A labioplastia tem um impacto positivo na autoestima e na relação da mulher, mesmo mais jovem, com seu corpo -  (crédito: Freepik)

A labioplastia tem um impacto positivo na autoestima e na relação da mulher, mesmo mais jovem, com seu corpo

crédito: Freepik

A aparência da região íntima pode gerar desconforto físico e questões com a autoestima de milhares de mulheres. Por mais que não exista um padrão “normal” para o formato da genitália feminina, muitas são acometidas por um excesso de pele na região. Apesar de ser uma situação de exceção, a cirurgia íntima de correção da hipertrofia dos pequenos lábios, chamada de labioplastia ou ninfoplastia, pode eventualmente ser realizada já na adolescência.

 

“Não existe uma regra de idade mínima, cada caso precisa ser avaliado individualmente. Para algumas meninas essa questão causa um bloqueio muito grande, afetando sua autoestima e as deixando muito inseguras. Por ser referência no assunto, acabo recebendo meninas que, aos 14, 15 anos, já têm realmente uma hipertrofia dos lábios muito grande”, destaca o ginecologista, fundador do Instituto de Cirurgia Íntima, doutorando na área de ninfoplastias ambulatoriais e membro sênior da European Society of Aesthetic Gynecology (ESAG), Igor Padovesi.

 

 

“O ideal é operar pelo menos depois dos 15 ou 16 anos, que é uma idade em que elas já têm um pouco mais de maturidade. Mas, antes dos 18 anos, há a necessidade de aprovação e consentimento dos pais ou responsáveis legais.”

 

De acordo com o especialista, o recomendado é esperar atingir pelo menos a maioridade, mas há exceções para as que se sentem muito constrangidas com a hipertrofia dos pequenos lábios. “Principalmente nos dias atuais, com a internet e as mídias sociais, as meninas têm muito acesso a imagens de outras mulheres, o que agrava a sensação de anormalidade delas. Por mais que não exista um padrão normal para a vulva, e há quem critique uma suposta imposição de padrão estético para a genitália feminina, defendendo a aceitação da variedade de corpos, na prática isso não funciona para muitas mulheres. E diversos estudos já comprovaram que o impacto positivo dessa cirurgia na autoestima é gigante”, complementa.

 

Avaliação pessoal

 

Igor Padovesi levanta outros pontos relacionados ao amadurecimento físico antes de considerar o procedimento. “É necessário sempre fazer uma avaliação cuidadosa, caso a caso, conversar, entender bem como essa questão tem impactado a menina e avaliar a idade em que ela começou a puberdade. O ideal é que tenha pelo menos uns dois anos da primeira menstruação também”, justifica. “Porque os lábios se formam durante a puberdade, quando se desenvolvem os caracteres sexuais secundários, e ainda podem crescer um pouco após o início das menstruações.”

 

Considerações clínicas

 

O especialista destaca que, assim como as próteses de mama e outras cirurgias estéticas, essa cirurgia levanta algumas discussões quando realizada em idades consideradas precoces. “Podemos comparar com meninas que têm as mamas muito volumosas e que, às vezes, fazem mamoplastia de redução ainda adolescentes, porque é uma coisa realmente extrema e que causa um impacto grande na autoestima, além de problemas físicos”, acrescenta Igor.

 

 

“Então, com os lábios vaginais é a mesma coisa. O ideal seria aguardar para operar mais tarde, mas nos casos em que há uma hipertrofia significativa e que incomoda muito a menina, impacta na sua autoestima, a labioplastia é claramente benéfica e pode ser feita. A adolescência é um período crítico para o desenvolvimento da psique e ter a autoestima prejudicada, insegurança e bloqueio nas relações interpessoais, pode ter repercussões negativas para toda a vida”.

 

O procedimento

 

A ninfoplastia pode ser realizada utilizando tecnologias avançadas, como o laser e/ou a radiofrequência fracionada, e de forma privativa em consultório (sem necessidade de internação). O procedimento, simples e indolor, visa remover o excesso de pele dos pequenos lábios, deixando-os dentro dos grandes lábios.

 

“A recuperação costuma ser tranquila e maioria das mulheres retoma suas atividades normais em poucos dias”, afirma o médico. Nos primeiros dias após a cirurgia, podem surgir equimoses (roxos), hematomas ou pequenas deiscências (abertura de pontos), que geralmente se resolvem espontaneamente sem necessidade de intervenção adicional.”

 

Segundo Igor, complicações mais graves são extremamente raras, mas um problema potencial é a insatisfação com o resultado obtido. “Com o aumento expressivo da procura por essa cirurgia, muitos médicos começaram a fazer ninfoplastias sem ter um devido treinamento e experiência, então infelizmente têm aumentado muito o número de casos que ficam com uma deformidade estética causada por uma cirurgia inadequada - por exemplo a amputação dos pequenos lábios, cuja correção pode não ser possível”, alerta o especialista. “Uma cirurgia malfeita em adolescente pode agravar ainda mais o problema com a autoimagem e autoestima, então é preciso ter cuidado”, recomenda.

 

Resultados de pesquisas

 

Uma recente pesquisa brasileira, conduzida por Igor Padovesi no Instituto de Cirurgia Íntima e apresentada no último Congresso Mundial de Ginecologia Estética, realizado na Colômbia, comprovou que a cirurgia íntima é capaz de melhorar a autoestima e a autoimagem: 87,6% das mulheres entrevistadas relataram experimentar melhora na autoestima e uma relação mais positiva com o corpo após a cirurgia.

 

“Busco comprovar isso que a gente observa na prática, que tem um impacto para todas as mulheres, incluindo as mais novinhas, que têm muito constrangimento com a aparência da região íntima. A labioplastia tem um impacto positivo na autoestima e na relação da mulher com seu corpo”.

 

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia