Para pais e mães, a hora de dar um remédio para os pequenos pode ser um desafio. No geral, tanto para crianças quanto para adultos, a dificuldade na adesão de medicamentos é comprovadamente uma vilã na eficácia dos tratamentos de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo em países desenvolvidos, cerca de 50% dos pacientes com doenças crônicas não seguem adequadamente as suas prescrições. No caso das crianças, o surgimento de remédios personalizados especialmente para o público infantil chega como um colaborador no êxito de tratamentos.

 

No mundo da manipulação, existem duas formas farmacêuticas: as clássicas e as chamadas de especiais ou diferenciadas. Elas dividem as diferentes maneiras pelas quais os medicamentos são preparados e apresentados para uso. As clássicas são aquelas mais conhecidas tanto pelos médicos quanto pelos pacientes. De acordo com o farmacêutico, coordenador técnico-científico do Núcleo de Pesquisa e Inovação do Grupo Farmácia Artesanal, Mário Abatemarco, essas são mais indicadas para as crianças, em formas líquidas como xaropes e suspensões. “Principalmente os xaropes costumam ser prescritos pelos médicos para o público infantil por conta da facilidade e segurança para engolir, além da possibilidade de trabalhar com cores e sabores mais atrativos”, afirma.

 



 

Por outro lado, o especialista chama atenção para as possibilidades que ainda podem ser mais exploradas pelos prescritores. Segundo Mário, muitos pais ainda não conhecem as formas diferenciadas que são desenvolvidas especialmente para as necessidades infantis. Elas são as gomas, pirulitos, jujubas e até mesmo chocolates, e são utilizadas principalmente como suplementos vitamínicos e minerais para os pequenos. “Nós pegamos algo que a criança já gosta e utilizamos como ferramenta para facilitar a adesão. Empregamos sabores como morango, uva, abacaxi ou laranja e utilizamos da base do doce para mascarar o sabor amargo dos compostos dos medicamentos. Essa tem se tornado uma alternativa muito positiva para a experiência tanto das crianças quanto dos pais”, explica o farmacêutico.

 

Mário relata ainda que os manipulados têm sido procurados especialmente como uma alternativa para crianças com transtorno do espectro autista (TEA), que apresentam maior índice de restrição tanto a sabores quanto à própria forma farmacêutica. Ele alerta que, em alguns casos, existe também uma intolerância a alguns elementos, como os corantes. Por esse motivo, a capacidade da manipulação em adaptar individualmente os medicamentos conforme cada necessidade se torna ainda mais essencial.


Benefícios e cuidados

 

Seja nas formas clássicas ou nas especiais, o setor magistral tem potencial na assertividade dos tratamentos. Ao contrário dos medicamentos industrializados, uma das principais vantagens do uso de medicamentos manipulados para crianças é a personalização da dosagem de acordo com o peso específico de cada paciente. Enquanto os industrializados trabalham com dosagens fixas e dependem da administração cuidadosa dos pais, os manipulados garantem uma formulação mais precisa, contribuindo para a segurança e eficácia do tratamento.

 

 

Além disso, como explica Mário, a adesão ao remédio é facilitada por formas lúdicas de apresentação dos medicamentos. As diversas opções de formas farmacêuticas especiais tornam a experiência mais agradável para as crianças. Outro aspecto importante é a personalização das embalagens, que são adaptadas para facilitar o uso do medicamento e se tornam um ponto de atração. “A manipulação é decisiva na melhora da saúde do público infantil. Não adianta a criança ter recebido o diagnóstico correto pelo médico e a indicação da medicação adequada se ela não possui facilidade em tomar os medicamentos. Sem adesão correta não tem como o resultado vir, por isso a personalização é a palavra-chave para os tratamentos”, explica o especialista.

 

O farmacêutico deixa um alerta para os cuidados especiais que os pais devem observar ao optar por medicamentos manipulados para os filhos. Apesar de não se diferenciarem das orientações com remédios industrializados, Mário reitera a necessidade de limitar o acesso das crianças às medicações. “No caso dos medicamentos produzidos na forma de pirulito, gomas, jujuba ou chocolate é importante que os pais estejam ainda mais atentos em não deixar ao alcance das crianças. Um remédio em forma de chocolate, por exemplo, pode ser ainda mais atrativo. Por isso, principalmente para crianças menores, é essencial deixá-los fora de alcance”, complementa. 

 

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