Lapsos de memória e esquecimentos frequentes, mudanças repentinas de humor, dores de cabeça persistente, dificuldade de concentração ou confusão mental. Um único sintoma já pode sinalizar que é hora de buscar um neurologista. As consultas neurológicas têm um essencial na promoção da saúde mental e na prevenção de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Com o aumento da expectativa de vida e o crescimento dos casos de demência no Brasil, cuidar do cérebro tornou-se tão importante quanto zelar pela saúde física. Especialistas alertam que a avaliação neurológica pode fazer a diferença não apenas no diagnóstico precoce de doenças, mas também na preservação da qualidade de vida e bem-estar dos pacientes.



Segundo o coordenador da equipe de neurologia do Hospital Mater Dei Nova Lima,  Gustavo Toledo, identificar sinais que muitas vezes passam despercebidos são importantes para um diagnóstico assertivo. Por isso, consultas regulares ajudam a distinguir problemas cognitivos transitórios de condições mais sérias, como o Alzheimer, cujos sintomas iniciais podem ser confundidos com o envelhecimento natural. "O diagnóstico precoce permite adotar estratégias que retardam a progressão da doença e proporcionam mais autonomia ao paciente", explica o neurologista.

 

 

O médico diz ainda que pessoas com histórico familiar de demências ou fatores de risco, como hipertensão, diabetes e sedentarismo, podem se beneficiar com orientações específicas que incluem hábitos saudáveis, controle de estresse e estimulação cognitiva.

Outro aspecto relevante é o impacto da saúde mental na rotina. Durante a pandemia, por exemplo, segundo a médica, casos de ansiedade, depressão e insônia se intensificaram, e o papel do neurologista foi ampliado para ajudar pacientes a reequilibrar a saúde do sistema nervoso central. “O cérebro está envolvido em todas as nossas atividades, e cuidar dele é essencial para manter o desempenho físico e mental em equilíbrio”, destaca o especialista Gustavo Toledo.

No caso do Alzheimer, inicialmente, os sintomas podem se confundir com situações comuns do dia a dia, como esquecimentos esporádicos — esquecer onde colocou as chaves ou o nome de alguém conhecido. “No entanto, à medida que a doença avança, esses lapsos de memória tornam-se mais frequentes e começam a impactar tarefas cotidianas, como a capacidade de administrar compromissos ou realizar atividades simples. A detecção precoce é essencial para retardar a progressão da doença, melhorando a qualidade de vida do paciente e possibilitando intervenções mais eficazes”, diz o neurologista Gustavo Toledo. O Alzheimer afeta milhões de pessoas em todo o mundo e, no Brasil, estima-se que cerca de1,2 milhão de pessoas vivam com essa condição, segundo o Ministério da Saúde.

Diagnóstico precoce

O diagnóstico do Alzheimer pode ser complexo, uma vez que os sintomas podem se sobrepor a outras doenças. Os neurologistas utilizam uma combinação de métodos para chegar a um diagnóstico preciso. Isso inclui testes neuropsicológicos para avaliar funções cognitivas, exames de imagem como ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC) para observar alterações estruturais no cérebro, além de exames laboratoriais que podem ajudar a descartar outras causas de demência.

Existem várias doenças neurológicas que apresentam sintomas semelhantes aos da doença de Alzheimer e que podem ser diagnosticadas durante uma consulta com um neurologista. Aqui estão algumas dessas condições

  • Esclerose Múltipla (EM)

Sintomas: Fadiga intensa, problemas de memória, dificuldades de concentração e alterações de humor. A EM pode causar déficits cognitivos que se assemelham aos da demência, incluindo a doença de Alzheimer.

  • Doença de Parkinson

Embora seja mais conhecida por seus sintomas motores, como tremores e rigidez, muitos pacientes com Parkinson também desenvolvem demência, apresentando perda de memória e dificuldades cognitivas que podem ser confundidas com os sintomas do Alzheimer

  • Fibromialgia

Esta condição causa dores musculares generalizadas, fadiga e problemas de memória. Os sintomas cognitivos, frequentemente chamados de “fibro nevoeiro”, podem ser confundidos com os sintomas iniciais do Alzheimer

  • Lúpus Eritematoso Sistêmico

O lúpus pode causar fadiga, dores musculares e problemas cognitivos, como confusão e dificuldades de memória, que podem se sobrepor aos sintomas do Alzheimer

  • Distrofia Muscular

Algumas formas dessa condição podem levar a problemas cognitivos e comportamentais, além dos sintomas físicos típicos, o que pode confundir o diagnóstico com o Alzheimer

  • Acidente Vascular Cerebral (AVC)

Após um AVC, os pacientes podem apresentar déficits cognitivos que incluem confusão mental e problemas de memória, semelhantes aos do Alzheimer. O AVC pode resultar em demência vascular, que também se apresenta com sintomas cognitivos

De acordo com o médico, o nosso cérebro tem um papel fundamental na saúde neurológica. Como órgão do sistema nervoso, é responsável por uma gama de funções, desde o controle motor até a regulação das emoções e da memória. “Quando doenças neurológicas se manifestam, elas podem afetar não apenas a cognição, mas também o comportamento e a qualidade de vida do indivíduo. Assim, cuidar da saúde cerebral é essencial para garantir uma vida com mais saúde”, conclui o neurologista Gustavo Toledo.

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