O Brasil é o segundo maior país em número de transplantes no mundo. Em 2023, o país registrou um aumento de 17% nas doações em comparação ao ano anterior, alcançando o melhor resultado dos últimos dez anos: 6.766 transplantes realizados entre janeiro e setembro, em contraste com 6.055 no mesmo período de 2022. Esses transplantes dependem diretamente de uma série de exames laboratoriais, que aumentam significativamente a probabilidade de uma maior compatibilidade entre doador e receptor e monitoram possíveis rejeições. No dia 27 de setembro, o Dia Nacional da Doação de Órgãos reforça a importância desse gesto que salva vidas.
Eduardo Emery, médico patologista clínico e coordenador do Comitê de Imunologia da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) explica que a patologia clínica e a medicina laboratorial são fundamentais para o sucesso dos transplantes, pois garantem que os órgãos e tecidos transplantados sejam compatíveis e seguros para os receptores. "Antes de qualquer transplante, exames de compatibilidade, como a genotipagem do sistema HLA, prova cruzada, entre outros, são realizados para garantir que o sistema imunológico do receptor não reaja contra as células do órgão do doador", ressaltou o especialista.
Esses exames são realizados principalmente por métodos avançados de biologia molecular, espectrofotometria de massa e imunologia laboratorial, auxiliando na tipificação da compatibilidade entre doador e receptor, diminuindo as chances de rejeição do órgão. Além disso, segundo Emery, a triagem para doenças infecciosas é obrigatória e inclui testes para HIV, hepatites, sífilis, entre outras. "Um resultado positivo para algumas dessas doenças pode excluir um órgão da doação, garantindo a segurança do receptor", exemplificou o médico patologista clínico da SBPC/ML.
No pós-transplante, a medicina laboratorial desempenha um papel importante na monitorização contínua do paciente. É principalmente através dos exames laboratoriais que se identificam sinais precoces de rejeição do órgão transplantado, permitindo intervenções rápidas e eficazes. Além disso, esses exames são essenciais para ajustar o tratamento imunossupressor, garantindo que o paciente mantenha a resposta adequada ao novo órgão. Eduardo Emery ressalta que "o papel dos exames laboratoriais não termina com o transplante. A monitorização contínua é indispensável para o sucesso a longo prazo do transplante".
Emery reforça que a patologia clínica e a medicina laboratorial buscam desenvolver metodologias cada vez mais precisas para obter resultados próximos da realidade. Embora a exatidão absoluta nem sempre seja possível, o avanço das técnicas tem melhorado a sensibilidade e a especificidade dos exames. "Esses avanços são fundamentais para a avaliação adequada pré-transplante de receptores e doadores, análise de órgãos e tecidos e monitoramento da rejeição em transplantes, enfatizou o especialista da SBPC/ML, acrescentando que o sucesso de um transplante vai muito além da doação em si; ele depende de um conjunto robusto de exames laboratoriais que auxiliam a compatibilidade e a segurança tanto do doador quanto do receptor.