Episódios de tontura, principalmente quando passam a ser mais rotineiros, podem gerar ansiedade e medo. “Muitas pessoas não sabem exatamente o que fazer ao sentir o sintoma ou como ajudar alguém que o vivencia. A tontura é um sintoma que pode estar relacionado a diversos tipos de alterações e doenças, portanto, quando esses episódios se tornam intensos ou frequentes, um médico especialista deve ser consultado. O diagnóstico preciso determina o tratamento adequado para cada caso”, explica a médica otorrinolaringologista e especialista em tontura e zumbido, Nathália Prudencio.
Independentemente da causa, a conduta para lidar com a tontura requer algumas ações, que podem ajudar a aliviar os efeitos desse sintoma que surge do nada. “Seja para você, seja para oferecer apoio a alguém que necessita de ajuda, é recomendável seguir algumas dicas, como: sentar, tomar ar, manter os olhos abertos e evitar ingerir líquidos e alimentos”, explica.
Em primeiro lugar, é importante sentar ou encontrar um lugar seguro para se apoiar a fim de evitar quedas e possíveis lesões. Além de ser mais difícil manter o equilíbrio de pé, mover a cabeça para se orientar pode agravar o sintoma, segundo a médica. “Caso a tontura não passe, mesmo após se sentar, é importante solicitar ajuda. Você também pode se deitar e manter as pernas elevadas com ajuda de algum apoio. Essa posição ajudará o sangue a retornar ao cérebro mais rapidamente, se for o caso de uma queda repentina da pressão”, diz a especialista.
A segunda dica é respirar profundamente. “A tontura pode ser desencadeada pelo calor excessivo, sudorese excessiva, por uma sensação de abafamento ou por uma crise de ansiedade. Embora cada caso apresente causas e mecanismos específicos, ações simples, como se dirigir a um local arejado e respirar fundo, podem ser benéficas em todas as situações. Ao reduzir a temperatura e aumentar a disponibilidade de oxigênio no corpo, a pressão sanguínea tende a se estabilizar mais facilmente, assim como outras funções do organismo, o que também pode contribuir para a calma e para o relaxamento”, ensina Nathália. A orientação também vale para pessoas que realizam esforço físico excessivo e sentem tontura.
Manter os olhos abertos é a terceira medida importante, conforme a especialista. “Durante um episódio de tontura, a informação visual ajuda o nosso cérebro a se orientar, especialmente quando as estruturas do ouvido interno estão enviando ‘mensagens erradas’ sobre o equilíbrio. Dessa forma, fixar a sua visão em um objeto ou pessoa próxima (ideal a mais de um metro de distância) pode reduzir a intensidade da tontura e ajudar o seu cérebro a restabelecer o equilíbrio”, diz a otoneurologista.
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A quarta dica é tomar cuidado com alimentos e bebidas. “No momento da tontura, se estivermos falando de uma queda brusca de pressão, por exemplo, o paciente pode ter algum comprometimento do seu nível de consciência e, ao ingerir líquidos ou alimentos sólidos, pode se engasgar e até sofrer uma broncoaspiração. O ideal é aguardar ou se certificar que o paciente está consciente antes de ingerir qualquer coisa”, constata Nathália.
Mas o que pode ser?
A tontura é um sintoma típico de vários tipos de disfunções e doenças, segundo a médica. “Também é um sintoma de alterações corriqueiras que geralmente não justificam preocupação, como desidratação, insolação, queda de pressão ou níveis baixos de glicose no sangue”, diz.
“Frequentemente chamada (incorretamente) de labirintite, a tontura pode ter várias causas e a maneira como ela se manifesta nos ajuda a descobrir o fator que a desencadeou. Quando a tontura não é constante, surge de repente (ou do nada), podemos pensar em causas como: hipotensão postural (queda de pressão após realizar um movimento brusco, como levantar ou mudar de posição rapidamente); vertigem posicional paroxística benigna ou tontura dos cristais (por causa do desprendimento dos cristais de cálcio do labirinto); enxaqueca vestibular (manifestação da enxaqueca que provoca sensação de desequilíbrio e mareio); tontura postural perceptual persistente ou vertigem fóbica (quadro de tontura que se instala e passa a ocorrer na maior parte dos dias, após um episódio súbito de perda de equilíbrio)”, explica a otoneurologista. “Somente a avaliação de um médico, porém, é capaz de determinar com precisão a causa da sua tontura”, diz.
Nathália explica que pessoas idosas tendem a apresentar tontura com mais frequência, mesmo na ausência de patologias específicas, pois características típicas dessa faixa etária — como uso de diferentes medicações, alterações visuais e articulares — favorecem episódios de desequilíbrio e tontura. “Ela é mais preocupante quando surge acompanhada de outros sintomas como alterações auditivas: como sensação de ouvido tapado ou perda de audição; zumbido no ouvido; desconfortos no ouvido como secreção, ou dor; e quedas frequentes. Nesses casos, é fundamental consultar um médico otorrinolaringologista ou um otoneurologista — que é o otorrino especializado em tontura e zumbido. É importante pontuar que episódios agudos (que envolvem extrema desorientação) requerem atendimento médico imediato, assim como quando são constatadas alterações neurológicas, como distorções visuais, perda de coordenação e dificuldade de fala e deglutição (reflexo de engolir)”, reforça.
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