Não existe um padrão normal estético para a região íntima, já que sua anatomia varia muito entre as mulheres -  (crédito: Freepik)

Não existe um padrão normal estético para a região íntima, já que sua anatomia varia muito entre as mulheres

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A cirurgia íntima parece devolver o interesse das mulheres em receber sexo oral. É o que diz uma pesquisa brasileira, apresentada esse ano no Congresso Mundial de Ginecologia Estética, realizado na Colômbia. Segundo o trabalho, quando questionadas sobre se o interesse em receber sexo oral era prejudicado antes da cirurgia, 66,1% das mulheres responderam que sim, com justificativas como vergonha (45%), de forma que 28,7% evitavam receber e 18,8% se negavam a receber sexo oral. Após a labioplastia, o interesse em receber sexo oral aumentou expressivamente: 83,8% das mulheres afirmaram que a cirurgia melhorou muito, 13,8% um pouco e apenas 2,5% delas afirmaram continuar não gostando ou não praticando.

 

“Esse estudo retrospectivo incluiu 119 mulheres entre 15 e 69 anos que realizaram a cirurgia de labioplastia interna (ninfoplastia) no Instituto de Cirurgia Íntima, localizado em São Paulo. O trabalho mostrou melhora no desejo, interesse por sexo e satisfação nas relações após a realização da labioplastia interna, procedimento também conhecido como ninfoplastia”, destaca o ginecologista fundador do Instituto de Cirurgia Íntima, autor da pesquisa, doutorando com tese em ninfoplastias ambulatoriais e membro sênior da European Society of Aesthetic Gynecology (ESAG), Igor Padovesi.

 

 

O médico explica que muitas mulheres relatam sentir desconforto e constrangimento com a própria região íntima, pelo excesso de pele (hipertrofia) dos pequenos lábios. “É importante destacar que não existe um padrão normal estético para a região, já que sua anatomia varia muito entre as mulheres. É considerado anormal tudo o que causa constrangimento, desconforto, vergonha ou piora da autoestima”, explica o ginecologista.

 

"Além dos dados relativos ao sexo oral, a pesquisa mostrou que 87,6% das mulheres submetidas à cirurgia experimentam grande melhora na autoestima e 82,7% relataram maior interesse, desejo e satisfação nas relações sexuais”, complementa Igor, que conquistou o prêmio de 1º lugar no Congresso Mundial de Ginecologia Estética na Colômbia, com trabalhos científicos apresentados sobre ninfoplastias.

Como é feita a cirurgia

 

O objetivo da ninfoplastia, segundo o médico, é remover o excesso de pele dos pequenos lábios, deixando-os para dentro dos grandes lábios. O procedimento pode ser realizado com laser e/ou com bisturi elétrico de alta frequência. Antes realizada como uma cirurgia hospitalar tradicional, com a evolução das técnicas cirúrgicas, atualmente no Brasil e no mundo a ninfoplastia tem sido realizada como uma cirurgia ambulatorial, de acordo com o especialista.

Para a cirurgia, não é necessário nenhum preparo especial. “Recomendamos que a mulher faça a depilação da região alguns dias antes. No dia do procedimento, é necessário vir sem nenhum tipo de metal no corpo (anéis, correntes, brincos etc.). Antes do início do procedimento, é aplicado um gel anestésico potente, que já tira a sensibilidade da região. Com isso, a mulher praticamente nem sente a injeção do anestésico nos lábios, o que torna o procedimento basicamente indolor”, elucida Igor.

Na cirurgia, são utilizados pontos de fio absorvível, que caem sozinhos e não precisam ser retirados depois. “O fato de poder ser realizada de forma ambulatorial (sem internação hospitalar) torna o procedimento mais acessível (sem despesas hospitalares ou honorários de anestesista), e também permite que a mulher possa realizar sem contar para ninguém (pois não depende de ter um acompanhante na internação)”, destaca Igor.

Como a região é muito sensível, os primeiros dois dias são os mais incômodos para a mulher, conforme o médico. “É comum a sensação de uma certa ardência. Inchaço no local é esperado e pequenas equimoses (roxos) são comuns também, nesses primeiros dias. Para amenizar os sintomas, recomendamos o uso de medicamentos e cuidados locais”, explica.

 

“A maioria das mulheres faz o procedimento na sexta-feira e retorna ao trabalho na segunda. Quanto aos exercícios físicos, depende do tipo de atividade praticada e não há uma regra absoluta. Recomendamos repouso por cerca de 15 a 20 dias, mas depende da recuperação individual. Exercícios que não causam tanto contato ou atrito direto com a região podem ser iniciados após cerca de dez dias, se a mulher se sentir bem para tal”, recomenda o especialista.

Outros dados da pesquisa

 

O trabalho brasileiro também avaliou a motivação, melhora dos sintomas e influência para realização do procedimento. Quanto à motivação, não existe um motivo único que leva uma mulher a realizar a labioplastia, segundo o trabalho. Os resultados indicam: estética e vergonha (21,4%), estética (17,7%), sintomas físicos (3,6%) e 38,2% apontaram todas as opções anteriores (por estética, vergonha e sintomas físicos).

Dentre as mulheres que realizaram o procedimento, 89,3% relatam que a ninfoplastia resolveu por completo seus sintomas e queixas, enquanto 10,7% afirmam que houve melhora parcial. Nenhuma das 119 participantes respondeu ter piorado.

 

A grande maioria (95,9%) mencionou ter sido uma decisão própria e não ter sofrido nenhuma influência externa para realizar a cirurgia (como amigas, marido, redes sociais ou internet). E 92,6% das mulheres afirmaram que, depois de terem se submetido à ninfoplastia, acharam que deveriam ter realizado o procedimento antes.

Outro dado relevante, de acordo com o médico, é o de que 87,6% das mulheres relataram experimentar grande melhora na autoestima e uma relação mais positiva com o corpo após a cirurgia; 11,6% dizem que observaram pouca melhora; e apenas 0,8% não sentiram diferença.

 

“A redução cirúrgica dos pequenos lábios é um procedimento relativamente simples, mas capaz de aumentar significativamente a autoestima e o bem-estar físico, psicológico e sexual. Vale lembrar que este é um procedimento essencialmente estético, embora melhore também muitos sintomas de desconforto físico com a região genital. E a decisão de realizá-la deve ser sempre da própria mulher, para melhora da sua qualidade de vida, autoestima e sexualidade”, aponta o médico.

 

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