O apresentador Rodrigo Faro, de 50 anos, tem usado as redes sociais nos últimos dias para divulgar o diagnóstico e tratamento da esposa Vera Viel, de 48, internada desde a última sexta-feira (4) após a descoberta de um nódulo na coxa esquerda. Em nota, publicada nesta quinta-feira (10), o apresentador revelou que Vera passará por uma cirurgia para remover o sarcoma sinovial - um tumor raro e maligno. “Eu vou estar ao seu lado em cada segundo, segurando sua mão e cuidando da nossa família!!!Vamos vencer essa batalha juntos com a graça de Deus!!!”, escreveu.
O sarcoma sinovial é a terceira variedade desse câncer que atinge as membranas que revestem as articulações, conhecida como sinóvia. O tumor pode surgir nos braços, nas pernas ou nos pés e infiltrar-se no tendão, músculos, ligamentos, bursa ou na própria sinóvia das articulações. Por essa característica, essa neoplasia é chamada de tumor de partes moles.
Conheça os subtipos de sarcomas
A classificação desses tumores levam em consideração os tecidos produzidos, podendo atingir ossos e cartilagens. Os principais tipos são:
- Osteossarcoma: é o tipo mais comum de sarcoma ósseo. Acomete crianças, adolescentes e jovens adultos com mais frequência. Ocorre normalmente em ossos longos, como o fêmur, ossos dos braços e da pelve
- Tumor de Ewing ou sarcoma de Ewing: é o segundo tipo de tumor ósseo maligno mais comum e acomete crianças com mais frequência. Os locais em que costuma surgir são as regiões do fêmur e da pelve. Altamente agressivo, pode se desenvolver também em tecidos de partes moles, como músculos
- Condossarcoma: o tecido fundamental desse tipo de tumor ósseo é formado por cartilagem. Surge mais frequentemente em ossos longos e da pelve
- Sarcoma sinovial: é um tipo de tumor maligno de partes moles que acomete preferencialmente coxa, braço, pés e articulações dos membros
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor representa entre 5% e 10% dos tumores de tecidos moles. Ainda que considerado raro, o oncologista André Murad, colunista do Estado de Minas, diz já ter visto muitos casos. “Nós que trabalhamos com oncologia, vemos com frequência”.
Maligno e benigno
“Eu tenho um tumor raro e maligno na minha coxa esquerda”, disse Vera nas redes sociais.
É considerado um câncer maligno, quando o crescimento é acelerado - atingindo vasos e/ou linfáticos sanguíneos - que vão circular pelo organismo transformando-se em uma metástase à distância. E, ainda que o sarcoma sinovial seja maligno, é considerado de crescimento lento, diferente do câncer de mama e de colo de útero. No entanto, quando não tratado, também pode ocasionar uma metástase. “Eu já tive um paciente, também com sarcoma sinovial, cujo diagnóstico foi tardio. Já tinha metástase no pulmão. Mas era uma pessoa que morava no interior e não tinha acesso à médicos. Então deixaram passar muito tempo”, lembra André.
Em contramão, o tumor benigno cresce localmente e não gera uma metástase.
Cura e prevenção
“Não podemos prevenir algo que não sabemos a origem - a qual ainda é desconhecida. Só sabemos tratar”, enfatiza o oncologista. Dessa forma, a identificação precoce do sarcoma sinovial se faz essencial. André alerta para quadros em que uma dor nas articulações é persistente ou um nódulo surge endurecido, conhecido como tumoração. “Quando você bate em algum lugar, dói, incha, depois você faz uso de gelo e de um anti inflamatório, depois aquilo desaparece. O que chama atenção para um possível tumor, é a persistência."
O especialista também aponta que a presença de um nódulo não indica um quadro avançado do tumor, mas um sintoma normal da presença do sarcoma. Após identificar esses sintomas, o paciente deve procurar um especialista para o diagnóstico correto, que virá por meio de uma biópsia e ressonância magnética. “O diagnóstico precoce e o tamanho do tumor vai garantir o sucesso da cirurgia para remover o sarcoma”, indica André.
“Amanhã, dia 11 de setembro, farei uma cirurgia para retirá-lo e, depois, seguiremos com o tratamento junto a uma equipe médica incrível e muito abençoada”, contou Vera.
Como citado, o sarcoma sinovial é de lento crescimento, ou seja, quando identificado e removido por cirurgia curativa, há uma boa chance de cura. Nesse caso, a retirada é a única medida para tratamento, já que esse câncer é resistente à quimioterapia - utilizada em quadros que avançaram, como metástase à distância.
“Pode acontecer de ter uma recaída tardia naquele local, geralmente são no mesmo local. Acontece quando o tumor já está grande e o cirurgião não consegue uma margem cirúrgica adequada - técnica em que você remove um tecido entre o tumor e o tecido são. É uma margem de segurança. Quando ele não consegue retirar um centímetro de margem, pode voltar futuramente - sendo necessária uma nova cirurgia”, informa André.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.