Dia das Crianças chegando, hora de refletir sobre os melhores hábitos na vida dos pequenos. Rotina na vida dos adultos é a coisa mais comum. Já no universo infantil, a rotina tem aspectos positivos. Mas, para os pais que acreditam que o filho precisa ter tudo o que eles não tiveram, melhor rever o conceito.

 

Segundo a psicanalista Andrea Ladislau, as crianças precisam de alguém que os ensine a não maltratar os animais, não contribuir para o crescimento do preconceito, a devolver o brinquedo do amiguinho que pegou num momento de inveja, dentre outras regras de conduta que, quando não apontadas, contribuem para a formação da personalidade psicótica/perversa.

 



 

“Precisam de pais presentes e também de rotina: saber onde dormem, o horário das refeições, saber que alguém irá buscá-los após a escola, que em função da separação dos pais a semana ele passará com a mamãe e o final de semana com papai (não necessariamente nessa ordem) e será amado em ambos os contextos. Ou seja, um planejamento normal da vida”, explica.

 

Segundo a especialista, é importante que os pais ou responsáveis compreendam que, mais do que luxos e dar tudo à mão para a criança, é preciso ensinar a ser organizado e disciplinado. "Ou seja, apenas o necessário para a sobrevivência e formação do caráter. O restante são vantagens que podem ser agregadas com moderação, caso caibam no orçamento familiar. A educação infantil e a disciplina da criança devem estar cercadas por essa presença dos pais, em detrimento aos bens materiais e a ausência de carinho, de olhar e escuta. Fato é que, a criança vai à praia de fusca e come pão com mortadela feliz da vida”, afirma.

 

Para Andrea, o adulto, frequentemente, fantasia o que agrada a criança e se estressa mantendo vários empregos para bancar isso, cobrindo os seus desejos pessoais e não os da criança que, muitas vezes, só está pedindo rotina e atenção.

 

“A criança precisa de uma rotina que transmita segurança, que faça com que ela se sinta amada e desejada e isso ela pode ter morando num casebre ou num castelo. Infelizmente, existe uma ilusão na qual, aos olhos de alguns, criança feliz é criança que tem de tudo. Aos olhos de estudiosos do comportamento, criança feliz é criança que tem o necessário (amor, carinho, apoio, segurança) e que possui pais que saibam frustrar em algum momento, afinal, a vida frustra. E são essas frustrações que ensinam a conviver, relacionar-se e vencer seus próprios desafios”, explica.

 

 

A psicanalista salienta que a bagagem cultural aprendida pode contribuir de forma positiva na construção de um adulto saudável e equilibrado. “Por exemplo: sabe por que apreciamos um pão francês com manteiga e uma xícara de café pela manhã? Rotina compartilhada na mesa de refeições com a família. Sabe por que ainda insistimos em comer um bolo no dia de nosso aniversário? Rotina que lembra a infância, as festinhas que mamãe fazia, onde ela mesma preparava e recheava o bolo com leite condensado cozido na pressão. Sabe por que cumprimentamos as pessoas? Rotina observada quando saíamos as ruas com nossos pais e avós. Tudo rotina”, lembra.

 

Enfim, hábitos e valores transmitidos, levados pela vida e multiplicados através das gerações, com o intuito de ter os queridos pais sempre por perto, presencialmente ou na memória. "Não precisamos reproduzir o que é ruim. Se temos convicção que algo nos afetou e marcou nossa vida, vamos evitar levar adiante e comprometer a relação com nossos filhos, amigos e cônjuges", reforça Andrea.

 

Para ela, é preciso fazer uma releitura sem pressa da infância, e assim ver que é o que se é porque há uma base e chão firme sob os pés, não porque foram oferecidos games e roupas de grife. "Talvez tivemos acesso ao básico, mas não nos faltou o essencial: carinho, amor, disciplina e, principalmente, rotina. Então, que sejamos os mestres desse aprendizado para nossos filhos e que estes possam se desenvolver de forma saudável, equilibrada e disciplinada”, aponta.

 

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