Muito se fala nos alimentos ultraprocessados e os prejuízos que eles podem ocasionar à saúde. Mas você já ouviu falar nos alimentos minimamente processados? Alimentos minimamente processados são alimentos in natura que foram submetidos a processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis ou indesejáveis, fracionamento, moagem, secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração, congelamento, entre outros, e que não envolvem adição de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias.
Em geral, os alimentos que passam por menos processamento são os que devem figurar com principais em uma alimentação saudável. Mas será que está claro para a população, quais são os alimentos minimamente processados, os processados e os ultraprocessados? “Infelizmente não. A maioria das pessoas entendem como saudáveis frutas, verduras e vegetais, têm dúvidas ou não diferenciam os alimentos fonte de proteínas e não entendem a diferença entre as três categorias. A falta de conhecimento dessa divisão pode dificultar que as pessoas façam boas escolhas na hora das compras”, conta Thiago Barros, nutricionista especializado em nutrição esportiva pela USP.
Leite, carnes em geral (vermelha, aves e peixes) são dois bons exemplos de alimentos minimamente processados que normalmente não são reconhecidos desta forma. Por isso, o consumidor deve se atentar é em relação ao tipo de processamento destes alimentos. "Leite, bebidas lácteas e achocolatados não são iguais, assim como carnes frescas, resfriadas ou congeladas são diferentes de carnes temperadas, salgadas e processadas com outros ingredientes. Escolher pelos produtos minimamente processados, ou seja, alimentos com mínimas alterações das suas características in natura, é o que se recomenda para compor a base de uma alimentação equilibrada”, explica Barros, que também é pesquisador.
Leite
Todos os leites comercializados no Brasil são classificados como alimentos minimamente processados. Isso inclui:
- Leites refrigerados (pasteurizados)
- Leite "Longa vida", caixinha (ultrapasteurizado)
- Leite em pó (pasteurizados e passa pelo processo de evaporação da água)
Nenhum destes produtos recebe aditivos que os distancie de suas características naturais, como conservantes. “No caso do leite somente é permitido o uso de estabilizantes para evitar a separação de fases durante seu armazenamento, garantindo um produto homogêneo. O uso desses estabilizantes é regulamentado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e todos os estabilizantes permitidos por lei passam por rigorosos estudos e pesquisas para garantir a segurança da sua utilização (MAPA, 370/1997). O leite, em qualquer versão, é um alimento minimamente processado.”, reitera Thiago Barros.
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Um dos estabilizantes mais comuns é o citrato de sódio, um componente que já está presente naturalmente no leite de vaca, sendo reforçado para garantir a estabilidade ideal do produto, mantendo suas características sem comprometer a naturalidade do leite.
Benefícios: principal alimento fonte de cálcio, fonte de proteínas, vitaminas e minerais, auxilia na prevenção de doenças crônicas, cardiovasculares, osteoporose, contribuí para o desempenho cognitivo, manutenção e aumento de massa muscular, dentre outros.
Carne
Carnes de gado, de porco, de aves e pescados frescos, resfriados ou congelados. “No caso das carnes, é importante checar a procedência, carimbo do SIF (Serviço de Inspeção Federal) e que nenhum ingrediente foi adicionado à carne. Até mesmo o sal altera a classificação do alimento. Numa alimentação equilibrada, deve-se considerar as porções, tipos e frequência de consumo”, explica o nutricionista.
Benefícios: manutenção e aumento de massa muscular, prevenção de danos celulares, fornecimento de energia, auxílio na prevenção de anemia, entre outros.
As quatro categorias de alimentos
Essa classificação dos alimentos em quatro categorias foi determinada na 2ª edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. Elas foram definidas de acordo com o tipo de processamento a que são submetidos os alimentos antes de sua aquisição, preparo e consumo.
A primeira categoria reúne alimentos in natura ou minimamente processados. O primeiro representa aqueles obtidos diretamente de plantas ou de animais (como folhas e frutos ou ovos) e adquiridos para consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza. Já os alimentos minimamente processados, são alimentos in natura que, antes de sua aquisição, foram submetidos a alterações mínimas. Exemplos incluem grãos secos, polidos e empacotados ou moídos na forma de farinhas, raízes e tubérculos lavados, cortes de carne resfriados ou congelados e leite pasteurizado e UHT (“longa vida”).
A segunda categoria, dos ingredientes culinários, corresponde a produtos extraídos de alimentos in natura ou diretamente da natureza e usados pelas pessoas para temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias. Exemplos desses produtos são: óleos, gorduras, açúcar e sal.
A terceira categoria corresponde a produtos fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar a um alimento in natura ou minimamente processado, como legumes em conserva, frutas em calda, queijos e pães. Os produtos dessa categoria se denominam “processados”.
A quarta categoria corresponde a produtos cuja fabricação envolve diversas etapas e técnicas de processamento e vários ingredientes, muitos deles de uso exclusivamente industrial. Exemplos incluem refrigerantes, biscoitos recheados, “salgadinhos de pacote” e “macarrão instantâneo”. São os chamados “ultraprocessados”.
Equilíbrio
O Guia Alimentar foi publicado para promover uma alimentação saudável e equilibrada, orientando a população sobre escolhas alimentares conscientes, práticas culinárias e hábitos que podem auxiliar na promoção de uma alimentação balanceada. “A classificação dos alimentos em grupos tem como objetivo nortear a população sobre as suas escolhas, mas devemos lembrar que nenhum alimento isolado tem a capacidade de fazer bem ou mal para a saúde, ou de engordar ou emagrecer, por exemplo. Temos que fazer as escolhas sempre inseridas em um contexto de um estilo de vida saudável. O que precisamos é fugir de mitos que fazem com que alimentos saudáveis, sejam vistos de maneiras diferentes”, ressalta Thiago Barros.
“O leite de caixinha, longa vida, é um exemplo claro dessa situação. É um alimento seguro, naturalmente nutritivo, que não leva conservantes na composição, mas os mitos que circulam sobre ele fazem com que muitas pessoas deixem de consumi-lo. Como já mencionado, o leite UHT é classificado como minimamente processado e é um grande aliado para quem tem uma rotina corrida. Além de ser prático, pode ser consumido diretamente ou utilizado em diversas preparações culinárias”, aponta.
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