Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 73.610 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100 mil brasileiras -  (crédito: Freepik )

Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 73.610 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100 mil brasileiras

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Seis em cada dez brasileiras dizem conhecer formas de prevenção contra o câncer de mama, segundo tipo de câncer mais recorrente entre o público. As entrevistadas, no entanto, têm dificuldades em identificar mitos ou verdades sobre a doença. As conclusões são da pesquisa feita pela AC Camargo em parceria com a Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados, no Outubro Rosa, mês dedicado à prevenção da doença.


Foram entrevistadas pessoalmente 1.036 mulheres com idade a partir de 16 anos a pouco mais de 60 anos, nas 27 unidades da federação, entre 18 e 24 de setembro. A margem de erro no total da amostra é de três pontos percentuais. 


A pesquisa indica que apesar de haver algum grau de conscientização sobre formas de prevenir a doença e de acesso aos exames, especialmente entre as mulheres com mais de 40 anos, onde a recomendação da mamografia começa a ser importante, ainda há muitos desafios para prevenção. “Um deles é a ampliação do esclarecimento sobre mitos relacionados à doença, assim como o medo envolvendo o estigma gerado em torno de um diagnóstico como esse”, afirma Fabiana Makdissi, chefe do Centro de Referência em Tumores de Mama do A.C.Camargo Cancer Center.

 

 


No questionário de pesquisa, foram apresentadas às entrevistadas quatro afirmações relacionadas à prevenção da doença. Em todas, as entrevistadas se dividem sobre as respostas, e em alguns casos, quem tem uma escolaridade menor acerta mais do que aquelas com mais anos de estudo. 


Amamentação 


Menos da metade (47%) das mulheres responderam que “amamentar diminui a chance de ter câncer de mama”, informação que está correta. Entre as que não sabem ler ou escrever, 57% concordaram com a frase, seguidas por 50% que estudaram até o ensino fundamental. O indicador cai para 43% entre quem estudou até o ensino médio e fica em 46% para o ensino superior.


De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no período de amamentação, alguns processos promovem a eliminação e a renovação de células que poderiam ter lesões em seu material genético, reduzindo a incidência da enfermidade. Além disso, no período de aleitamento, caem as taxas de determinados hormônios que favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer.


 

Apesar de haver essa relação entre amamentação e redução de chances da doença, seria necessário amamentar por muitos anos para de fato haver resultados. “Vale lembrar que nem todo fator de proteção significa blindagem, assim como nem todo fator de risco é considerado uma fatalidade. Considerando isso, de fato, podemos afirmar que a amamentação tem essa relação com a redução do risco, especialmente quando feita por períodos mais longos que um ano”, explica a mastologista Fabiana Makdissi. 


Reposição hormonal 


Menos da metade (42%) concordam que “reposição hormonal causa câncer de mama”, afirmação também correta. Tanto entre as que não sabem ler ou escrever quanto no grupo que estudou até o ensino fundamental, 51%, concordaram com a frase. O indicador cai para 39% para quem estudou até o ensino médio e fica em 32% para o ensino superior.


Usada, entre outras finalidades, para aliviar os sintomas da menopausa, a terapia de reposição hormonal (TRH), principalmente a terapia combinada de estrogênio e progesterona, pode aumentar o risco do câncer de mama, de acordo com o Inca.  


De acordo com Fabiana Makdissi, esse risco pode subir, principalmente, se a terapia for realizada por mais do que cinco anos. “Precisamos ressaltar que mulheres que já tiveram câncer de mama não devem fazer reposição hormonal, mas o mais importante é que antes de uma mulher começar esse tipo de terapia, ela precisa ter suas mamas avaliadas para identificar qualquer possível questão na mama”, afirma. 


Silicone


Em relação à afirmação de que “colocar silicone aumenta a chance de câncer de mama”, que segundo a especialista é falsa, 43% responderam dessa forma. Outros 42% pensam ser verdadeira. Nesse ponto, de modo geral, há maior conhecimento nos grupos com maior escolaridade: 61% das mulheres com ensino superior dizem que a frase é falsa, seguidas por 45% entre aquelas com ensino médio e 27% para ensino fundamental. No grupo que não sabe ler e escrever, são 34%.


 

Ao considerar o carcinoma, câncer de mama mais comum, correspondente a mais de 95% dos casos, não há maior incidência entre quem tem prótese de silicone. “Considerando isso, faz-se também uma possível relação com um tipo de câncer na mama muito raro, o linfoma anaplásico de grandes células, que acreditamos ter uma conexão mais pessoal da paciente contra a prótese, mas não pode ser generalizado como um fator de risco” indica a mastologista. De acordo com o National Cancer Institute (EUA), a incidência desse tipo de câncer ocorre em três a cada 100 milhões de mulheres por ano.


Autoexame regularmente 


A maioria (58%) das mulheres considera falsa a afirmação de que “fazer autoexame regularmente garante que você não terá câncer de mama”. “O exame funciona como uma ferramenta de rastreio, ajudando em um diagnóstico precoce caso notada alguma anormalidade na mama, mas não pode inibir o surgimento de tumores” pontua Fabiana Makdissi. 


Sobre esse aspecto, quanto maior a escolaridade, maior o conhecimento. Entre as brasileiras com ensino superior, 72% disseram que a afirmação é falsa, seguidas por 64% com ensino médio, 43% para ensino fundamental e 39% entre quem não sabe ler e escrever.


O levantamento mostra também que 59% já fizeram o autoexame, por meio do toque, enquanto 53% das entrevistadas já fizeram uma mamografia. Além disso, 28% nunca fizeram nenhum dos dois, sendo 25% delas pertencentes à faixa etária com maior incidência de risco (acima dos 40 anos). 



A prevenção do câncer de mama é feita a partir do controle dos fatores de risco e do estímulo aos fatores protetores, além do acompanhamento médico para diagnóstico. Os fatores de risco comportamentais são:

 

  • Excesso de peso
  • Falta de atividade física
  • Consumo de bebidas alcoólicas
  • Doença fatores genéticos e endócrinos 
  • Relativos à história reprodutiva
  • Idade 
  • Exposição à radiação ionizante


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