O estudo propõe que os governos adotem medidas que reduzam as desigualdades e inseguranças -  (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O estudo propõe que os governos adotem medidas que reduzam as desigualdades e inseguranças

crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um relatório das Nações Unidas aponta que pessoas em situação de pobreza têm três vezes mais chances de desenvolver problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. É o que aponta o relatório Economia do Burnout: pobreza e saúde mental. Cerca de 11% da população mundial sofre com algum transtorno mental

 

 

De acordo com o relator especial da Organização das Nações Unidas e autor do relatório, Olivier De Schutter, esse cenário está relacionado à obsessão pelo crescimento da economia e busca de riqueza, levando as pessoas a se submeterem a jornadas exaustivas de trabalho e condições de trabalho precárias. 

 

 

 

"Quanto mais desigual é uma sociedade, mais as pessoas da classe média temem cair na pobreza e com isso desenvolvem quadros de estresse, depressão e ansiedade", afirmou o relator.

 

Jornada de 24 horas por dia 

 

 

Segundo o relator, o principal fator de risco é jornada de 24 horas por dia, sete dias por semana, quando o trabalhador fica disponível sob demanda, e cita como exemplos os trabalhadores de aplicativos e plataformas digitais. 

 

 

De Schutter afirma que essa lógica "resulta em horários muito variáveis de trabalho, o que torna muito difícil manter um equilíbrio adequado entre a vida familiar e a vida profissional". A incerteza quanto ao horário de trabalho e quantidade de horas a trabalhar tornam-se grandes motivadores de depressão e ansiedade.

 

 

Outro fator gerador de transtornos é a ansiedade climática. Estudos apontam que inundações, secas extremas ou temporais destroem as fontes de renda da população, provocando insegurança financeira e ansiedade. 

 

Ações 

 

O estudo propõe que os governos adotem medidas que reduzam as desigualdades e inseguranças, como políticas de renda básica universal (valor mínimo a que todos teriam direito para afastar a ameaça da pobreza), apoio a economia social e solidária e alterações do mundo do trabalho. 

 

O relator informou que organizações não governamentais, sindicatos, movimentos sociais e acadêmicos trabalham na apresentação de alternativas ao crescimento econômico em consonância com a erradicação da pobreza, previstas para serem apresentadas em 2025.