Por outro lado, há também os alimentos que devem ser evitados quando se trata de saúde do coração. Alguns exemplos são os processados e os ultraprocessados como salgadinhos, refrigerantes, embutidos e fast food, ricos em sódio, açúcar e gorduras saturadas. -  (crédito: pexels Foodie Factor)

Exemplos de comida processada e ultraprocessadas são salgadinhos, refrigerantes, embutidos e fast food, ricos em sódio, açúcar e gorduras saturadas

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Apesar de práticos e agradáveis aos olhos e ao paladar, os alimentos ultraprocessados, como biscoitos, sorvetes, produtos congelados, macarrão instantâneo, molhos e outros itens – que têm adição de açúcares, sódio, gorduras e aditivos químicos, além de pobres em vitaminas, sais minerais e fibras - são extremamente prejudiciais ao organismo humano. Uma revisão de 45 estudos publicada na revista científica "The BMJ" encontrou evidências de que existe uma associação entre esses produtos e o risco aumentado para 32 problemas de saúde, entre eles morte por câncer.

A oncologista Roberta Dayrell destaca que os tumores, atualmente, mais associados a hábitos alimentares não saudáveis, geralmente são os do trato gastrointestinal, (esôfago, estômago, colón e reto), que compreendem regiões da boca ao ânus. “Todo o trato digestório é o que tem mais contato com os alimentos. Quando eles não são naturais, tendem a estimular a inflamação do organismo, o que contribui para aumentar a produção de radicais livres, moléculas que estão em constante formação no corpo e que em desequilíbrio podem ser extremamente prejudiciais à saúde”, explica.

 

 

Segundo a médica,  o excesso de radicais livres faz com que a células se reproduzam de forma inadequada, gerando um dano ao DNA. “A alteração da estrutura [do DNA], pode consequentemente, provocar o surgimento de uma neoplasia”, destaca a especialista, acrescentando que esse dano, porém, não ocorre do dia para a noite. “Ele é crônico e similar à lógica do tabagismo e do álcool: quem fuma a vida toda, pode, em algum momento, ter câncer de pulmão. Quem bebe por anos, aumenta as chances de câncer de fígado. Já aqueles que se alimentam mal, por sua vez, correm sérios riscos de desenvolver um câncer intestinal no futuro”, explica.

 

 

A nutricionista Sílvia Carvalho acrescenta que  em meio à falsas propagandas, é preciso ter cuidado com anúncios dos produtos ‘0% de açúcar e ‘sem glúten’, que levam muitas pessoas a terem a falsa sensação de que estão consumindo algo saudável. “Geralmente, quando a indústria retira um ingrediente dos alimentos, ela adiciona outros. A troca de um açúcar por adoçante, por exemplo, na maioria das vezes, é por um substituto que não é saudável”, pontua.

Sílvia Carvalho, no entanto, não tem uma postura extremista sobre o consumo de ultraprocessados. Ela defende que o mais importante é a forma como nos relacionamos com os alimentos em nossa rotina. “Se apesar de ser ruim para a saúde, ele [o alimento] é algo que você come com muita frequência, é óbvio que em algum momento vai te prejudicar. Porém se você come um docinho ou hambúrguer vez ou outra, em momentos de festa, no convívio social, não serão esses episódios isolados que irão atrapalhar ou minar tudo de bom que você faz na rotina alimentar”.

Roberta complementa a fala de Sílvia ao afirmar que quanto mais consumirmos os alimentos que vêm da própria natureza, como legumes, frutas e verduras, maior será nossa qualidade alimentar. “Muitas pessoas acham que para fazer uma dieta de qualidade é preciso comprar vitaminas caras, suplementos e barrinhas de cereal, que nada mais são do que processadas pela indústria alimentícia. Quanto mais saudável e natural for a nossa alimentação, menos alimentos industrializados e processados comeremos. Logo, diminuiremos a chance de problemas futuros, não apenas o câncer, mas também diabetes, hipertensão, obesidade, distúrbios cardiovasculares, que, naturalmente, são fatores de risco para diversos tumores”, finaliza.