Sangramento anal, coceira e dor ao sentar são sintomas comuns de hemorroidas. Entretanto, esses mesmos sinais podem indicar a presença de uma fissura anal, e a automedicação, nesses casos, pode ser prejudicial devido à confusão no diagnóstico. A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) alerta para a importância de procurar um coloproctologista ao notar esses sintomas, garantindo uma anamnese e diagnóstico corretos.
Embora os sintomas possam ser semelhantes, hemorroidas e fissuras anais têm causas distintas. A hemorroida é caracterizada pela dilatação de vasos sanguíneos, resultando em uma protuberância no canal anal, enquanto a fissura anal é uma rachadura no ânus.
"O uso de produtos para tratar hemorroidas em caso de fissura anal pode piorar os sintomas, irritar a lesão e mascarar o diagnóstico correto, atrasando o tratamento adequado. Isso pode levar à cronificação da fissura e, em casos graves, exigir intervenção cirúrgica. Por isso, é essencial buscar orientação médica para evitar complicações’’, explica a coloproctologista e Diretora da Comunicação da SBCP, Dra. Ana Sarah Portilho.
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De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50% da população acima dos 50 anos apresenta hemorroidas. As fissuras anais, por sua vez, também são relativamente frequentes, embora os dados sejam mais limitados. A prevalência dessas condições depende de diversos fatores, como hábitos intestinais, esforço ao evacuar, constipação crônica e dietas pobres em fibras. Esses fatores podem aumentar o risco de desenvolver tanto hemorroidas quanto fissuras anais.
Tratamento
O tratamento inicial das hemorroidas geralmente envolve o uso de pomadas e medicamentos orais com propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, visando aliviar a dor e o inchaço. Em casos mais graves ou persistentes, podem ser indicados procedimentos como:
Ligadura elástica, que bloqueia o fluxo sanguíneo da hemorroida, resultando em necrose e posterior queda;
Grampeamento hemorroidário (hemorroidopexia), que reposiciona o tecido prolapsado e reduz o suprimento sanguíneo, aliviando os sintomas;
ou a Hemorroidectomia, com a remoção completa das hemorroidas.
“Casos de hemorroidas são considerados graves e podem necessitar de intervenção cirúrgica quando há prolapso significativo, em que a hemorroida se projeta para fora do ânus e não pode ser manualmente recolocada, ou permanece prolapsada, causando dor e desconforto. Outro cenário é o das hemorroidas externas trombosadas, onde a formação de coágulos leva a dor intensa, inchaço e inflamação. Além disso, o sangramento persistente, que não responde ao tratamento conservador e pode resultar em anemia, também é um sinal de gravidade. Quando o tratamento conservador com pomadas, medicamentos e ajustes no estilo de vida não traz alívio dos sintomas ou quando há recorrência frequente, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. Complicações severas, como ulceração ou necrose do tecido hemorroidário, também indicam a necessidade de cirurgia. Nestes casos, procedimentos como ligadura elástica, hemorroidopexia (grampeamento) ou hemorroidectomia podem ser utilizados para tratar a condição de forma definitiva’’, alerta Dra. Ana Sarah.
A fissura anal também pode ser tratada com pomadas e banhos de assento, e, em alguns casos, o uso de toxina botulínica ou uma intervenção cirúrgica pode ser necessário.
“No caso de fissura anal, a condição é considerada grave e pode necessitar de cirurgia quando se torna crônica, ou seja, quando não cicatriza após seis a oito semanas de tratamento conservador, como o uso de pomadas, banhos de assento e dieta rica em fibras. Fissuras crônicas apresentam bordas espessas e uma papila anal hipertrofiada, dificultando a cicatrização espontânea. Além disso, o espasmo persistente do esfíncter anal interno, que impede a cicatrização e causa dor intensa durante e após a evacuação, também é um indicador de gravidade. Fissuras que cicatrizam, mas voltam a aparecer repetidamente, indicam um problema estrutural que pode exigir intervenção cirúrgica. Casos que evoluem com complicações, como infecções locais, abscessos ou formação de fístulas, também são considerados graves e podem demandar cirurgia para correção definitiva’’, afirma a Diretora de Comunicação da SBCP.