O câncer de mama é causado pela multiplicação desordenada de células anormais na região das mamas, que formam um tumor que pode se desenvolver rápida ou lentamente. É o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no Brasil e, por isso, gera preocupação e muitas dúvidas. Para esclarecer algumas delas, a radiologista do Hermes Pardini, laboratório do Grupo Fleury e especialista em mamografias, Ivie Braga, explica diversas questões. Confira: 

 

1. Reposição hormonal aumenta a chance de câncer de mama?


Alguns estudos apontaram que a reposição hormonal com estrogênio e progesterona pode aumentar a chance de câncer de mama. Porém, estudos mais recentes mostraram que a reposição hormonal apenas com estrogênio poderia reduzir as chances de ter a doença. Assim, a reposição hormonal adequada para cada mulher deve ser definida pelo ginecologista, que precisa avaliar também o risco de trombose, câncer de endométrio e de doenças cardiovasculares na hora de escolher qual o melhor tipo de reposição hormonal para cada paciente. 

 



 

2. A alimentação influencia no risco?


Sim. Não há um alimento específico que esteja relacionado ao câncer de mama. O consumo de álcool (independente da dose) aumenta o risco de todos os cânceres, inclusive o de mama. A obesidade, que é consequência de maus hábitos de vida, tais como consumo de alimentos processados, açúcares, gorduras também é um fator de risco para o câncer de mama.

 

3. O anticoncepcional é fator de risco?


O uso de anticoncepcionais orais é um fator que eleva o risco de câncer de mama em cerca de 20%. Parece muito, mas só o fato de ter mamas densas aumenta o risco em cinco vezes (500%), comparativamente às mulheres que possuem mamas predominantemente adiposas. As mamas densas se caracterizam por maior consistência e firmeza, enquanto as mamas adiposas possuem mais tecido adiposo (gordura).


4. Desodorante pode influenciar nesse tipo de câncer?


Não. Isso é mito.

 

5. Prótese mamária dificulta o diagnóstico?


A presença de prótese mamária dificulta a identificação das lesões na mamografia porque a prótese se sobrepõe ao tecido mamário na região interna das mamas. Por isso, são feitas algumas imagens adicionais durante o exame, que empurram a prótese e avaliam apenas o tecido mamário. Além disso, sempre deve ser feito outro exame em conjunto com a mamografia, que pode ser a ultrassonografia ou a ressonância magnética, dependendo do risco que a mulher tem de desenvolver câncer de mama.

 

 

6. Quando há casos de câncer na família, o que fazer? É necessário um rastreio precoce?


Depende do grau de parentesco, idade do familiar com câncer de mama e do número de familiares. Se a mulher apresenta pelo menos um caso de câncer de mama ou ovário em um familiar de primeiro grau abaixo de 50 anos, é recomendado iniciar antes o rastreamento não apenas com a mamografia, mas com ressonância das mamas todos os anos, a partir dos 30 anos.

 

O risco de câncer de mama pode ser estimado por questionários de risco que são gratuitos. Se o histórico familiar não for tão marcante (familiar jovem, parente próximo), o ideal é fazer o cálculo de risco por um desses questionários. Caso o risco seja maior que 20%, essa mulher é considerada de alto risco e deve seguir a recomendação de rastreamento com ressonância todos os anos, a partir de 30 anos de idade.

 

7. Exames podem identificar predisposição genética? Quais tipos de exames?


Sim. Os questionários gratuitos podem ser a primeira ferramenta de avaliação de risco. Em mulheres que possuem história de mutação genética na família, ou que tiveram câncer de mama em idade jovem, ou que tiveram tipos específicos de câncer de mama, a pesquisa de mutação genética pode ser feita no DNA, através do sangue ou da urina.

 

8. Ressonância ou tomografia? Qual exame mais adequado para o diagnóstico?


Não fazemos tomografia para avaliação das mamas. Por outro lado, a ressonância tem sido cada vez mais usada porque é o método que mais identifica os tumores antes que eles se tornem palpáveis. A ressonância está indicada como rastreamento para mulheres com mamas extremamente densas a cada dois anos, mesmo que ela não tenha risco familiar aumentado para câncer de mama.

 

9. Pacientes em tratamento podem praticar atividade física?


Sim. Não só podem, como devem. Os resultados da quimioterapia são melhores nas mulheres que fazem atividade física durante o tratamento e a sobrevida também. O exercício físico nas mulheres que não têm a doença reduz a chance de câncer de mama em 30%. Ou seja, atividade física é importante para quem não teve e para quem já teve a doença.

 

10. O câncer de mama também acomete homens?


Sim, embora raro, o câncer de mama pode ocorrer em homens. A faixa etária mais comum é após os 50 anos, e a investigação de mutação genética deve ser realizada neste grupo. 

 

Prevenção

 

Para a radiologista, a campanha Outubro Rosa é uma oportunidade para reforçar mensagens sobre prevenção e detecção precoce do câncer de mama, mas também é uma oportunidade de esclarecimento à população. “Sendo o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no Brasil, é preciso enfatizar que a prevenção primária e a detecção precoce contribuem para a redução da incidência e da mortalidade pela doença. A população deve ser informada quanto ao tema para que possa adotar medidas que protejam a sua saúde”, destacou a especialista. 

 


A prevenção primária do câncer de mama consiste em reduzir os fatores de risco modificáveis e promover os fatores de proteção para a doença. A prática de atividade física, a manutenção do peso corporal adequado, por meio de uma alimentação saudável, e evitar o consumo de bebidas alcoólicas estão associadas à redução do risco de desenvolver câncer de mama. A amamentação também é considerada um fator protetor. 

 

Sinais e sintomas


É importante que as mulheres estejam sempre atentas aos sinais e sintomas suspeitos do câncer de mama:

  • Caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor
  • Pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja
  • Alterações no bico do peito (mamilo) 
  • Saída espontânea de líquido de um dos mamilos
  • Pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas)

 

Diagnóstico


De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico precoce consiste em prestar atenção nos sinais e sintomas suspeitos de câncer para identificação da doença em fase inicial, para possibilitar tratamento efetivo e maior sobrevida. A orientação é que a mulher observe e apalpe suas mamas sempre que se sentir confortável para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem técnica específica, valorizando-se a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.

 

A segunda estratégia de detecção precoce do câncer de mama, por recomendação do Ministério da Saúde, é o rastreamento mamográfico. Além de estar atenta ao próprio corpo, é recomendado que mulheres de 50 a 69 anos, de risco padrão, façam uma mamografia de rastreamento a cada dois anos. Esse exame pode ajudar a identificar o câncer antes de a pessoa ter sintomas.

 

A mamografia nesta faixa etária, com periodicidade bienal, é a rotina adotada na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado do câncer de mama e baseia-se na evidência científica do benefício desta estratégia na redução da mortalidade neste grupo. Já para mulheres com risco elevado de câncer de mama, recomenda-se que tenham acompanhamento médico individualizado, pois não há ainda uma recomendação específica para esse grupo.

 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.

 

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