O mineiro Bruno Zoffoli, de 43 anos, morreu após realizar um mergulho de profundidade na ilha de Fernando de Noronha na última terça-feira (15/10). Bruno foi resgatado com vida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e levado ao Hospital São Lucas.
No entanto, foi diagnosticado com doença descompressiva e, apesar de realizar a terapia hiperbárica, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não sobreviveu. Essa condição pode acometer mergulhadores, principalmente aqueles que realizam o esporte em grandes profundidades.
De acordo com o instrutor de mergulho da escola em que Bruno Zoffoli era aluno, Charles Alvarenga Miranda, de 46 anos, o mineiro era um mergulhador experiente e possuía mais de 20 certificações. Na terça-feira, Bruno realizava um mergulho no Corveta V17 Ipiranga, um navio militar naufragado, a 62 metros de profundidade.
“Ele estava em uma viagem de passeio em família. Eram duas famílias extremamente conhecidas e amigas. Dessas duas famílias, o gestor da outra, assim como Bruno, também era um mergulhador muito experiente e estava junto nesse mergulho”, detalha.
A doença descompressiva é causada pelo excesso de nitrogênio ou outro gás inerte usado na mistura respiratória, como o hélio, dissolvido nos tecidos do corpo humano devido à permanência do indivíduo em condições hiperbáricas, como o mergulho em profundidade.
Conforme Miranda, é muito raro que a condição acometa mergulhadores. O instrutor explica que os treinamentos são claros e os esportistas se preparam bem antes de entrar na água. “O gás é dissolvido em nosso organismo durante o tempo em que estamos mergulhando. Quando voltamos do mergulho, precisamos dar tempo para que esse gás retorne ao estado gasoso, permitindo que as bolhas pequenas passem pelos alvéolos pulmonares e sejam expelidas pela respiração. Quando isso acontece, é um processo natural”, ressalta.
Para evitar que a doença acometa o mergulhador, Miranda explica que os esportistas realizam os tempos de fundo e as paradas descompressivas. De acordo com o instrutor, Bruno executou todas as paradas descompressivas corretamente.
“Ele planejou de forma exímia, não cometeu erros. Temos comprovações disso, pois os computadores de mergulho que usamos monitoram todo o processo. Ele fez tudo certo. Porém, como qualquer ser humano, em uma determinada atividade, existe a susceptibilidade fisiológica, e você pode estar um pouco mais fragilizado em um dia específico. Isso envolve diversos fatores que não conseguimos prever ou determinar, como se ele dormiu bem, se comeu adequadamente e se se hidratou corretamente, o que deve ser considerado nos dias anteriores. Portanto, não podemos ter certezas quando falamos de fisiologia”, esclarece.
Conforme a Administração de Fernando de Noronha, Bruno Zoffoli foi resgatado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e deu entrada na tarde da terça-feira no Hospital São Lucas. O mineiro apresentava sintomas respiratórios e rebaixamento do nível de consciência após um mergulho profundo com cilindro.
Ele foi diagnosticado com a doença descompressiva e recebeu indicação para realizar terapia hiperbárica. Com essa terapia, o paciente respira oxigênio 100% puro, aumentando a quantidade de oxigênio transportada no sangue. Após algumas horas de tratamento, Zoffoli apresentou melhora clínica dos sintomas. No entanto, momentos depois, o mineiro teve uma parada cardiorrespiratória.
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Conforme a Administração de Fernando de Noronha, apesar dos esforços em procedimentos de reanimação por cerca de 1 hora e 30 minutos, Zoffoli não resistiu. O corpo foi encaminhado para o IML, no Recife, para verificação da causa da morte.
O salve aéreo decolou nesta quarta-feira (16/10) da ilha com o corpo de Bruno, por volta das 12h, no horário local. De acordo com Miranda, ele ainda está no IML de Recife, onde realiza os trâmites finais burocráticos para liberação, e a previsão é que, até o final desta quinta-feira (17/10), já esteja em Belo Horizonte.