Mulher loira vestindo blusa branca aparenta sofrer com tontura; ela está com uma mão na cabeça e a outra na parede, e o fundo da foto está borrado -  (crédito: Getty Images)

Esse quadro é muito confundido com a labirinte, que é uma consequência de uma infecção na orelha média

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Muitas pessoas acreditam que têm labirintite, por sentirem com frequência sintomas de tontura, mas é bem provável que a condição seja outra: a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB). Conhecida popularmente como tontura dos cristais, esse é um quadro caracterizado por episódios breves de vertigem rotatória acompanhada de náuseas, que geralmente surgem ao deitar ou levantar, bem como erguer ou abaixar a cabeça. Esse é um problema que pode ser resolvido no consultório com a aplicação da manobra corretiva.

 

"Os pacientes notam esse problema, por exemplo, após levantar a cabeça para pegar algo ou a girar a cabeça no travesseiro após algum tempo deitado na cama”, explica a otoneurologista Nathália Prudencio, otorrinolaringologista e especialista em tontura e zumbido. “Esse quadro é muito confundido com a labirinte, que é uma consequência de uma infecção na orelha média que poderá chegar até o labirinto, de uma meningite ou até de uma infecção de vias aéreas superiores. Porém, hoje temos tratamentos eficazes para essas infecções que podem ser administrados precocemente, resolvendo o problema em alguns dias. Então dificilmente a infecção evoluirá e acometerá o labirinto”, acrescenta.

 

 

 

A VPPB é uma sigla autoexplicativa: “Vertigem (se refere à tontura em que ocorre ilusão de movimento), posicional (já que as crises são desencadeadas por mudanças na posição da cabeça), paroxística (com crises agudas e com surgimento de forma súbita) e benigna (não está associada a questões mais sérias)”, diz Nathália. Os famosos cristais se referem às otocônias, que se localizam no labirinto. “Esses cristais são responsáveis por detectar acelerações lineares da nossa cabeça, como quando estamos em um elevador, subindo ou descendo, ou quando andamos para frente ou para trás”, explica a médica. “Mas quando eles se desprendem e ficam soltos dentro do labirinto, provocam a VPPB”.

 

Na maioria dos casos, não é encontrado um fator desencadeante e os especialistas acreditam que eles se soltem de maneira espontânea. “Alguns pacientes, porém, começam a apresentar o quadro após uma queda em que bateu a cabeça, depois de fazer um movimento muito rápido com a cabeça, ou após ir em uma montanha russa em um parque de diversões”, explica.

      

 

O diagnóstico é simples, desde de que o profissional correto seja consultado. “No consultório, realizamos a manobra diagnóstica que consiste em posicionar a cabeça do paciente, deitado na maca, em uma posição específica para observar se é desencadeada a vertigem e o nistagmo, um movimento ocular específico e involuntário. Nesse momento, é muito importante que o paciente mantenha os olhos abertos, mesmo se sentir tontura, para que possamos avaliar em que local do labirinto esse cristal foi parar”, informa a otoneurologista.

 

Uma vez que o paciente apresente vertigem rotatória nessa posição ou manifeste o nistagmo característico, o tratamento da vertigem posicional paroxística benigna deve ser feito no próprio consultório, logo após o diagnóstico. A VPPB também pode apresentar melhora espontânea após algumas semanas do quadro, ou seja, o cristal pode voltar para o seu local sozinho, mesmo sem a manobra.

 

“Dependendo do local em que foi parar o cristal que se desprendeu, dentro do labirinto, partimos para a manobra de reposicionamento, que são posições em sequência em que colocamos a cabeça do paciente para que o cristal retorne ao local correto. A manobra de reposicionamento é rápida, simples e muito efetiva. Cerca de 90% dos pacientes já melhoram após uma única manobra e uma parcela muito pequena precisa de uma segunda manobra para tratamento”, afirma.


 

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