A sífilis apresenta-se de maneira assintomática ou com sintomas imperceptíveis, daí a importância de prevenir e realizar testagens periódicas -  (crédito: (Reprodução: Breno Esaki/Agência Saúde-DF.))

Apesar da grande maioria dos casos serem sintomáticos e demonstrarem feridas ou lesões, os casos assintomáticos existem e necessitam de diagnóstico

crédito: (Reprodução: Breno Esaki/Agência Saúde-DF.)

Nos últimos anos, o Brasil vem registrando um aumento no número de casos de sífilis. De 2012 a 2022 foram notificados 1.273.027 casos de sífilis adquirida, 537.401 casos de sífilis em gestantes e 238.387 casos de sífilis congênita, de acordo com dados do Boletim Epidemiológico Sífilis 2023, do Ministério da Saúde.

 

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que pode apresentar diferentes manifestações clínicas e é dividida em quatro principais estágios: a sífilis primária, quando há o surgimento de uma úlcera indolor (cancro) no local de infecção; sífilis secundária, ocorre semanas após a infecção inicial e com sintomas como manchas pelo corpo, febre e dor de cabeça; sífilis latente, quando não há sintomas visíveis, mas a bactéria permanece no corpo e pode ser detectada por exames de sangue; e a sífilis terciária, que, se não tratada, pode ocorrer anos após a infecção inicial, causando complicações graves como lesões em órgãos como cérebro, coração e ossos.

 

 

 

 

Segundo Camila Lopes Ahrens, infectologista do Hospital Angelina Caron, a sífilis congênita - quando há a transmissão da mãe para o bebê - pode levar a sérias complicações. “O contágio vertical pode causar casos de aborto espontâneo, parto prematuro, nascimento de bebê com baixo peso, malformações congênitas, surdez, cegueira ou problemas neurológicos no bebê. Por isso, o diagnóstico e tratamento precoces durante a gravidez são essenciais para prevenir essas complicações”, afirma. 

 

Contágio e principais sintomas

 

Apesar da sífilis ser uma IST e o seu contágio ocorrer, principalmente, por meio do contato sexual sem proteção com uma pessoa infectada, a contaminação também pode ser feita por meio do contato direto com feridas sifilíticas e na transmissão vertical, que ocorre durante a gravidez e é passada da mãe para o feto. 

 

Os sintomas variam de acordo com o estágio que a infecção está, explica a infectologista. “A fase primária conta com o aparecimento de úlceras indolores no local da infecção; na secundária os sintomas são as manchas pelo corpo, febre, dor de cabeça, cansaço e aumento de linfonodos; a latente é assintomática e a terciária, o estágio mais grave, as lesões podem ser nos órgãos, pode causar neurossífilis (condição neurológica causada pela infecção) e problemas cardíacos”, destaca.

 

 

Apesar da grande maioria dos casos serem sintomáticos e demonstrarem feridas ou lesões, os casos assintomáticos existem e necessitam de diagnóstico. Segundo Camila, o aumento do número de casos pode ser atribuído a alguns fatores, como uma maior oferta de testes com a à ampliação do acesso a serviços de saúde, mas também por conta de falhas no uso de preservativos e da redução da prevenção e de campanhas de conscientização.

 

Diagnóstico e tratamento

 

O diagnóstico da sífilis é feito por meio de exames, geralmente solicitados após sintomas e averiguação clínica. Em casos positivos, o tratamento é feito com o uso de antibióticos, administrados via oral ou intravenosa e com dose a depender do estágio da infecção. O diagnóstico precoce da infecção evita que os sintomas aumentem ou apareçam, além de prevenir que quadros mais graves surjam.

 

“Na sífilis primária, secundária ou latente precoce, é administrada uma única dose de penicilina benzatina, mas nos casos de sífilis latente tardia terciária ou são necessárias três doses em semanas consecutivas. É importante que parceiros sexuais também sejam tratados para evitar reinfecção”, explica Camila.  Em casos mais graves, como em estágios avançados ou condições de neurossífilis, o tratamento é feito por via intravenosa de penicilina cristalina, geralmente por 14 dias. 


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