O uso de lentes de contato por crianças ainda é cercado de dúvidas e tabus, mas tem ganhado cada vez mais espaço, principalmente em casos de problemas oculares específicos, como catarata congênita e miopia. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 20% das crianças em idade escolar apresentam algum tipo de problema visual.


Embora ainda exista uma certa resistência quanto ao uso de lentes de contato por crianças, a oftalmologista Silvana Lazary, speaker da CooperVision acredita que a prática, quando indicada e acompanhada por um profissional, pode trazer grandes benefícios para o desenvolvimento visual e para a qualidade de vida infantil. Seja para o tratamento de condições como catarata congênita e estrabismo, ou como forma de frear a progressão da miopia, as lentes de contato se mostram uma alternativa segura e eficaz, desde que haja supervisão adequada e acompanhamento médico.

 




"As pessoas acham que a criança vai ficar mexendo no olho, mas com uma lente bem adaptada, você nem percebe que está usando", comenta. Ela destaca a importância da adaptação individual, lembrando que as lentes não podem ser compradas sem prescrição. "É necessário considerar a curvatura da córnea, o diâmetro e o grau correto. Por isso, o acompanhamento médico é essencial para garantir o uso seguro", acrescenta.


Qualidade de vida


Além da catarata congênita, outra condição que pode ser tratada com lentes de contato é o estrabismo acomodativo - desvio ocular causado pelo esforço de foco dos olhos ao tentar ver com nitidez. Para essas crianças, as lentes são especialmente úteis durante a prática de esportes e outras atividades físicas. “O uso rotineiro das lentes também não tem contraindicação”, ressalta a oftalmologista.

 


Com isso, o uso de lentes de contato representa uma melhoria significativa na qualidade de vida, permitindo uma maior liberdade em atividades físicas e uma correção visual eficaz. É o caso da paciente de Silvana, de 5 anos, que usa lentes de contato para tratar o estrabismo acomodativo: “Quando ela tira a lente, o olho entorta, mas com a lente ela fica perfeitamente alinhada, o que é fundamental para o desenvolvimento visual dela.”

 

 


Silvana ainda explica que as lentes de contato podem ser indicadas em outros vários casos. "Pacientes que nascem com catarata congênita e fazem a cirurgia nos primeiros meses de vida, por exemplo, não podem receber lentes intraoculares e, se for unilateral, a lente de contato se torna essencial para o desenvolvimento visual", explica a oftalmologista. Nesses casos, os pais precisam estar diretamente envolvidos na manipulação e no cuidado adequado com as lentes.

 


Miopia infantil


Um dos avanços mais significativos no tratamento da miopia infantil é o uso de lentes de contato específicas que desacelera a progressão da miopia, permitindo que as crianças mantenham uma vida ativa sem o risco de desconforto dos óculos. "Alguns estudos foram realizados em crianças a partir de oito anos, mas em casos selecionados, pode-se iniciar o uso a partir dos cinco anos, sempre com critério médico", explica a oftalmologista.

 


Nesses casos, as lentes atuam diretamente na redução da progressão da miopia, um problema crescente entre crianças devido ao aumento do tempo de exposição às telas e à diminuição de atividades ao ar livre. Um levantamento recente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) abriu um alerta para o avanço dos casos de miopia entre crianças e adolescentes - a taxa de progressão desse distúrbio visual cresceu em 70% dos pacientes de zero a 19 anos a partir de 2020.

 

Diante dos dados, Silvana enfatiza a importância de diagnosticar e tratar afim de desacelerar a miopia, já que ela está associada a condições que podem levar a perda visual como:

 

  • Descolamento de retina
  • Glaucoma
  • Maculopatia 

"A miopia infantil é grave se comparada àquela que surge mais tarde, por isso, a preocupação em desacelerar".


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