"Coloquei marcapasso e não posso viajar", "não devo fazer exame ou praticar esporte?" Essas são algumas das dúvidas que o cardiologista Ricardo Ferreira, especialista em Estimulação Cardíaca Artificial e Arritmia Invasiva, ouve com frequência no consultório. A chegada do Dia do Portador de Marcapasso, em 23 de setembro, é uma oportunidade para conscientizar sobre o que realmente pode ou não ser feito por quem usa o dispositivo.
 

 

O marcapasso é um pequeno aparelho implantado perto do coração, com o objetivo de monitorar e controlar os batimentos cardíacos, principalmente quando eles estão mais lentos. Dessa forma, é possível garantir que o órgão irá bombear o sangue adequadamente, pois o equipamento identifica quando os batimentos estão irregulares ou muito fracos. Nessas situações, são emitidos impulsos elétricos, para dar uma ajuda ao coração. 

 

Como explica Ricardo, os cuidados reais dever ser mantidos imediatamente pós-operatório, pois a região da cirurgia está em um processo de cicatrização. Mas, que com a evolução tecnológica, a proteção desses aparelhos às influências externas melhorou muito. Então, hoje o paciente não tem impeditivos para uma vida normal devido ao uso do marcapasso. 


O especialista relembra alguns casos em que os pacientes se viam privados de realizar tarefas cotidianas. "Uma paciente disse estar tendo muitos problemas após a colocação do marcapasso, pois seu filho acreditava que a idosa, que morava sozinha, não poderia abrir a geladeira, pois isso interferiria no funcionamento do marcapasso. Então, o eletrodoméstico só era utilizado quando alguém a visitava", conta. “Quando se fala cuidado com micro-ondas, por exemplo, o máximo que devemos observar é para não ficar, literalmente, encostado no aparelho quando estiver ligado. Algo que as pessoas já, comumente, não fazem", complementa. 

 



 

Já no caso do colchão magnético, o cardiologista explica que ele pode aumentar um pouco o desgaste da bateria do aparelho. Então, deve seu uso deve ser evitado. Mas é preciso ter em mente que caso haja um desgaste da bateria do gerador do marcapasso, o que diminui a sua vida útil, ela pode ser trocada. "Nesse caso, será necessária uma nova intervenção cirúrgica, mas não é um problema em termos de riscos para a saúde”, destaca Ricardo.
 

“Alguns cuidados que a gente pede, na realidade, tem muito a ver com viagens de avião. Pacientes com esse dispositivo podem viajar normalmente. O ponto de atenção é realmente quanto ao campo magnético do detector de metais do aeroporto que é muito forte. Se você fica muito exposto àquele campo magnético, durante esse período, pode haver interferência no funcionamento do dispositivo. Para pacientes 100% dependentes, isso pode ser um problema. Então o indicado é apresentar o atestado do uso do marcapasso, para que se possa passar pela segurança com aquele detector portátil, menor”, enfatiza.

 


 

A orientação é fazer o mesmo quando houver a necessidade de passar por portas de segurança de bancos, a fim de evitar passar grandes períodos no local, o que pode acontecer em caso de travamento ou outros problemas técnicos.
  

Exercício, será?
 

As atividades físicas estão liberadas para quem tem marcapasso, caso não haja restrição por alguma outra doença ou condição diferente, mas só o fato de ter o dispositivo, não é impeditivo para o sedentarismo. O único cuidado é evitar impactos diretos no local do aparelho, por isso, esportes que exigem muito contato, como lutas, devem ser evitados. “O marcapasso e outros dispositivos do tipo existem para trazer melhora na qualidade de vida, para que o paciente possa viver mais e melhor, o que inclui abrir geladeiras, usar micro-ondas, viajar, mudar o canal da TV, fazer exercícios o que mais trouxer benefícios”, aponta Ricardo Ferreira.


*Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.

 

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