Estima-se que surjam no Brasil 7.930 novos casos de câncer infantojuvenil até o final do ano, segundo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Sendo, respectivamente, as leucemias, os tumores cerebrais e os linfomas os tipos mais incidentes nesse grupo etário.

 

De acordo com a hematologista Eliana Quintão, membro do comitê gestor da Casa de Apoio Aura, as causas do câncer infantojuvenil são desconhecidas, e uma parcela reduzida dos casos está relacionada a condições genéticas ou hereditárias. “Algumas mutações genéticas e síndromes de imunodeficiência, como trissomias dos cromossomos 13, 18 e 21, síndrome de Fanconi e deficiência seletiva de imunoglobulina A, correspondem a um percentual muito baixo do total de casos de câncer infantil”, esclarece.

 

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Apesar dos avanços nos tratamentos, o maior desafio, conforme apontam médicos especialistas, continua sendo o diagnóstico precoce para aumentar os índices de cura do câncer, que representa a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes no país.

 

Uma das barreiras do diagnóstico da neoplasia infantojuvenil em sua fase inicial são os próprios sintomas, que podem ser confundidos com outras doenças:

 

  • Febre sem causa aparente
  • Cefaleia
  • Distúrbio visual
  • Vômito
  • Indisposição
  • Linfonodos aumentados

 

Os profissionais de saúde devem ter um olhar cuidadoso e suspeitar sempre que surgirem manifestações como essas, pois quanto mais cedo o câncer for identificado, menores serão as chances de complicações da doença e de morbidade. "Também é essencial correlacionar a idade com os diagnósticos mais comuns para direcionar a investigação”, afirma Eliana Quintão.

 



 

A partir da detecção precoce do tipo de câncer, a equipe médica definirá o tratamento mais apropriado, cuja resposta tende a ser mais eficaz em comparação com adultos acometidos pela doença. A estratégia terapêutica dependerá do subtipo do tumor e do seu estadiamento, mas o emprego dos cuidados paliativos, enfatiza Eliana, é fundamental para a promoção do bem-estar, da qualidade de vida, com medidas preventivas, e para o alívio do sofrimento. "Trata-se de uma abordagem de assistência empregada por uma equipe multidisciplinar, que considera a individualidade dos pacientes e estende o apoio aos familiares para que todos consigam lidar da melhor maneira possível com a doença e o tratamento”, informa.

 

As práticas são aplicáveis desde o momento em que o paciente recebe um diagnóstico que ameace a sua vida, de modo a evitar o sofrimento desnecessário considerando as dimensões física, psicológica, social e espiritual, e, segundo a hematologista, “engloba desde medicações até terapias não medicamentosas, como apoio psicológico, espiritual, alimentação afetiva, fisioterapia para alívio da dor e redução da síndrome da imobilidade, orientações fonoaudiólogas, atividades escolares e artísticas, passeios e outras estratégias que variam de acordo com a individualidade de cada paciente”, ilustra.

 

Cuidados paliativos

 

A integrante do comitê gestor da Casa de Apoio Aura, organização da Sociedade Civil que acolhe crianças de zero a 17 anos em tratamento oncológico, hematológico e em processo de transplante, e seus familiares –, destaca que os cuidados paliativos começam pelo respeito à dignidade da criança e de seus familiares.

 

 

“O cuidado é centrado no acolhido e nas relações que fazem parte da sua vida durante o adoecimento. Focamos na sinceridade, no respeito e em uma comunicação efetiva para que o paciente e seus familiares compreendam o tratamento e possam tomar decisões importantes, amparados por informações precisas, como decidir pela continuidade ou não de uma quimioterapia na fase de terminalidade, ou realizar ou não um transplante”, comenta.

 

Confira outros sintomas que exigem uma investigação médica:

 

  • Palidez, hematomas e sangramentos
  • Caroços e inchaços, especialmente se indolores e sem febre nem outros sinais de infecção;
  • Dor em membros e/ou dor óssea sem traumas nem sinais de infecção
  • Febre persistente sem outras causas e/ou perda de peso inexplicáveis
  • Inchaço abdominal, vômitos (em especial pela manhã ou com piora ao longo dos dias)
  • Alterações oculares, como pupila com reflexo branco, estrabismo de início recente, perda visual, hematomas, inchaço ao redor dos olhos
  • Dores de cabeça, especialmente se incomuns, persistentes ou intensas e associada a outros sinais neurológicos e vômitos em jato
  • Fadiga, letargia, mudanças no comportamento, como isolamento
  • Tontura, perda de equilíbrio ou coordenação

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.

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