílios, responsáveis por realizar a constante limpeza de todas essas vias respiratórias.

 

A redução da umidade do ar pode reduzir o grau de hidratação das vias aéreas, prejudicando a eliminação das impurezas. Com isso, pode haver uma maior dificuldade na eliminação de micro-organismos, de partículas que causam alergia e de outras substâncias nocivas. Isso pode acarretar aumento da frequência de alergias e infecções. Além disso, o próprio ressecamento pode gerar desconfortos, como tosse seca e irritação recorrente, especialmente em pessoas pré-dispostas.

 

O ar seco facilita a suspensão de partículas de poeira, poluição e alérgenos, podendo piorar condições como asma, rinite e bronquite. Para que possamos nos prevenir dessas condições, é de extrema importância que continuemos cuidando da saúde como um todo.

 

 

 

A ingestão de água é importante, pois auxilia no grau de hidratação das mucosas. Utilizar umidificadores de água pode ser uma alternativa, pois aumenta a umidade do ar.

 

Os cuidados com a limpeza dos ambientes são extremamente importantes e devem fazer parte da rotina usual de pessoas alérgicas, como a troca semanal de roupas de cama, de banho, a remoção de fungos, a manutenção do estado de limpeza e a ventilação dos ambientes.

 

A lavagem nasal tem se tornado parte da rotina de higiene do brasileiro. E isso ajuda a manter as vias aéreas úmidas e limpas. Pode ser realizada com seringas, sprays nasais ou dispositivos de alto fluxo, usualmente em temperatura natural ou morna, uma ou duas vezes ao dia. Precisamos ter cuidado para não levar o líquido para as vias auditivas, devido ao desconforto e ao risco de inflamação local.

 

Utilizar o ar-condicionado em demasia pode reduzir o grau de umidade, favorecendo o ressecamento labial e das cavidades nasais, e piorando o desconforto. Os demais cuidados são sempre bem-vindos, como uma alimentação saudável, a prática de atividades físicas e os cuidados com a exposição solar.

 


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