Um dos sintomas do linfoma é o inchaço dos linfonodos, especialmente no pescoço, axilas ou virilha -  (crédito: Freepik)

Um dos sintomas do linfoma é o inchaço dos linfonodos, especialmente no pescoço, axilas ou virilha

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O hematologista Edson Carvalho explica que o câncer linfático abrange uma enorme gama de enfermidades – cerca de 300, considerando os diversos subtipos - incluindo doenças da medula óssea, células do sangue e alguns tipos de leucemias.

“Os cânceres linfáticos podem surgir em qualquer pessoa, desde crianças, adultos a idosos. Geralmente o diagnóstico é muito variável, mas as características clínicas, são febre, perda de peso, fadiga, cansaço, aumento do fígado e do baço, além de inchaço nos gânglios linfáticos, pescoço e região da virilha”. Para o diagnóstico definitivo, é preciso biopsiar algum desses linfonodos.

 

 

Ainda segundo o especialista, que faz parte da equipe médica da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte, Betim e Contagem, os cânceres linfáticos são originados a partir de mutações nas células sanguíneas, que se replicam inadvertidamente, de modo acelerado, infiltram tecidos e não morrem. “Todas as nossas células têm um ciclo de vida. Nascem, crescem, reproduzem e morrem. Porém, as células cancerígenas vão na contramão desse fluxo. Elas não morrem, o que causa vantagem para elas e desvantagem para as células normais.”

Quanto aos tratamentos dessas doenças, Carvalho explica que, hoje, eles estão cada vez mais modernos. Há, inclusive, tipos tumorais que sequer demandam indicação de terapias. “O paciente será acompanhado, às vezes, por meses/anos, mas sem necessidade de tratar. Agora, existem aqueles que precisam ser tratados rapidamente”.

 

 

Edson informa ainda sobre a existência de exames moleculares e moléculas-alvo para tratar os cânceres linfáticos. “Obviamente eles não são para todas as doenças e todas as pessoas, porém quanto mais dados nós tivermos sobre a biologia molecular de uma enfermidade, bem como sua característica molecular, maior a chance de se fazer um tratamento direcionado, com menos efeitos colaterais, menor toxicidade e mais sucesso.”

 

Prevenção

 

Edson Carvalho afirma que a prevenção aos cânceres linfáticos é um assunto muito debatido pela medicina oncológica atualidade, tendo em vista que a doença é multifatorial. Há várias mutações, inclusive, que não são possíveis de se explicar exatamente a origem.

“De modo geral, uma vida baseada em atividades físicas e alimentação saudável parece prevenir esse tipo de câncer. A gente sabe, também, que o tabagismo é fator de risco para uma série de neoplasias, então evitá-lo pode corroborar para minimizar o risco dos cânceres linfáticos, assim como evitar radiação ionizante, ou seja, ser exposto a exames de imagem desnecessariamente. Contudo ainda assim é impossível dizer que uma pessoa que evitar tudo isso não terá uma doença hematológica. Estatisticamente as chances são menores.”

Sobre as possibilidades de cura do tumor, o hematologista prefere ser cauteloso. “Cura em medicina, de modo geral, significa ficar livre de uma doença. Mas precisamos enfatizar que muitos cânceres - por mais que tenham o pesar da palavra - não necessariamente vão levar o paciente ao óbito ou trazer algum prejuízo muito rápido. Então, por vezes, o que a gente quer, na verdade, é que esse paciente tenha o controle da doença.”

Edson usa, como exemplo, pessoas com diabetes e pressão alta. “Dificilmente elas vão ficar curadas pois vivem com doenças crônicas. A medicina, nesses casos, vai controlar os sintomas, permitindo que vivam muito bem com suas condições por anos e anos. Quando falamos de câncer, o objetivo acaba sendo o mesmo: queremos, na verdade, oferecer um tratamento que o paciente consiga tolerar, sem prejuízos, e assim ter uma boa qualidade de vida, tempo livre de doença ou tempo livre de sintomas, mesmo que isso custe usar uma medicação por mais tempo ou ter mais visitas ao médico. Claro que quando a cura for possível, a toxicidade do tratamento não for proibitiva e o sucesso do [tratamento] for alto, obviamente tentaremos [a cura], mas nem sempre ela é ou será o nosso alvo.”

 

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