A chegada de mais um integrante na família sempre gera muita felicidade mas, também, muitas preocupações -  (crédito: Redes Sociais/ Reprodução)

A chegada de mais um integrante na família sempre gera muita felicidade mas, também, muitas preocupações

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Gisele Bündchen, 44 anos, revelou, na última segunda-feira (28), estar grávida do terceiro filho. Mãe de Benjamin, de 14 anos, e Vivian, de 11, frutos do antigo relacionamento com o jogador Tom Brady, a modelo brasileira está à espera do primeiro filho com o lutador de Jiu-jitsu, Joaquim Valente, seu atual namorado.

 

Quem também aguarda a chegada de um próximo filho, resultado do relacionamento com o ator Nicolas Prattes, é a apresentadora Sabrina Sato, de 43 anos, mãe da pequena Zoe, de 5 anos. 


 

Para além das gestações serem de duas mulheres acima dos 40, outro detalhe aproxima as duas modelos: ambas já são mães. O cenário se torna fértil para dúvidas dos irmãos mais velhos, futuros ciúmes, mas também para fomentar um ambiente acolhedor e de inclusão. 


A educadora parental Priscilla Montes conta as reações mais comuns entre os filhos mais velhos, como os pais podem lidar com os sentimentos de ciúmes, insegurança e de adaptação. Confira a entrevista com a especialista: 


1. Quais são as melhores formas de preparar o filho mais velho para a chegada de um irmão?


A chegada de mais um integrante na família sempre gera muita felicidade mas, também, muitas preocupações, expectativas e angústias. E, normalmente, depositamos muitas expectativas na relação entre a criança mais velha e a criança que vai chegar. O primeiro ponto é trabalhar e ajustar essas expectativas que muitas vezes estão desalinhadas e exigindo demais dessa criança mais velha.


Esta conversa pode começar a partir do momento que descobriram que vai chegar mais uma criança neste lar. Importante que a criança mais velha se sinta parte disso como família e que possa acompanhar todos os passos desse momento tão importante. Que ele também se sinta pertencente e participe de todos os momentos. A maneira de começarmos esta conversa sempre será em um lugar de honestidade e sem depositar a expectativa na resposta. Fazer a criança se sentir parte. 


2. Quais são as reações emocionais mais comuns do filho mais velho? Como os pais podem lidar com esses sentimentos?


As reações mais comuns, tendem a ser extremas, seja para gostar muito, seja para não gostar. E, a criança, por ainda não ter o cérebro maduro e córtex pré frontal totalmente desenvolvido e sem cognição cognitiva de lidar com as emoções, é puro instinto - tendendo a ter reações mais impulsivas e sentimentos intensos seja  gostando, seja  não gostando da novidade. 


O ciúmes e insegurança neste período é normal e compreensível. O importante é sempre validar o que a criança está sentindo, gerando segurança emocional e acolhimento. Até porque é muito comum, na criança mais velha, o medo de deixar de ser amada por conta da chegada de um bebê neste ambiente familiar. E, para que isso não aconteça, é importante que esta criança esteja com o copinho emocional cheio de amor e pertencimento.  


3. Como podemos envolver o filho mais velho durante a gravidez e após o nascimento para que ele se sinta parte da experiência?


Dizendo para a criança tudo que vai acontecer em cada fase da gestação e perguntar se ela gostaria de participar. Dizer que a ajuda dela será super bem-vinda e especial. Mas vale destacar que, após o nascimento, os pais não devem colocar as responsabilidades de cuidado do irmão mais novo para o irmão mais velho. Criança não cuida de criança. E, sim, deixar com que o irmão mais velho participe de forma espontânea e fluida.  


