Conhecida internacionalmente como “Shaken Baby Syndrom” (do inglês, síndrome do bebê sacudido), a condição, que afeta principalmente bebês de poucos meses, pode ser fruto de algo aparentemente inofensivo, que é o de sacudir ou chacoalhar as crianças para que se acalmem, ou até mesmo jogá-las em brincadeiras. O ato pode provocar lesões cerebrais severas.

O neurocirurgião pediátrico Alexandre Canheu, destaca que a ação de sacudir o bebê de forma intensa pode causar danos no cérebro, impedindo a adequada oxigenação. Esse movimento brusco pode resultar em hemorragias, hematomas, danos cerebrais irreparáveis.



 

“Em um primeiro momento com o choque, podem ocorrer pequenas lesões que provocam pequenos sangramentos cerebrais. No começo a criança fica apenas irritada, mas ao longo do tempo isso acaba comprometendo o desenvolvimento neurológico, pois afeta o cérebro como um todo”, alerta.

As consequências mais frequentes ocasionadas pela síndrome incluem contusões, rompimento de fibras nervosas e edema do sistema nervoso central. Os sintomas decorrentes dessas lesões são variados, como alteração do nível de consciência, irritabilidade, problemas respiratórios, sonolência, recusa alimentar e vômitos. Alexandre Canheu ressalta a importância de identificar rapidamente esses sinais para iniciar o tratamento adequado.


"A maioria dos pacientes não apresentam lesões físicas visíveis, mas é possível observar hemorragias subdurais, subaracnóideas e retinianas. Para identificar a síndrome, é necessário atenção com a criança que chega no pronto-socorro, realizando exames neurológicos. Entre os procedimentos comuns estão a anamnese detalhada, exame físico minucioso com exame de fundo de olho, tomografia computadorizada, ressonância magnética e biomicroscopia de fundo de olho. É importante destacar que na grande maioria das vezes, crianças com quadros assim foram alvo de abuso infantil e maus-tratos”, comenta.


Consequências a longo prazo

As consequências mais frequentes são a cegueira total ou parcial, surdez, atraso na aprendizagem e a deficiência intelectual. Nos casos mais graves, a criança pode morrer.

 

 

Pena de morte

A síndrome é mote de um caso de condenação e pena de morte nos Estados Unidos. A Justiça do Texas, dos Estados Unidos, decidiu manter a execução de Robert Roberson por ter matado a própria filha de 2 anos, mesmo ele tendo se declarado inocente. A informação é do Innocence Project, projeto que defende condenados injustamente.

Caso a execução ocorra, Robert será a primeira pessoa a cumprir a pena de morte nos Estados Unidos em um caso ligado à síndrome do bebê sacudido. Sua filha, Nikki Curtis, morreu em 2002.

A defesa do pai, que tem diagnóstico de transtorno do espectro autista, tentou anular a sentença e mudar o juiz responsável pelo caso, acusando a atual magistrada Deborah Oakes de enviesamento. Os pedidos não foram acatados.

“O caso de Robert está cheio de evidências não científicas, depoimentos médicos imprecisos e enganosos e tratamento prejudicial. Esta é uma vida que pode ser injustamente tirada, e o governador Greg Abbott (governador do Texas) tem o poder de intervir. Pedimos aos texanos que liguem para o governador Abbott e peçam que ele interrompa esta execução, garantindo que todos os fatos sejam cuidadosamente revisados”, diz o site do Inocente Project.

Segundo a instituição, o detetive que liderou o caso que levou à condenação pediu clemência a Greg Abott, pedindo para que Robert saia do corredor da morte. Além dele, um grupo pede a reversão da pena, incluindo 86 políticos e especialistas. A alegação é que Nikki morreu devido a uma pneumonia e não em decorrência da síndrome.

Também chamada de trauma craniano abusivo, a síndrome atinge cerca de 150 mil crianças por ano no Brasil. Em 2002, Robert levou a filha, então com 2 anos, ao hospital, onde disse aos médicos que acordou e encontrou a criança inconsciente e com os lábios azulados. Segundo o pai, a menina tinha caído da cama durante o sono.

 

Os médicos que atenderam o caso prestaram depoimento à justiça dizendo que o bebê tinha um trauma na cabeça, que teria sido causado por maus-tratos, provocado pela "síndrome do bebê sacudido".

O que os críticos questionam é que o diagnóstico foi feito levando em conta três sintomas (sangramento ao redor do cérebro, inchaço cerebral e hemorragia nos olhos), mas que os sinais também podem aparecer em outros casos, como quedas em curta distância ou pneumonia.

 

A alegação da defesa é que só os sintomas não são o suficiente, e os médicos precisariam examinar todas as possíveis causas da morte da menina.

Os defensores de Robert não negam que a criança pode ter sofrido maus-tratos contra a criança, mas defendem que a menina morreu devido a complicações relacionadas a uma pneumonia severa não diagnosticada.

 

Desde o julgamento, em 2003, eles coletam evidências que mostram que a doença evoluiu para uma sepse e que foi agravada por medicamentos que não deveriam ter sido prescritos e que dificultaram a respiração.

 

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