Riscos de acidente com uma pessoa de baixa visão são até três vezes maiores -  (crédito: Freepik)

Riscos de acidente com uma pessoa de baixa visão são até três vezes maiores

crédito: Freepik

O número de brasileiros que só podem dirigir de óculos aumentou exponencialmente nos últimos anos. Com o auxílio de dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) revelou que o crescimento das restrições por condições oculares registradas na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) foi de 77% em dez anos.

 

A oftalmologista e diretora do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, Juliana Guimarães, explica que essas regras previnem acidentes automobilísticos - a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego estima que os riscos de acidente com uma pessoa de baixa visão sejam até três vezes maiores.

 

 

Em 2014, aproximadamente 14,4 milhões de motoristas só podiam dirigir com óculos ou lentes de grau. Em 2024, o registro passou para 25,4 milhões. As restrições envolvem quem possui problemas refrativos, como a miopia e o astigmatismo, assim como aqueles que não podem conduzir após o pôr do sol ou tem visão monocular, ou seja, uma visibilidade em um dos olhos igual ou inferior a 20% da capacidade normal.

 

A informação é adicionada à carteira após o exame obrigatório, feito pelo médico do tráfego, responsável por cuidar da saúde ocular da população que se desloca. A análise é feita tanto nos indivíduos que buscam conquistar a permissão pela primeira vez, quanto renová-la e, caso alguma dificuldade apareça durante o exame, a recomendação é consultar um oftalmologista.

 

A CBO apresenta diversos motivos para esse crescimento: maior exposição às telas de computadores, celulares e televisores; aumento de doenças crônicas, como o diabetes; estresse; envelhecimento da população brasileira e os hábitos pouco saudáveis, como a alimentação e sedentarismo, que, consequentemente, levam  à obesidade.

 

Juliana evidencia o perigo das telas, afinal, a quantidade de tempo de exposição a eletrônicos leva cada vez mais brasileiros, principalmente os jovens, a receberem o diagnóstico de miopia - a dificuldade para enxergar objetos a uma determinada distância.

 

 

Os aparelhos emitem uma luz artificial, considerada prejudicial à saúde ocular, provocando, além da miopia, diversos incômodos, sobretudo no fim do dia, como o ressecamento do globo ocular, cansaço visual e o envelhecimento da retina. As consequências se tornaram mais intensas, desde o início da pandemia, sendo necessário o uso de óculos para correção.

 

O envelhecimento também eleva as estatísticas. O processo natural do corpo leva ao desgaste de diversos órgãos, inclusive, os olhos, reduzindo a qualidade da visão. Entre os mais velhos, são diversos problemas, por exemplo, a presbiopia (vista cansada), ou doenças mais graves, como a catarata e o glaucoma, que, quando não tratadas adequadamente, podem levar à cegueira.

 

Também é imprescindível estar alerta aos efeitos das doenças crônicas, como o diabetes. Se a glicose está descontrolada, os vasos sanguíneos na retina podem ser danificados, causando a retinopatia diabética e o risco da perda da visão.

 

É preciso ter cuidado com a saúde ocular e, não apenas, na fase de renovação da CNH. A oftalmologista recomenda que as consultas oftalmológicas sejam periódicas, de preferência, anuais, uma vez que essa frequência permite o diagnóstico precoce de patologias e tratamentos mais rápidos e assertivos que, combinados, garantem maior segurança no trânsito.

 


A restrição na CNH indica uso obrigatório dos óculos e, por esse motivo, o não cumprimento resulta em uma infração gravíssima com sete pontos na carteira e multa de R$293,47.

 

 

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