A reconstrução mamária após a mastectomia é uma decisão importante para muitas mulheres que enfrentaram o câncer de mama. O procedimento pode ajudar a restaurar a autoestima e proporcionar um sentimento de recuperação física e emocional. O cirurgião plástico Josue Montedonio, especialista em reconstrução mamária, explica os principais pontos a serem considerados por quem está pensando em passar pela cirurgia.
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A reconstrução pode ser realizada de forma imediata, no mesmo procedimento da mastectomia, ou de forma tardia, após a recuperação total da paciente. "A reconstrução imediata tem a vantagem de reduzir o número de cirurgias e o tempo de internação. No entanto, em alguns casos, como quando a paciente precisa passar por radioterapia, a reconstrução tardia pode ser mais adequada, já que a radioterapia pode comprometer os resultados estéticos", comenta Montedonio.
TECNOLOGIAS AVANÇADAS
O Brasil tem avançado significativamente no campo da reconstrução mamária. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), mais de 25 mil cirurgias de reconstrução mamária são realizadas anualmente no país. "Atualmente, contamos com técnicas que permitem resultados cada vez mais naturais e seguros. A utilização de enxertos de gordura e técnicas de microcirurgia têm revolucionado a área, oferecendo uma maior sensação de naturalidade e melhora no contorno da mama reconstruída", diz o especialista.
Uma opção amplamente utilizada é o uso de expansores, que preparam a pele para receber um implante definitivo. "O expansor é uma espécie de balão que é inflado aos poucos, permitindo que a pele se estique e fique pronta para a colocação do implante. Esse processo pode levar alguns meses, mas traz excelentes resultados estéticos", acrescenta.
RECUPERAÇÃO E CUIDADOS
Após a cirurgia, a recuperação pode variar dependendo do tipo de procedimento. Montedonio aconselha que as pacientes sigam rigorosamente as orientações médicas. "É fundamental que as pacientes saibam que a recuperação requer paciência e cuidados. O tempo de recuperação pode variar, mas envolve o uso de cintas pós-cirúrgicas, evitar esforços físicos e seguir uma alimentação saudável para auxiliar na cicatrização", destaca.
Ele também alerta para a importância de estar atenta a qualquer sinal de complicação, como dores intensas, inchaço persistente ou febre, que devem ser imediatamente comunicados ao médico.
ASPECTOS PSICOLÓGICOS E SUPORTE
A reconstrução mamária é muito mais do que uma questão estética. "Para muitas mulheres, recuperar a mama é uma forma de reconstruir sua identidade e autoestima. É essencial que as pacientes também recebam apoio emocional, seja de amigos, familiares ou profissionais, para que o processo de recuperação seja o mais tranquilo possível", afirma Montedonio.
Segundo a SBCP, o número de reconstruções mamárias no Brasil aumentou 14% nos últimos anos, um reflexo da ampliação da conscientização sobre a possibilidade e os benefícios do procedimento. Além disso, a Lei 12.802/2013 garante às mulheres que realizaram mastectomia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) o direito à reconstrução mamária imediata ou assim que as condições clínicas permitirem.
OUTRAS DICAS
Josue Montedonio oferece algumas dicas para as mulheres que estão pensando em passar pela reconstrução mamária:
1. Converse abertamente com seu cirurgião: Tire todas as suas dúvidas e entenda as opções disponíveis.
2. Pense no momento certo para a cirurgia: Avalie junto com seu médico se a reconstrução imediata ou tardia é a melhor escolha.
3. Busque apoio emocional: Não hesite em procurar grupos de apoio ou terapias que ajudem a lidar com os desafios emocionais do câncer de mama.
4. Siga todas as orientações pós-operatórias: O sucesso da cirurgia depende também do cuidado no pós-operatório.
"A reconstrução mamária é um processo que pode ajudar a paciente a se sentir mais confiante e completa após o tratamento do câncer. Com a ajuda de um bom planejamento e suporte médico, é possível alcançar resultados excelentes", destaca Montedonio.