A Polícia Civil de Uberaba, no Triângulo Mineiro, está investigando a morte de um homem de 39 anos ocorrida durante um ritual em um centro de umbanda na última sexta-feira (15/11). Segundo relatos, ele teria utilizado apenas rapé - pó tradicionalmente extraído de folhas secas de tabaco, antes de passar mal e morrer no local.
De acordo com o registro da Polícia Militar (PM), a vítima foi ao centro acompanhada da tia, que confirmou o uso do rapé no ritual. Um outro parente mencionou que o homem tinha histórico familiar de hipertensão - o que pode ter contribuído para a morte. Apesar das tentativas de reanimação realizadas por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ele não resistiu.
A causa exata da morte ainda depende dos laudos periciais, mas o caso destaca os riscos associados ao uso do rapé.
O que é rapé e como é usado?
O rapé é um pó fino obtido, em geral, a partir de folhas de tabaco (do gênero Nicotiana spp.), moídas e misturadas com outros elementos naturais, como cascas, sementes ou raízes. Dependendo de sua composição, o rapé pode ter efeitos fitoterápicos, como aumento do vigor físico e purificação do corpo, sendo utilizado por séculos por povos indígenas das Américas em rituais de cura e conexão espiritual.
O uso do rapé, descrito desde os primeiros contatos de europeus com povos originários, faz parte de cerimônias sagradas em diversas culturas indígenas, especialmente na Amazônia. Nessas práticas, o preparo do rapé segue rituais específicos e respeitosos, envolvendo rezas, cantos e conhecimentos ancestrais.
Em um episódio do Programa do Porchat, em 2016, o biólogo Richard Rasmussen falou sobre a cultura do rapé. "Nós vamos experimentar. Isso [rapé] é muito usado em rituais indígenas e no dia-a-dia deles". Além de usar, Richard propôs que Porchat experimentasse a sensação.
No entanto, ainda que a experiência tenha gerado risos, nos últimos anos, tem-se observado o uso indiscriminado do rapé fora de seu contexto original - voltado para um propósito medicinal e ritualístico, ao ser consumido de maneira recreativa ou sem orientação adequada.
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De acordo com a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), embora não produza fumaça, o rapé, assim como outros produtos derivados do tabaco, apresenta riscos significativos à saúde. Ainda, contém nicotina, substância altamente viciante, além de nitrosaminas específicas do tabaco, que são cancerígenas.
Um estudo realizado pelo Nacional Cancer Institute, apresentado no artigo “Smokeless Tobacco and Cancer: Questions and Answers”, aponta que o uso prolongado e frequente do rapé pode aumentar o risco de câncer na cavidade oral, afetando lábios, gengiva, maxilar e mucosas da boca.
Tabaco
Segundo especialistas, o tabaco é responsável por mais de 50 tipos de doenças e é a principal causa de morte evitável no mundo. Principal substância presente nos cigarros, narguilés e bidis - o tabaco está diretamente ligado ao tabagismo - reconhecidamente, uma doença crônica — resultante da dependência à droga nicotina (igualmente presente nos variados cigarros) - e um fator de risco para cerca de 50 doenças, dentre elas o câncer. E, o uso de seus derivados, mesmo sem combustão, pode ocasionar danos graves à saúde, incluindo doenças cardiovasculares.
Além de estar associado às doenças crônicas não transmissíveis, o tabagismo também é um fator de risco importante para o desenvolvimento de outras doenças, tais como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras doenças.
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