 

4. O que muda na dinâmica familiar com a chegada de um segundo filho?


Tudo muda. Vai existir mais um indivíduo neste ambiente familiar com características únicas e novas relações serão criadas.  É um momento de novidades para todos. O mais importante é os pais entenderem que este irmão mais velho vai precisar de muito acolhimento, conexão e momentos de interações com estes cuidadores sozinho. Ambiente em que ele vai encher o copinho dele de amor, estar com a atenção plena dos pais e se sentindo importante, nem que seja por pouco tempo. Não é sobre a quantidade mas qualidade do tempo oferecido. 


5. Como os pais podem garantir que o filho mais velho não se sinta deixado de lado após o nascimento do novo bebê?


Para que o mais velho não se sinta deixado de lado é importante entender que ele também é parte integrante deste processo e dar a ele pequenos momentos de interação sozinho com um dos cuidadores. Para que ele saiba que a chegada de um bebê não significa que ele perderá o seu lugar na família, onde todos são importantes. 


6. Quais são as melhores estratégias para minimizar o ciúme entre irmãos? 


Aqui está o ponto chave do relacionamento entre irmãos: não depositar nessa relação a obrigatoriedade deles se amarem, mas, sim, se respeitarem. É aqui que normalmente erramos, pois, depositamos expectativas desalinhadas nessa relação por acreditar que eles são obrigados a se amarem e se darem bem.


É óbvio que este é o melhor cenário, mas, quando depositamos nessa relação diariamente esta obrigatoriedade, acabamos mais atrapalhando do que ajudando. Quanto mais respeitarmos os limites individuais de cada um e funcionarmos como coadjuvantes e não protagonistas, mais estas relações tendem a ser melhores. 


7. Como a mãe pode se preparar emocionalmente para o desafio de ter dois (ou mais) filhos, especialmente em relação à divisão do tempo e do cuidado?


Esta é a pergunta de milhões, pois, em uma sociedade ainda muito patriarcal, com muitas mães solos, com muitas mães sem rede de apoio e sobrecarregadas, sabemos que é muito difícil e exaustivo dar conta de tudo. Mas, o ponto em questão é: não somos seres humanos que nascemos para dar conta de tudo, isto é algo que a educação tradicional nos fez acreditar.

 

Então, deixe os pratinhos das demandas menos urgentes caírem e tente focar ao máximo em você primeiro e depois na qualidade da relação com as crianças. 


8. Quão importante é manter um diálogo aberto com o filho mais velho sobre a chegada do irmão?


O diálogo aberto traz a sensação biológica de pertencimento e segurança para qualquer criança e eles já nascem com essa expectativa. Isso é uma necessidade emocional, portanto, independente de haver ou não a chegada de outro irmão, a necessidade de se vincular e pertencer é uma demanda básica e essencial para a construção da saúde emocional das crianças. Acredito que, além de conversas honestas, o que podemos fazer é ter uma escuta ativa, ou seja, ouvir sem interrupções, sem querer consertar os sentimentos, sem julgamentos ou críticas. Apenas estar presente para ouvir e ser colo. 


9. Como os pais podem criar expectativas realistas tanto para o filho mais velho quanto para si mesmos em relação à nova rotina familiar?


Entender que vocês, pais, não são responsáveis por fazer esta relação dar “certo”. Vocês são responsáveis por preencher as necessidades básicas e emocionais de cada criança como indivíduo e proporcionar um ambiente de segurança, amor e acolhimento. Quanto mais respeitarmos as individualidades de cada um, os seus desejos e quereres, os seus sentimentos e respeitá-los, mais esta relação tende a ser positiva e com bases sólidas.


10. De que forma é possível ajudar o primogênito a ressignificar o seu papel na família após a chegada do irmão, sem que ele sinta uma perda de importância?


É lógico que fazer ele participar e estar presente em todos os momentos vai ajudar este primogênito a se sentir parte integrante, mas, o mais importante, é cuidar da forma como ele será tratado, ouvido e considerado. E são nesses momentos que ele perceberá a sua importância. Temos a tendência a jogar pressão, pesos, expectativas nessas relações ao invés de criar um ambiente para essa relação florescer.




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