No universo da reprodução assistida, os especialistas têm o entendimento em comum de que personalizar protocolos de estimulação é essencial para o sucesso do procedimento -  (crédito: Pexels)

No universo da reprodução assistida, os especialistas têm o entendimento em comum de que personalizar protocolos de estimulação é essencial para o sucesso do procedimento

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Nos últimos anos, a fertilização in vitro (FIV) é vista por casais com dificuldades para engravidar como uma das principais esperanças. A estimulação ovariana é uma das etapas do tratamento feita por meio do uso de hormônios. Mas o estudo recente Ovarian Stimulation Protocols: Impact on Oocyte and Endometrial Quality and Function, publicado no jornal americano Fertility and Sterility, mostra que o excesso de hormônios pode prejudicar os resultados da FIV, aumentando riscos e custos sem garantir melhores taxas de sucesso.

Muitas vezes a estimulação ovariana intensiva busca obter o maior número de oócitos, que são os gametas femininos conhecidos como óvulos. Essa prática tem como objetivo garantir o sucesso do procedimento. Porém, a pesquisa aponta que o excesso de estímulo pode gerar oócitos com anomalias morfológicas e instabilidade genética, além de afetar a receptividade endometrial, considerada essencial para a implantação do embrião.

 

De acordo com o especialista em reprodução assistida, João Guilherme Grassi, esse trabalho evidencia que a busca por um maior número de oócitos pode comprometer a qualidade deles, ou seja, até mesmo diminuir as chances de uma gravidez bem-sucedida. "Os protocolos de estimulação ovariana precisam ser cuidadosamente ajustados para cada paciente, levando em consideração não apenas a quantidade, mas, principalmente, a qualidade dos óvulos obtidos".

Mais descobertas científicas recentes contribuem para desvendar os efeitos do uso excessivo de hormônios na FIV. Um estudo publicado no jornal Human Reproduction avaliou o impacto de doses aumentadas do hormônio folículo-estimulante, chamado de FSH, em mulheres com baixa resposta prevista na FIV. A conclusão é de que o aumento da dosagem não resultou em taxas de nascimentos vivos significativamente melhores quando comparado à dosagem padrão, mas sim em maiores riscos e custos adicionais.

 

"Esses estudos trazem à tona uma preocupação sobre os efeitos adversos do excesso de hormônios. É fundamental que os médicos avaliem cuidadosamente cada caso, evitando intervenções desnecessárias que, além de onerar financeiramente, podem desgastar física e emocionalmente os casais que já enfrentam a difícil jornada da infertilidade", ressalta João Guilherme.

Personalização no tratamento

No universo da reprodução assistida, os especialistas têm o entendimento em comum de que personalizar protocolos de estimulação é essencial para o sucesso do procedimento. "Precisamos abandonar a ideia de que mais hormônios resultam em melhores resultados. Cada paciente é única e deve ser tratada como tal. Isso significa ajustar as doses de hormônios de acordo com as características individuais, evitando exageros que só trazem mais riscos e desgastes para os pacientes", reforça o especialista.

 

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